O urso polar (Ursus maritimus), é
encontrado em toda a região ártica e inclui o território de cinco nações:
Dinamarca (Groenlândia), Noruega (Svalbard), Rússia, Estados Unidos (Alasca e
Canadá. Essas cinco nações são signatárias do Acordo
Internacional sobre a Conservação dos Ursos Polares. É o maior carnívoro terrestre.
Há várias ameaças ao urso polar que o tornam uma espécie vulnerável
à extinção
Estima-se que entre 22.000 a 31.000 ursos polares
vivam na natureza em 2020. A espécie está classificada na Lista Vermelha da
IUCN como espécie vulnerável
(VU), com oito das vinte subpopulações em declínio. Entre as ameaças que
atingem o urso estão o desenvolvimento da região com a exploração de
petróleo e gás natural, contaminação por poluentes, caça predatória
e efeitos da mudança climática no habitat. Mortes de ursos polares são também
são causadas por humanos que caçam os animais provocadores de problemas perto
de assentamentos, pois são conhecidos por atacarem as pessoas. Os ursos
polares também são caçados pelo povo Inuit por suas peles, gordura e carne para
consumo.
Há estratégia para a conservação do urso polar envolvendo
todos os países onde habita
A mais importante estratégia para a conservação do urso
polar é um plano de cooperação de 10 anos entre os Estados que estão na
faixa de existência do animal denominado Plano de Ação Circumpolar dos Estados da Faixa (2015-2025) e que foi
adotado em 2015. Nesse plano de ação sete ameaças
principais foram identificadas como já impactando, ou com maior probabilidade
de impactar o urso polar e seu habitat durante a vigência do acordo. Essas
ameaças são abordadas no Plano de Implementação 2020-2023 com o objetivo de evitar efeitos negativos de longo
prazo para os ursos polares. Essas ameaças são: mudança climática,
mortalidade causada por humanos, exploração e desenvolvimento de
recursos minerais e energéticos, contaminantes e poluição, navegação,
atividades relacionadas ao turismo e doenças e parasitas.
O maior
problema enfrentado atualmente pelo urso polar é o aquecimento global
Um dos maiores problemas para os ursos polares é a
influência do aquecimento global como fator que continua a reduzir a
cobertura de gelo marinho do Ártico, que é o principal habitat da espécie. O
habitat de gelo marinho dos ursos está desaparecendo em um ritmo alarmante, com
o extremo norte aquecendo até quatro vezes mais rápido que o resto do mundo. O gelo
do mar tornou-se menos espesso e está se quebrando no início da primavera,
bem como congelando no final do outono. Os ursos dependem do gelo para procurar
focas, se movimentarem e se reproduzirem
Ao perderem o acesso à sua dieta comum de focas, eles se
tornam cada vez mais dependentes de outros tipos de alimentos, como carcaças de
baleias, ovos de aves marinhas e renas. Cientistas mostram evidências de que o
declínio na cobertura de gelo do mar forçou esse predador a passar mais tempo
procurando ovos de aves marinhas, que são alimentos de menor qualidade que
exigem maior esforço para serem obtidos. Dadas as ameaças crescentes à
espécie, as previsões indicam que as populações de ursos polares terão
diminuído em um terço até o ano de 2050. E sem ação sobre a mudança
climática, poderá haver a perda de quase todas as populações de ursos
polares até o final do século.
Descoberta de nova população de ursos polares na Groenlândia causou grande impacto no mundo científico
Até recentemente, acreditava-se que os ursos polares
sobreviviam principalmente em águas marinhas cobertas de gelo. No ano de 2022
uma nova descoberta surpreendente impactou o mundo científico. Uma nova
subpopulação de ursos polares foi descoberta no sudeste da Groenlândia.
Os cientistas ficaram surpresos ao descobrir que o grupo é capaz de sobreviver
por mais tempo do que se pensava ser possível sem gelo marinho, eles vivem e
caçam em meio aos fiordes da região, onde o gelo glacial se derrama da terra e
flui para a água do mar.
Nova população descoberta é geneticamente diferente dos
demais ursos polares
Essa nova população de ursos polares foi descoberta no
sudeste da Groenlândia, que fica livre de gelo marinho na maior parte do ano (a cobertura de
gelo marinho dura apenas cerca de 100 dias por ano). Nessa situação os ursos da
região parecem não precisar tanto gelo quanto se pensava anteriormente. A
descoberta publicada na revista Science de junho de 2022 indica que uma subpopulação
geneticamente diferente de ursos polares se adaptou à vida fora do gelo. A equipe de pesquisadores encontrou
cerca de algumas centenas de ursos vivendo em geleiras perto de Skjoldungen-Timmiarmiit. Evidências de DNA sugerem que esses
ursos são tão geneticamente e geograficamente diferentes de seus vizinhos de
gelo que constituem a 20ª subpopulação dos 26.000 ursos polares que existem em
todo o mundo. Foi determinado que esta subpopulação é a população
geneticamente mais isolada de ursos polares do planeta.
Cientistas recomendam cautela ao associar as condições de
sobrevivência da nova subpopulação descoberta com as condições vividas pelos
demais ursos polares.
Segundo os cientistas que fizeram a descoberta, no entanto
esses ursos não estão prosperando. Eles se reproduzem mais lentamente, são
menores em tamanho. Mas estão sobrevivendo. Essa subpopulação de ursos
polares traz um vislumbre de esperança, já que as condições da região são
semelhantes às condições climáticas esperadas no norte do Ártico na virada do
século, se o aquecimento global não puder ser interrompido. Este pequeno grupo
geneticamente distinto de ursos pode lançar luz sobre como os ursos
polares como espécie podem persistir em um Ártico sem gelo. No entanto,
cientistas recomendam prudência ao extrapolar as condições em que vivem esta
nova subpopulação para outras regiões, porque o gelo da geleira que possibilita
a sobrevivência dos ursos do sudeste da Groenlândia não está disponível na
maior parte do Ártico.
Fontes: Made for Minds, BBC, The Guardian, National Geographic, CNN, Oceanographic, CBS, Nature, NPR, The Indian Express, Polar Bear Range States, The Weather Network, CNA, AP News, Defenders of Wildlife, Canadian Geographic, EuroNews, Carbon Brief, Frontiers, UW News, Science, Smithsonian Magazine, Discovery, Japan Times, Polar Bears International , Earth Observatory, Natural History Museum, NBC News, Discover Magazine
Foto: Urso Polar_by Nelson Liu e segunda foto_Fêmea com dois filhotes_by Henry H. Holdsworth