A surpreendente redescoberta da toupeira-dourada de Winton e seu impacto na conservação


 A toupeira-dourada de Winton (Cryptochloris wintoni), um mamífero pequeno e esquivo, tem capturado a atenção de cientistas e conservacionistas após sua recente redescoberta na África do Sul. Esta espécie, considerada quase extinta e não avistada desde 1936, representa um caso intrigante de resiliência e mistério na natureza.

Habitat e comportamento da espécie dificultam sua localização

A toupeira-dourada de Winton habita principalmente praias arenosas e matagais áridos, preferindo viver em tocas subterrâneas. Sua pelagem dourada iridescente, resultado de secreções oleosas, facilita seu movimento nas dunas de areia, um método de locomoção que se assemelha a “nadar”. Esta espécie é notável por sua visão reduzida, dependendo principalmente de sua audição altamente sensível para navegar sob a areia, utilizando som e vibração. Este estilo de vida subterrâneo e a preferência por habitats específicos tornam sua detecção extremamente desafiadora.

Entre os desafios da conservação da toupeira-dourada de Winton está a mineração de diamantes

Classificada pela IUCN como “criticamente ameaçada”, a toupeira-dourada de Winton enfrenta ameaças significativas, principalmente devido à transformação do habitat pela mineração aluvial de diamantes, especialmente em sua localidade-tipo em Port Nolloth, na costa oeste da África do Sul. A mineração não só altera o habitat natural da espécie, mas também restringe sua distribuição geográfica.

A redescoberta da espécie ocorreu devido a avanços tecnológicos na detecção de DNA ambiental

A redescoberta da toupeira-dourada de Winton é um marco na conservação de espécies. Utilizando uma combinação de técnicas inovadoras, incluindo o uso de um cão farejador e a análise de DNA ambiental (eDNA), pesquisadores do Endangered Wildlife Trust (EWT) e da Universidade de Pretória localizaram esta espécie na costa oeste da África do Sul. O eDNA, que inclui material genético como pele, cabelo, e fluidos corporais, forneceu uma ferramenta crucial para detectar a presença do animal sem a necessidade de observação direta ou captura. A expedição dos pesquisadores foi patrocinada pela Re: Wild.

Futuro da conservação da espécie depende de vários fatores incluindo a conscientização da comunidade

A redescoberta da toupeira-dourada de Winton não só revitaliza a esperança para a conservação desta espécie, mas também destaca a importância de métodos inovadores de pesquisa em conservação. Desde a pesquisa inicial em 2021, foram encontradas mais quatro populações da espécie, indicando uma comunidade provavelmente próspera em torno de Port Nolloth. No entanto, a falta de proteção legal desta área e a contínua ameaça da mineração de diamantes, em grande escala, enfatizam a urgência de esforços de conservação. Estes esforços incluem a conscientização da comunidade, o relato de avistamentos e a criação de uma área protegida onde vive a espécie.

A história da toupeira-dourada de Winton é um lembrete poderoso da resiliência da vida selvagem e da importância da pesquisa e conservação contínuas. Representa um exemplo emblemático de como a ciência e a inovação podem contribuir significativamente para a conservação de espécies ameaçadas.

Fontes: Canaltech, Biodiversity and Conservation, IFLSCIENCE, Endangered Wildlife Trust, Mongabay, The Guardian, Voa Africa, EuroNews

 Fotos: Toupeira-dourada de Winton_by JP Le Roux e segunda foto: Toupeira-dourada de Winton_ by Nicky-Souness