O quati-da-montanha-oriental (Nasuella meridensis) é uma espécie nativa e emblemática da Cordilheira de Mérida, na Venezuela. Este pequeno carnívoro, também conhecido por vários nomes comuns como quati-anão-oriental, raposa guache, paramero guache, quati andino, quati de Mérida e quati merideño, destaca-se por suas características morfológicas peculiares e seu habitat exclusivo nos ecossistemas andinos.
Na região onde vive a espécie
há três Parques Nacionais que ajudam na conservação do quati
A Cordilheira de Mérida, situada
no oeste da Venezuela e abrangendo a maior parte dos estados de Mérida,
Trujillo e Táchira, representa não apenas a cordilheira mais alta da Venezuela,
mas também o lar desta espécie. A importância dessa região é destacada pela
presença de três parques nacionais – Sierra de La Culata, Sierra Nevada e Juan
Pablo Peñalosa – que juntos abrangem a maior parte do habitat estimado do quati
anão-oriental.
Há quatro espécies de quatis
que vivem exclusivamente nas Américas
São reconhecidos quatro tipos de
quatis, dois do gênero Nasua e dois do gênero Nasuella. O quati Nasua narica,
de nariz branco, vive do Arizona ao Panamá, possuindo uma subespécie, o Nasua
narica nelsoni, que vice na ilha Cozumel, no México. O quati-de-cauda-anelada
(Nasua nasua) é encontrado desde a Colômbia até o norte da Argentina e
Uruguai e em boa parte do Brasil. O gênero Nasuella tem dois representantes. O quati-da-montanha-ocidental
(Nasuella olivácea) que ocorre nos Andes do oeste da Venezuela,
Colômbia, Equador e norte do Peru. E o quati-da-montanha-oriental (Nasuella
meridensis) que vive no norte da Venezuela, sendo endêmico deste país.
Há diferenças anatômicas
visíveis que ajudam a diferenciar o quati-da-montanha-oriental dos demais
Anatomicamente, o Nasuella
meridensis se diferencia dos outros quatis por seu rosto alongado, nariz
longo e elevado, e uma cauda peluda com tons claros e escuros intercalados.
Além disso, possui 40 dentes pequenos, adequados para sua dieta omnívora, que
inclui insetos, aracnídeos, vegetais e frutas. Sua habilidade em descer de
árvores de cabeça para baixo é facilitada por membros anteriores fortes e
tornozelos reversíveis, enquanto sua longa cauda auxilia no equilíbrio durante
a escalada.
Há características distintas
observáveis ente o quati de Mérida e o Nasuella olivacea
O quati de Mérida é um
animal de pequeno porte, com um comprimento corporal variando entre 430-540 cm
e uma cauda de 192-300 cm, excedendo o tamanho do seu parente próximo, o quati
da montanha ocidental (N. olivacea). Sua pelagem marrom-oliva com
tons avermelhados no dorso e mais claros nos flancos, além de orelhas pequenas
e arredondadas, são algumas de suas características distintas.
Espécie é encontrada
exclusivamente na região dos Andes venezuelanos
Distribuído exclusivamente na
região biogeográfica dos Andes venezuelanos, o Nasuella meridensis é uma
espécie com uma distribuição limitada e altamente fragmentada. A sua presença é
improvável fora desta área devido às suas preferências de habitat específicas e
características geográficas do sistema orográfico andino. O quati é encontrado
em altitudes entre 2.400 e 4.250 metros, em ecossistemas como florestas
nubladas de alta montanha e paramos que constituem o principal habitat da
espécie sendo típica dos ambientes andinos, sobrevivendo em condições climáticas
extremas, onde diariamente ocorrem amplos intervalos de variação térmica.
Quati-da-montanha-oriental
enfrenta inúmeras ameaças
Infelizmente, esta espécie
enfrenta sérias ameaças, principalmente devido à atividade humana. A
transformação e fragmentação de seus habitats naturais para uso agrícola têm
sido as principais causas de sua vulnerabilidade. Embora muitas das florestas
nubladas nos Andes estejam localizadas dentro de áreas protegidas, outras
enfrentam pressões de desmatamento, sendo substituídas por pastagens para gado.
Ademais, a caça e a presença de cães selvagens em algumas áreas silvestres do
estado de Mérida representam outros riscos significativos para a sobrevivência
da espécie. As estradas constituem outro fator de ameaça, onde costumam ocorrer
atropelamentos de quatis. A pressão da caça é considerada um fator
preocupante na conservação da espécie, pois é caçado por diversos motivos: por
ser considerado uma praga nas plantações de batatas, pelo aproveitamento de sua
carne e pele, para uso de partes de seu corpo como afrodisíaco, além do uso da
gordura para aliviar dores musculares.
Populações da espécie são baixas em número e densidade
A situação atual do Nasuella
meridensis é preocupante. Considerado como ameaçado de extinção, suas
populações são naturalmente baixas em número e densidade. A cobertura vegetal
dos Andes, composta por um mosaico de florestas, matagais, savanas e paramos,
está em constante mudança devido ao uso da terra para fins agrícolas, colocando
pressão adicional sobre a espécie.
Para a conservação do quati de
Mérida, a proteção efetiva de sua área de distribuição é crucial. Embora
aproximadamente 60% de sua área de ocupação potencial esteja localizada dentro
dos limites dos parques nacionais mencionados, atividades locais nas áreas
periféricas ainda representam ameaças. Consequentemente, esforços de
conservação devem ser intensificados para garantir a sobrevivência desta
espécie única da Cordilheira de Mérida.
Educação ambiental e
envolvimento das comunidades locais na preservação são fundamentais para salvar
da extinção a espécie
A continuação dos esforços de
conservação é vital para a sobrevivência do quati-da-montanha-oriental.
Isso inclui não apenas a proteção e o manejo adequado das áreas protegidas, mas
também a conscientização e o envolvimento das comunidades locais na
preservação de seu habitat. A educação ambiental e a pesquisa contínua
são fundamentais para entender melhor as necessidades ecológicas desta espécie
e os impactos das atividades humanas em seu ambiente.
Sem dúvida, o quati-da-montanha-oriental
(Nasuella meridensis) é uma espécie emblemática e crucial para a
biodiversidade da Cordilheira de Mérida. Sua preservação é um indicador
significativo da saúde dos ecossistemas andinos e um testemunho do equilíbrio
necessário entre o desenvolvimento humano e a conservação da natureza. É fundamental
que esforços contínuos sejam feitos para proteger este animal único, garantindo
sua sobrevivência no ambiente natural.
Fontes: El
Impulso , Alchetron, Haiman el
Troudi, World
Coati Day, Academic-accelerator, Sandiego Zoo Wildlife
Alliance, Libro
rojo de la fauna venezoelana,
National
Geographic, TreeHugger
Fotos: Quati-da-montanha-oriental_Carnivore World e Quati-da-montanha-oriental_VetVlog