Recuperação e desafios na conservação do tigre da Indochina no Sudeste Asiático


O tigre da Indochina (Panthera tigris corbetti), nativo das vastas florestas tropicais e subtropicais do sudeste asiático, enfrenta uma realidade preocupante. Uma vez o principal predador dessas regiões, agora ele está à beira da extinção, encontrando refúgio majoritariamente na Tailândia e em Mianmar. Este felino, caracterizado por suas listras pretas curtas e estreitas em uma pelagem laranja escura, diferencia-se de outras subespécies pela sua estatura - cerca de 20% menor que os tigres de Bengala - e pela especificidade do seu crânio.

Há cerca de 200 tigres da Indochina no sudeste asiático, a maioria na Tailândia

Atualmente, estima-se a existência de apenas 221 tigres da Indochina, distribuídos entre a Tailândia (aproximadamente 189) e Mianmar (22). A Tailândia, em especial, tem mostrado uma tendência crescente em sua população de tigres, com descobertas de novas populações em 2017 e 2019, fortalecendo o otimismo de duplicar seus números. Esta nação é vista como um pilar na conservação do tigre da Indochina, especialmente em comparação com outros países da região que, infelizmente, declararam o felino funcionalmente extinto, como Laos, Camboja e Vietnã.

Há duas populações viáveis dessa subespécie na Tailândia

Uma pesquisa realizada em janeiro de 2020 e publicada no periódico Conservation Biology revelou a essencialidade do Complexo Florestal Dong Phayayen-Khao Yai, situado no leste da Tailândia, que abriga uma das poucas populações reprodutoras restantes deste tigre no mundo. Este estudo, um esforço colaborativo de várias instituições, evidencia que, apesar das adversidades como a caça furtiva e a exploração ilegal de pau-rosa, a resiliência dessa espécie é notável. No oeste, perto da fronteira Tailândia-Mianmar, há outra população viável no Western Forest Complex - Thung Yai – Huai Kha Khaeng National Parks.


Caça furtiva, junto com a fragmentação do habitat são as principais ameaças à subespécie

Diversos desafios ameaçam a sobrevivência deste tigre. O rápido desenvolvimento e a fragmentação de seus habitats, agravada pela construção de estradas, têm reduzido seus territórios e os isolado em pequenos refúgios. Esta fragmentação também aumenta a vulnerabilidade à caça furtiva, motivada pela crescente demanda por partes do corpo do tigre, muito requisitadas na medicina tradicional e outros produtos. A existência de fazendas de tigres na Tailândia, Vietnã e China, que perpetuam a demanda por produtos deste felino, exacerbam o problema.

Há esforços conjuntos que buscam incrementar o número de tigres em 50% até 2026

No entanto, há esperança. Desde 2016, iniciativas como o "DPKY Tiger Recovery Project", liderado pela Estação de Pesquisa de Vida Selvagem Dong Phayayen-Khao Yai, buscam incrementar o número de tigres em 50% até 2026. Os primeiros resultados, colaborativos com instituições como a Freeland Foundation e a Panthera, são promissores, mostrando uma população estável e sinais de reprodução bem-sucedida.

Única possibilidade de sobrevivência do tigre da Indochina é a conservação in situ

A sobrevivência do tigre da Indochina depende da conservação in situ. Há somente 14 exemplares em cativeiro espalhados por vários zoológicos, o que inviabiliza a conservação ex situ devido à baixa variabilidade genética. Sem um programa de reprodução em zoológicos, perder esta subespécie significaria a extinção de sua genética, adaptações e características únicas. O comprometimento do governo tailandês, aliado ao empenho de ONGs e conservacionistas, tem sido crucial para a recuperação dos tigres na região. Com as condições adequadas, como presas suficientes, território seguro e patrulhamento rigoroso, estes majestosos felinos podem florescer novamente.

A situação mostra que a trajetória do tigre da Indochina é repleta de desafios, mas também de esperança e esforço coletivo. A Tailândia, em especial, é uma referência positiva no que tange a conservação deste felino, e sua dedicação pode ser o diferencial para impedir que esta magnífica subespécie desapareça.

Fontes: A-Z-Animals, Global Conservation, Endangered Tigers, Oryx, IUCN,National Geographic, WildLife Thailand, Wildlife SOS, CATSG/IUCN, Scientific Reports, Story Maps, Oxford Panthera, WildLife Friends Foudation 

Foto: Tigre da Indochina_by Paul Thompson e segunda foto: Tigre da Indochina_DNP_Freeland_Panthera