Leopardo-persa, o maior dos leopardos, sobrevive em pequenas populações

A maior das subespécies de leopardos, o leopardo persa (Panthera pardus tulliana ou Panthera pardus ciscaucasica e Panthera pardus saxicolor), também conhecido como leopardo caucasiano ou leopardo da Ásia Central, leopardo da Anatólia ou leopardo iraniano, teve seus números em constante declínio durante a maior parte do século XX. A distribuição desta subespécie cobre as montanhas do Cáucaso (leste da Turquia, sul da Rússia, Azerbaijão, Armênia, Daguestão e Geórgia). Também é encontrado no Iraque, norte do Irã, Afeganistão, Turcomenistão, Tadjiquistão e Uzbequistão. Recentemente (2020) foi registrado no Cazaquistão e no Paquistão.

Leopardos-persa se espalham por 15 países, a maioria com pequenas subpopulações da subespécie.

As subpopulações do leopardo-persa apresentam densidade muito baixa, o que exige um esforço maior em sua conservação para se atingir populações sustentáveis (em torno de 50 exemplares) em cada região. Sua população estimada atualmente é de 871-1290 indivíduos assim distribuídos: Irã (550-850), Afeganistão (200-300), Turcomenistão (78-90), Iraque (25), Armenia (10-13), Azerbaijão (10-13), Sul da Rússia (10), Geórgia (5), Turquia (5), Nagorno-Karabakh (2-4) e com população desconhecida no Paquistão, Tajiquistão, Uzbequistão e Cazaquistão.

O maior dos leopardos enfrenta várias ameaças à sua sobrevivência

O leopardo-persa habita uma variedade de habitats diferentes. Eles vivem principalmente em habitats montanhosos remotos que podem variar de áreas secas e áridas a regiões florestais e até mesmo se estender para cadeias de montanhas nevadas. Seu habitat está sujeito à fragmentação e ao isolamento e também enfrentam uma variedade de outras ameaças em toda a sua distribuição. Estas incluem a redução de espécies de presas através da caça furtiva, perda de habitat causada pelo desmatamento e pastoreio excessivo pelo gado, conflito com proprietários de gado, desenvolvimento de infraestruturas, forte presença militar e fortificação de fronteiras e sendo caçados como troféus ou para o comércio de peles.

O leopardo-persa é relativamente grande. O comprimento médio do corpo é 1,58 cm, e a cauda com 94 cm. O comprimento total médio (incluindo a cauda) é de 2,60 cm. Seu peso médio é de 64 cm, sendo que os maiores machos podem chegar até 90 kg. Possui uma pelagem de cor clara e padronizada por rosetas. Eles variam na coloração; indivíduos mais pálidos e escuros são encontrados no Irã.

A dieta do leopardo-persa é variada predominando mamíferos de pequeno à médio porte, incluindo a cabra selvagem, carneiros, porcos selvagens, veados e gazelas. Eles, às vezes, atacam o gado, especialmente onde a presa natural está escassa. Sua dieta também inclui répteis e aves. Eles também se alimentam de outros predadores, como cães e raposas.

A maior concentração de leopardos-persa está no Irã

No Irã, que detém a maior população dessa subespécie de leopardo, as principais ameaças são distúrbios de habitat seguidos por caça ilegal e excesso de gado nos habitats do felino. As chances de sobrevivência dos leopardos fora das áreas protegidas são muito pequenas. A condição de seca intensiva em grandes áreas de habitats do leopardo nos últimos anos está afetando suas principais espécies de presas, como cabras e ovelhas selvagens. Avaliações recentes sobre a taxa de mortalidade do leopardo persa no Irã revelaram que 70% das mortes por leopardo de 2007-2011 foram resultado de caça ilegal ou envenenamento e 18% devido a acidentes rodoviários.

Vários países desenvolvem ações para conservação do leopardo-persa

Esforços de conservação estão em andamento para conter a queda e restaurar sua população. Na Rússia se desenvolve um projeto de reintrodução dos leopardos-persas. No dia 15 de julho de 2016 foram reintroduzidos três exemplares nascidos no Centro de Reprodução e Reintrodução de Leopardos no Parque Nacional de Sochi, na Rússia. Esta é a primeira tentativa de reintrodução desta espécie no país e tem como objetivo reverter o processo de extinção do animal.

Em maio de 2020 um par de leopardos-persas raros foram avistados no Paquistão pela primeira vez na natureza, foram filmados e fotografados, confirmando a sua existência na região. As autoridades paquistanesas e organizações conservacionistas locais estudam a adoção de medidas para proteger o habitat da espécie.

Em 2002 o Ministério Armênio do Meio Ambiente lançou um Projeto de Conservação de leopardos na Armênia, em colaboração com a filial armênia local do World Wildlife Foundation (WWF) e com apoio financeiro estrangeiro do WWF na Suíça e na Alemanha. Para garantir que os esforços de conservação do leopardo continuem na Armênia, o WWF desenvolveu e lançou o Plano de Ação Nacional de Conservação do Leopardo 2020-2030 junto com várias organizações parceiras. O trabalho tem obtido resultados satisfatórios, pois, além da ampliação de seu habitat, a base alimentar do leopardo caucasiano – a população de cabras bezoar – também aumentou, chegando a mais de 3.000 indivíduos, sendo esse um dos motivos para a fixação do leopardo-persa na região e se reproduzindo com sucesso.

Registros de leopardo-persa tem sido feito em locais em que pensava-se estar extinto

Em agosto de 2021 equipes do WWF e do NACRES registraram as primeiras fotos do leopardo-persa na Geórgia desde 2009, provando que a espécie ainda existe na região. A descoberta foi realizada dentro do Programa de Conservação de Leopardos no Sul do Cáucaso que emprega abordagens inovadoras para apoiar o restabelecimento a longo prazo das populações de leopardos, concentrando esforços em áreas-alvo na Armênia, Azerbaijão e Geórgia.

No Iraque pensava-se que o leopardo-persa estava localmente extinto. No entanto, pela primeira vez, no Curdistão iraquiano, foram registradas fotografias de leopardos-persa em 2011, fato que se repetiu em anos subsequentes. Em 2021 foram registradas fotos de seis leopardos diferentes na região. O tamanho exato da população é desconhecido, mas estima-se que seja entre 20 e 25 indivíduos. Estão em andamento estudos liderados pela organização conservacionista Nature Iraq para o estabelecimento de uma área protegida em Qara Dagh,no norte do Iraque, para salvaguardar os exemplares restantes do leopardo-persa que servirão como espécie guarda-chuva possibilitando a proteção do ecossistema essencial para proteger outros animais e plantas ameaçados de extinção. A caça furtiva causa problema para a conservação do leopardo no Iraque, em 2020, por exemplo, foram mortos dois animais por caçadores. Considerando a pequena população de leopardos-persas, a morte de cada indivíduo é crítica para sobrevivência da espécie.

Fonte: Regional Post, World Land Trust, Leopard in the South Caucasus, Eol, Tehrantimes,MBZ, Earth Island, Tehrantimes, Eoca, Yahoo News, Animal Reader, WWF, Caucasus Nature Fund, Animal Spot, Catsg-IUCN, Russia Beyond, Holarctic bridge

Foto: Leopardo-persa no Azerbaijão_WWF