Bugio-marrom-do-norte é um dos macacos mais criticamente ameaçados do mundo


Considerado como um dos 25 primatas mais ameaçados do mundo pela IUCN, o bugio-marrom-do-norte (Alouatta guariba guariba) também conhecido como guariba-ruivo-do-norte, é uma subespécie de bugio endêmica do Brasil, que ocorre no bioma Mata Atlântica no Sul da Bahia, extremo nordeste de Minas Gerais e extremo norte do Espírito Santo

Uma característica marcante do grupo é a cor intensa da pelagem, que varia entre o marrom e o ruivo. Seu comprimento pode variar entre 30 a 75 cm. Os bugios-marrons-do-norte são conhecidos pelos rugidos altos que podem ser ouvidos a pelo menos 1,6 quilômetros de distância. Vivem no topo das árvores em pequenos grupos sociais, de 3 a 15 indivíduos, sempre liderados por um macho que são maiores que as fêmeas.  A cauda longa é preênsil; a parte inferior próxima à ponta é desprovida de pelos, o que permite que ele possa se pendurar pelo rabo enquanto se alimenta. Os bugios-marrons-do-norte comem principalmente folhas e frutos de uma grande variedade de árvores, arbustos e cipós. Mas também consomem caules, botões, flores, sementes e musgo.

O bugio-marrom-do-norte é um dos 25 primatas mais ameaçados de extinção do mundo

O estudo “Primatas em Perigo” (Primates in Peril, no original) é publicado a cada dois anos desde o ano 2000 por uma parceria entre Primate Specialist Group (PSG) da IUCN com a Global Wildlife Conservation e a International Primatological Society (IPS) e relaciona os 25 primatas mais ameaçados de extinção do mundo.  O bugio-marrom-do-norte está incluído nessa lista desde 2012 e confirmado na mais recente publicação de 2028-2020.

Com uma população remanescente de apenas 250 indivíduos, espalhada em menos de 10 localidades com ocorrência confirmada, o Alouatta guariba guariba, hoje, sua população se concentra no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais.  Nenhuma das subpopulações do bugio tem mais de 50 indivíduos adultos.

Ameaça de extinção é devido, principalmente, à degradação e fragmentação do habitat

A União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) avaliou o estado de conservação deste macaco como criticamente ameaçado de extinção (CR). Isso se deve ao seu alcance limitado, restrito a uma área muito reduzida; a extração de madeira para dar lugar à pecuária, a fragmentação da floresta, à caça furtiva e a degradação do habitat pelas queimadas. Uma das principais culturas que são plantadas em áreas onde esse animal vive são os eucaliptais para produção de celulose. E, nesse tipo de árvore os bugios não conseguem viver.  

O bugio-marrom-do-norte é encontrado em algumas unidades florestais de três Estados

Uma das principais populações do bugio-marrom-do-norte está na Reserva Biológica da Mata Escura, situada nos municípios de Jequitinhonha e Almenara, no Estado de Minas Gerais. O problema é que esta reserva está próxima a assentamentos rurais e sujeita a extração ilegal de madeira, caça e aumento da incidência de incêndios florestais. Estas ameaças aumentam o risco de sobrevivência da subespécie. Outras reservas em Minas Gerais onde bugio-marrom-do norte ocorre são: Estação Ecológica  Mata dos AusentesParque Estadual do Rio Doce . No Estado do Espírito Santo sua ocorrência está na Reserva Biológica Córrego do Veado. Reserva Biológica Córrego Grande e Reserva Biológica Sooretama e finalmente na Bahia: RPPN Estação Veracel e no Parque Nacional do Alto Cariri.

Grupos isolados correm risco de perda da diversidade genética

A multiplicidade de grupos isolados do bugio-marrom-do-norte é um problema para sua sobrevivência, pois a tendencia é o aumento da endogamia nessas subpopulações e diminuição de sua diversidade genética. O modo de amenizar o problema é intensificar ações para aumentar a comunicação entre os diversos grupos com a criação de corredores de fauna onde isso for possível. Outro modo é a captura de alguns indivíduos e a criação em cativeiro com o controle genético e a posterior soltura para aumentar a diversidade genética das subpopulações mais isoladas.

Fonte: ICMBio, Ciência à Bessa, Amda, OEco, Global WildLife, Folha de Pernambuco, Suzano, ANDA, Istoé dinheiro, Veja 

Foto: Bugio-marrom-do-norte_ Leonardo Gomes Neves