Beija-flor-de-costas-violeta, ave extraordinária e fascinante endêmica do Nordeste


 O beija-flor-de-costas-violeta (Thalurania watertonii) é ave endêmica da Mata Atlântica nordestina, encontrado em florestas húmidas nos estados de Pernambuco, Alagoas, Sergipe e, possivelmente, no extremo norte da Bahia.   É mais uma ave endêmica, ameaçada de extinção, do Centro de Endemismo Pernambuco.

Dimorfismo sexual é acentuado na espécie

O beija-flor-de-costas-violeta mede aproximadamente 13 centímetros de comprimento e pesa entre 3 e 5 gramas. A espécie apresenta dimorfismo sexual, os machos exibem um dorso de cor violeta brilhante, que contrasta com sua cabeça verde azulada, enquanto as fêmeas têm um dorso esverdeado mais discreto e partes inferiores cinza-esbranquiçadas.

Como outros beija-flores, o beija-flor-de-costas-violetas tem uma dieta baseada principalmente no néctar de flores. A espécie prefere flores tubulares e pendentes, que lhe permitem alcançar o néctar com seu bico longo e fino, adaptado para a sucção. Além do néctar, o beija-flor-de-costas-violeta também se alimenta de pequenos insetos e aracnídeos, que fornecem proteínas e outros nutrientes essenciais.

Espécie é de grande interesse para a conservação e pesquisa científica

O beija-flor-de-costas-violeta é uma espécie emblemática do Nordeste do Brasil. Sua coloração vibrante, comportamento ágil e distribuição geográfica restrita o tornam uma espécie de grande interesse para a conservação e pesquisa científica. A proteção desta ave e de seu habitat requer esforços coordenados e abrangentes, envolvendo unidades de conservação, programas de educação ambiental, ecoturismo e envolvimento comunitário. A preservação do beija-flor-de-costas-violeta é fundamental para a manutenção da biodiversidade e da riqueza natural do Nordeste brasileiro.

Distribuição restrita e crescente degradação do habitat são desafios na conservação do beija-flor

Infelizmente, o beija-flor-de-costas-violeta enfrenta desafios significativos em termos de conservação. Devido à sua distribuição restrita e à crescente degradação de seu habitat, a espécie é classificada como em perigo de extinção (EN) na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). A principal ameaça à sobrevivência desta ave é o desmatamento e a fragmentação das florestas úmidas da Mata Atlântica, causados principalmente pela expansão da agricultura, pecuária e urbanização. De acordo com a IUCN sua população estimada está entre 1.000 e 2.500 exemplares.

Aumento das unidades de conservação e envolvimento da população local podem aumentar a proteção do beija-flor-de-costas-violeta

No entanto, existem esforços em andamento para proteger e conservar o beija-flor-de-costas-violeta e seu habitat. O estabelecimento de unidades de conservação, como parques nacionais e reservas ecológicas, tem sido fundamental para preservar áreas remanescentes da Mata Atlântica e, assim, garantir a sobrevivência dessa espécie única.

Além disso, programas de educação ambiental e campanhas de conscientização têm sido implementados na região, buscando envolver a população local na proteção do beija-flor-de-costas-violeta e de seu ecossistema. O envolvimento das comunidades é essencial para garantir a conservação a longo prazo dessa espécie e de seu habitat, uma vez que ações locais podem contribuir significativamente para a preservação do meio ambiente.

Outra abordagem promissora para a conservação do beija-flor-de-costas-violeta é a promoção do ecoturismo e do turismo de observação de aves na região. Essas atividades podem gerar renda para as comunidades locais e incentivar a preservação do habitat dessa espécie, além de aumentar o interesse e o conhecimento sobre a biodiversidade do Nordeste brasileiro.

Presença do beija-flor-de-costas-violeta em unidades de conservação são sinal positivo na conservação da ave

As principais áreas protegidas onde o beija-flor-de-costas-violeta pode ser encontrado incluem uma série de unidades de conservação localizadas no Nordeste brasileiro, especialmente nos estados de Pernambuco, Alagoas e Sergipe. Algumas dessas áreas protegidas são: Estação ecológica Murici, em Alagoas; RPPN Pedra D’Antas e RPPN Frei Caneca, em Pernambuco; Refúgio de Vida Silvestre Mata do Junco, em Sergipe e a REBIO de Pedra Talhada que fica Pernambuco e Alagoas. Um dos habitats preferidos do beija-flor-de-costas-violeta é a Reserva Ecológica de Saltinho, em Pernambuco, situada entre os municípios de Rio Formoso e Tamandaré. Outra área em que pode ser avistado é o Parque Estadual de Dois Irmãos localizado numa área altamente urbanizada no município de Recife.

Projetos desenvolvidos pelas ONGs complementam o papel exercido pelos órgão governamentais na proteção da fauna

A SAVE Brasil e BirdLife International desenvolvem em regiões onde vive o beija-flor-de-costas-violeta o Projeto Mata Atlântica do Nordeste. O projeto é desenvolvido em Murici(AL) e na Serra do Urubu(PE) consideradas como “Áreas Importantes para a Conservação das Aves e da Biodiversidade” (Important Bird and Biodiversity Area – IBA) e portanto, prioritárias para a conservação. Essas duas áreas juntas abrigam 18 espécies de aves endêmicas e globalmente ameaçadas de extinção.

Essas áreas protegidas desempenham um importante papel na conservação do beija-flor-de-costas-violeta e de seu habitat, garantindo a preservação de áreas remanescentes de Mata Atlântica e proporcionando um ambiente adequado para a sobrevivência da espécie. Além disso, essas unidades de conservação também contribuem para a manutenção da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos, beneficiando não apenas o beija-flor-de-costas-violeta, mas toda a riqueza natural do Nordeste brasileiro.

Fontes: BirdLife International, WikiAves, Manual das Aves do Mundo Vivas, Avibase, Ornitolab, SAVE Brasil

 Fotos: Beija-flor-de-costas-violeta macho_by Alexandre Gualhanone e Beija-flor-de-costas-violeta fêmea_by IanThompson