Uacari da Neblina vive em uma área muito restrita entre Brasil e Venezuela


Descrito somente em 3 de junho de 2018 na publicação científica International Journal of Primatology , há 14 anos, o uacari da neblina (Cacajao hosomi) desde então tem sido pouco estudado, havendo raras pesquisas sobre a espécie. Também é conhecido como uacari-da-cabeça-preta e chucuto negro (na Venezuela). Seu nome é uma referência ao Pico da Neblina, que é o centro de sua distribuição geográfica.

Uacari da neblina vive em grande parte em áreas protegidas da Amazônia brasileira e venezuelana

É um dos primatas menos conhecido da Amazônia, com uma distribuição geográfica muito restrita. É encontrado no noroeste da Amazônia brasileira e sul da Amazônia Venezuelana, tendo como aspecto positivo que grande parte de sua distribuição está em áreas protegidas como o Parque Nacional do Pico da Neblina e a Reserva Biológica Morro dos Seis Lagos, no Brasil e na Venezuela o  Parque Nacional Serranía de la Neblina. Também é encontrado nas  terras indígenas de Balaio e Yanomani. Sua área de ocorrência é delimitada a sul e Oeste pelo rio Negro (Brasil e Venezuela) e a leste pelo Rio Marauiá (Brasil), e pelo canal Cassiquiare e Rio Orinoco (Venezuela) ao Norte.

Espécie tem cor preta predominante em todo corpo com alguns pontos castanho-avermelhados

Os uacaris da neblina atingem um comprimento de cabeça-corpo de 42-49 cm e um comprimento de cauda de 14-22 cm. O peso é de cerca de 3-4,5 kg, sendo os machos ligeiramente mais pesados que as fêmeas. O rosto preto sem pelos e os cabelos pretos no resto da cabeça são característicos da espécie. A pelagem também é preta nos ombros, braços e pés, enquanto a parte inferior das costas, quadris e cauda são castanho-avermelhados.

O uacari da neblina é exclusivamente arborícola, nunca descendo ao solo

A espécie é exclusivamente arborícola, habitando diferentes tipos de florestas de baixada, serra e cerrado. Vive em grupos de 35 a 100 indivíduos de ambos os sexos e se movem sazonalmente dependendo da disponibilidade de seu alimento preferido. O alimento, principalmente sementes imaturas, mas também frutos, folhas e artrópodes, é procurado tanto na copa quanto no sub-bosque, mas não no solo.

Pressão da caça ainda é um dos grandes problemas na conservação do uacari da neblina

Entre suas principais ameaças está o desmatamento e a caça indiscriminada. Há estimativas que apontam que a espécie diminuiu pelo menos 30% nos últimos 30 anos (três gerações) principalmente devido à caça. No sul da Venezuela a espécie sofre extinções locais decorrente de caça predatória.  No Brasil a espécie é consumida pelos Yanomanis e por ribeirinhos e garimpeiros da região. Embora o consumo Yanomami de primatas e outras presas possa ter sido sustentável no passado, o advento dos assentamentos permanentes e o subsequente aumento populacional e o uso de espingardas estão afetando drasticamente o número de animais perto das aldeias indígenas. Os uacaris, em áreas em que outrora eram abundantes, como ao longo do rio Maturacá, hoje são visão rara. A pressão da caça é a principal causa do declínio das populações do uacari da neblina.

Vivendo na região transfronteiriça do Pico da Neblina pode servir como espécie-bandeira dessa área

A maior população da espécie está na área de conservação transfronteiriça Pico da Neblina, que consiste em uma das maiores áreas protegidas da América do Sul com um total de 3.560.000 hectares (2.200.000 ha no Brasil e 1.360.000 ha na Venezuela), devido a essa localização o uacari da neblina está numa situação pouco melhor em termos de conservação. Sendo um mamífero de médio porte restrito à essa área transfronteiriça da Neblina, ele pode ser utilizado na conservação da região como espécie-bandeira, facilitando angariar mais apoio para a conservação da biodiversidade da região.

Fonte: Extinción Animal, UC.Socioambiental, Tese Universidade de Brasília, Animals.Fandom, Zootier-lexicon, Wikidat, G1Globo, Instituto Claro, IUCN/SSC Primate Specialist Group 

Fotos:Uacari-da-neblina_by Radanadungelova