Maior lagarto do mundo e poderoso predador, o dragão de komodo (Varanus komodoensis) é encontrado somente nas ilhas da Indonésia, Komodo, Flores, Rinca, Gili Motang, Gili Dasami e Nusa Kode. É um animal que pode crescer até 3,5 metros e pesar de 80 a 140 kg, sendo os machos maiores que as fêmeas. Os dragões de Komodo são reverenciados como um dos tesouros nacionais da Indonésia.
O
dragão de Komodo tem um corpo pesado, pernas atarracadas e arqueadas e
uma cauda longa e musculosa. Eles têm uma cabeça longa e achatada com focinho
arredondado e dentes afiados e serrilhados. Seus corpos são uniformemente
cobertos por escamas ásperas. Tem cor predominante marrom-acinzentada. É um
animal territorial que vive solitário, exceto na época de acasalamento.
Dragões
de komodo são lagartos inteligentes que estabelecem estratégias de caça
Os dragões de Komodo caçam
durante o crepúsculo, até o cair da noite. Durante o dia, quando o sol está
mais quente, fica inativo, tomando banho de sol para regular sua temperatura
corporal. São lagartos inteligentes, pois podem desenvolver novas habilidades
de caça aprendendo com a experiência. Quando caçam escondem-se, usando a
surpresa para atacarem suas presas. Caçam em grupos as presas maiores,
utilizando o olfato e podendo correr até 20 km/h em curtas distâncias. Eles não
apenas se movem rapidamente em terra, mas também são excelentes nadadores.
Embora pesado e atarracado o
dragão de komodo nada com agilidade e sobe em árvores
Este lagarto além de nadar com
facilidade sobe em árvores. Vivem em tocas com até 3 metros abaixo da
superfície. Cavam essas tocas em leitos de rios, colinas, lugares onde podem se
esconder e perseguir suas presas. Podem ver até uma distância de 300 metros, no
entanto a visão noturna é muito ruim. A audição é bastante fraca, sendo
improvável que ouçam sons agudos. O olfato é muito bom, podendo sentir cheiro
de carniça a mais de 6 quilômetros de distância. Os dragões de komodo
adultos apresentam uma cor marrom uniforme.
O grande lagarto é um predador
versátil e perigoso para os humanos
Este enorme réptil é carnívoro e
um predador versátil, de alimentação variada que inclui, desde veados, javalis,
porcos e cabras até pequenos pássaros e outros répteis. É um animal perigoso
para os humanos, há vários relatos de ataques mortais em sua maioria
moradores locais que vivem perto dos parques nacionais. Eles podem comer até
80% do peso e depois vão para um local ensolarado para acelerar a digestão.
Como vivem em áreas secas, obtém líquido pelos alimentos que consome. Podem
sobreviver, se alimentando apenas uma vez por mês com presas maiores. Se não
encontrar grandes presas sobrevivem comendo presas menores.
Mordida do dragão de komodo é
mortal pela existência de veneno
A mordida do dragão de komodo
é extremamente perigosa por dois motivos: por um lado, sua saliva abriga mais
de 50 cepas bacterianas que podem gerar infecções letais e, por outro lado,
possui um veneno que produz alterações na coagulação do sangue, levando a
hemorragias e reduzindo a pressão arterial de suas presas. Se a mordida inicial
não derrubar sua presa, o dragão seguirá atrás de sua vítima moribunda,
esperando que o veneno eventualmente a derrube.
Fêmeas do dragão de komodo
conseguem gerar ovos férteis sem a participação do macho
Uma característica dos dragões
de komodo é que esses animais são capazes de se reproduzir por partenogênese, uma
forma assexuada de reprodução. A descoberta dessa característica ocorreu com
duas fêmeas vivendo em cativeiro, que nunca entraram em contato com um macho e
colocaram ovos férteis que geraram filhotes. O curioso é que os lagartos
gerados são sempre machos. Foi levantada a hipótese de que esse sistema de
reprodução pode significar que uma única fêmea possa ter povoado uma ilha
inteira incubando machos por meio da reprodução assexuada e depois
acasalando-se com sua prole para criar mais machos e fêmeas.
Mudanças climáticas são a
grande ameaça que paira sobre a sobrevivência da espécie
Uma das principais ameaças à sobrevivência dos dragões de komodo é o impacto das mudanças climáticas, com o aumento da temperatura global, assim como o do nível dos oceanos, que devem reduzir seu habitat natural no Parque Nacional de Komodo em pelo menos 30% nos próximos 45 anos, alerta a IUCN. Pesquisa realizada por um grupo de cientistas e publicada em setembro de 2020 na Revista Científica Ecology and Evolution mostra que as ilhas de Komodo e Rinca são os últimos refúgios seguros para a espécie sob os efeitos do aquecimento global.
Diante
dessa situação a IUCN em 2021 decidiu passar a espécie da categoria
“vulnerável” (VU) para “em perigo de extinção” (EN) em sua Lista Vermelha
Global. As estimativas atuais indicam que existem cerca de 3.300
dragões-de-komodo em estado selvagem.
Outras ameaças à continuidade da
existência do dragão de komodo são a vulnerabilidade natural resultante
de sua distribuição geográfica limitada, desastres naturais, mudanças no
ecossistema local resultantes de incursões humanas, perda de grandes presas
(como veados e javalis) pela caça generalizada e caça ilegal dos próprios
lagartos.
Várias instituições trabalham
para garantir a conservação da espécie
Pesquisadores da Austrália, San Diego,
EUA, e organizações como a Komodo Survival
Program estão trabalhando para garantir a conservação desta espécie. Em
2002 foi estabelecido o Komodo
Dragon SSP (Plano de Sobrevivência de Espécies) no âmbito da Association
of Zoos and Aquariums (AZA). Como resultado a atual população cativa da AZA
houve um crescimento para mais de 126 dragões mantidos em 63 instituições
associadas.
Fontes: Komodo Survival Program, Greensboro
Science Center, SinergiJacarta,
Pretória Zoo, Conexão
Planeta, Az
animals, Bali
Discovery, Dimensions,
Virginia
Aquarium, Mara
River Safari Lodge, Periergeia,
Mongabay,
Riverbanks,
Fact Animal, Australian Reptile Park,
Reptiles
Magazine, Master
Live Boards, Fapesp,
Jungle
Dragon, ScientificLib, The Guardian
Foto: Dragão de komodo_by Gudcov Andrei