A borboleta-da-restinga (Parides
ascanius), conhecida também como borboleta-da-praia ou rabo de
andorinha fluminense, é uma espécie notável, com asas negras adornadas por
uma faixa branca e uma mancha rubra característica nas asas posteriores, é
encontrada exclusivamente nas restingas paludosas, uma fitofisionomia
específica da Mata Atlântica, situada entre o litoral das cidades de Campos e o
de Mangaratiba, e no extremo sul do Estado do Espírito Santo. A presença desta
espécie é um indicativo da rica biodiversidade encontrada nas restingas, áreas
estas consideradas hotspots de biodiversidade e listadas como
prioritárias para a conservação.
Características e vulnerabilidades
no Ciclo de vida da borboleta-da-restinga
A história de vida da borboleta-da-restinga
revela particularidades intrigantes. Com uma expectativa de vida curta,
variando de duas semanas a um mês, os adultos possuem baixo poder de dispersão
e são facilmente encontrados tanto em seu habitat natural quanto em
borboletários. As larvas são monófagas, alimentando-se exclusivamente de
Aristolochia macroura, conhecida popularmente como jarrinha, uma planta
igualmente restrita aos habitats de restinga. Este hábito alimentar restrito
faz da espécie particularmente vulnerável às mudanças em seu ecossistema.
Declínio alarmante nas populações
da borboleta-da-restinga
Nos últimos anos, o número de
subpopulações de borboleta-da-restinga tem diminuído drasticamente. De
menos de 20 colônias relatadas em 1994, o número caiu para 8 a 12 em 2017.
Estudos em áreas protegidas, como a Reserva Biológica de Poço das Antas,
estimam subpopulações de apenas 10 a 50 indivíduos. Atualmente, a maior parte
das populações restantes estão em áreas pequenas e fragmentadas, com proteção
limitada ou inexistente, tornando-as extremamente vulneráveis à extinção.
Desafios Ambientais e a Ameaça
à Sobrevivência da borboleta-da-praia
A principal ameaça à
sobrevivência da borboleta-da-praia é a destruição sistemática de seu
habitat natural. A urbanização acelerada, incluindo a construção de
estradas e edifícios, drenagem de pântanos e supressão de vegetação, tem
fragmentado e reduzido significativamente as áreas de restinga. A elevação do
nível do mar, consequência das mudanças climáticas, agrava ainda mais a
perda de habitat. Além disso, a proximidade de áreas urbanas torna a espécie
suscetível à coleta ilegal, o que, juntamente com outros estressores,
contribui para a redução de suas populações.
Estratégias essenciais para a
conservação da borboleta-da-restinga
Diante desta crítica situação,
estratégias de conservação foram propostas, visando a preservação integral do
habitat das populações remanescentes. Estas estratégias incluem a recuperação
de habitats adjacentes às colônias maiores, o manejo de populações isoladas, a
promoção da conectividade entre populações conhecidas, a inclusão da espécie em
programas de educação ambiental e a criação em cativeiro para
reintrodução em áreas de ocorrência anterior. Estes esforços são cruciais para
garantir a sobrevivência desta espécie única, que já foi a primeira espécie de
inseto brasileiro a entrar na lista de espécies ameaçadas de extinção no
Brasil.
Fontes: PAN Conservação dos lepidópteros, Labor, Biological Diversity, Neotropical, Springer link, Fapesp, Instituto Clima, Lepidoptera Brasiliensis, O Eco, Biodiversitas
Foto: Borboleta-da-restinga_by Roberto Campello