A chita ou guepardo (Acinonyx jubatus), é um dos felinos mais carismáticos e conhecidos de todos os grandes carnívoros. Sua distribuição histórica estendia-se da África à Ásia. Atualmente além de um pequeno grupo da subespécie Acinonyx jubatus venaticus que vive no Irã, a chita só é encontrada na África. Dos 32 países em que a chita foi relatada como historicamente presente, está extinta em pelo menos quatro deles, todos no norte da África, região onde vive o guepardo-do-noroeste-africano (Acinonyx jubatus hecki), criticamente ameaçado de extinção (CR) pela Lista Vermelha da IUCN.
A chita-do-Saara é um dos
predadores mais raros do mundo
O guepardo-do-noroeste-africano,
também conhecido como chita-do-Saara, atualmente é considerado como um
dos mais raros carnívoros do mundo. Sua distribuição varia do Saara
Ocidental e central e no Sahel
em pequenas populações fragmentadas. Neste século houve relatos de avistamentos
na República Centro-africana, Chade, Argélia, Mali, Benin, Burkina Faso e
Níger. É considerado o predador mais raro e ao mesmo tempo o mais
amplamente distribuído do planeta. Atualmente estima-se que existam 250
exemplares dessa subespécie no Saara.
A chita do Saara é
bastante diferente na aparência das outras chitas africanas. Sua pelagem
é mais curta e de cor mais pálida, quase branca com manchas que vão do preto na
espinha ao marrom claro nas pernas. Possuem cabeças menores e corpos mais
finos. O rosto tem poucas ou mesmo nenhuma mancha. Ela raramente atinge mais de
65 quilos de peso e geralmente fica perto de 40 quilos.
Uma das principais ameaças à
sua sobrevivência é a falta de presas nas regiões onde vive
É um animal solitário e
seminômade, sua maior dificuldade nas regiões saarianas onde vive é
encontrar presas para caçar. É mais ativa durante a noite, podendo permanecer
por longos períodos sem água, caso capture mamíferos frescos para obter o
líquido do sangue. A principal presa da chita-do-noroeste da África são
os antílopes que se adaptaram a um ambiente árido, como o addax ,
a gazela dorcas e a gazela dama . Alguns desses antílopes caçados
pela chita do Saara estão também em extinção sendo este um fator
importante que ameaça sua sobrevivência. Entre suas presas frequentes
encontram-se também coelhos, ovelhas e outras presas menores e fáceis de
capturar.
A chita-do-Saara reencontrada
na Argélia entusiasmou conservacionistas
Em 2020 naturalistas na Argélia
filmaram uma chita do Saara, que não eram vistas há dez anos. O animal
foi visto parque nacional Hoggar Mountains, no
vasto deserto ao sul do país. Em 2012 a IUCN estimou a população restante na
Argélia em apenas 37 indivíduos. Pesquisadores acreditam que as secas severas
sejam parcialmente responsáveis pela ameaça desta subespécie.
Essa espécie emblemática está
incluída no Projeto de Conservação de carnívoros do Saara
Atualmente o Guepardo-noroeste-africano
está incluído num projeto de conservação de carnívoros do Saara, o Saharan Carnivores
Project que é uma colaboração entre a Wildlife
Conservation Research Unit (Universidade de Oxford), o Sahara Conservation Fund, o Saint Louis Zoo e a Marwell Wildlife, com a
participação do Grupo de
Especialistas em Gatos, Canídeos e Hienas da IUCN SSC. É um projeto que foi
possível graças a um acordo entre o Fundo de Conservação do Saara e o Ministério do Meio Ambiente do Níger e a Direction de la
Faune, de la Chasse et des Aires Protégées.
Pesquisadores e conservacionistas defendem utilizar
a chita do Saara como uma “espécie emblemática” como forma de
incentivar a conservação de todo o seu ecossistema.
Fonte: Planeta,
Wells
Bring Hope, Oryx Cambridge
University Press, Science Alert, StringFixer, All Things Nature, WCSNews Room, MaghrebOrnitho
Foto: Chita-do-Saara_ OeBenin e segunda foto: ZSL