Cresce a população do rinoceronte negro oriental graças aos esforços de conservação


Há duas espécies de rinocerontes na África. Os rinocerontes brancos e os negros. Essa diferenciação em termos de cor não reflete a realidade, pois ambos os rinocerontes são realmente cinzas. A sua diferença principal reside na forma dos lábios. O rinoceronte negro (Diceros bicornis) tem um lábio superior preênsil e pontiagudo, que está relacionado á sua dieta, em sua maioria árvores e arbustos. Eles utilizam seus lábios para arrancar folhas e frutos dos galhos. Já os rinocerontes brancos (Ceratotherium simum) possuem lábios quadrados, que mantém abaixados próximo ao chão quando pastam na grama.

O rinoceronte negro é o que mais sofreu declínio populacional devido à caça furtiva

Das duas espécies, o rinoceronte negro é o que sofreu o maior declínio populacional, devido caça furtiva e a perda de habitat. No início da década de 1960 havia cerca de 100.000 rinocerontes negros, de todas as subespécies, na África. No final da década devido a caça furtiva a população caiu para cerca de 70.000. No início da década de 1970 a caça furtiva intensificou-se de tal modo que a maioria dos rinocerontes negros foram eliminados fora das áreas de conservação, além de seus números se reduzirem drasticamente dentro de parque e reservas nacionais. Entre 1970 e 1992 cerca de 96% dos rinocerontes negros foram perdidos devido a essa caça furtiva em larga escala. Em 1993, apenas 2475 indivíduos dessa espécie foram registrados. Atualmente graças aos esforços bem sucedidos de conservação e combate à caça furtiva, o número total de rinocerontes negros cresceu para cerca de 5.630 exemplares (de acordo com números publicados pela IUCN em 2016). No entanto, quase 98% da população total vive em apenas 4 países: África do Sul, Namíbia, Zimbábue e Quênia.

As subespécies de rinoceronte negro se encontram em países do leste e sul da África

São reconhecidas atualmente as seguintes subespécies de rinoceronte negro.

Rinoceronte negro do centro-sul (Diceros bicornis minor): Subespécie mais numerosa. Encontrado na África do Sul, Zimbábue, sul da Tanzânia e reintroduzido em Botsuana, Malawi, Suazilândia e Zâmbia.

Rinoceronte negro do Sudoeste (Diceros bicornis occidentalis) – Uma pequena subespécie, adaptada à sobrevivência em condições desérticas e semidesérticas. Originalmente distribuído no noroeste da Namíbia e sudoeste de Angola, hoje restrito a reservas de vida selvagem na Namíbia com avistamentos esporádicos em Angola.

Rinoceronte negro da África Oriental - ou rinoceronte negro oriental (Diceros bicornis michaeli): Vive principalmente no Quênia, com números menores no norte da Tanzânia.

Há ainda, considerado por alguns especialistas e autoridades, uma quarta subespécie, o Diceros bicornis ladoensis que se encontram no Sudão do Sul, Uganda, sudoeste da Etiópia e oeste do Quênia.

O raro rinoceronte negro da África Oriental chegou a beira da extinção

O rinoceronte negro oriental á mais rara das subespécies sendo considerado criticamente ameaçado de extinção (CR) embora seus números estejam crescendo. Em 1973 haviam 14.231 indivíduos que foram reduzidos drasticamente para 400 no final da década de 1980. No final de 2017 seu número aumentou para 1002, vivendo 745 no Quênia, 155 na Tanzânia, 19 em Uganda e mais 83 animais introduzidos na África do Sul fora de seu habitat histórico. A curiosidade é que os exemplares de rinoceronte negro oriental existentes no território sul-africano são classificados como uma espécie exótica e invasora, de acordo com a legislação ambiental desse país, porque sua ocorrência nesse local é considerada fora de sua área natural. Do total de rinocerontes negro oriental existentes na África cerca de 91 a 100% vivem em áreas protegidas.


Chifres longos são uma das características do rinoceronte negro oriental

O rinoceronte negro oriental adulto é principalmente solitário. Seu chifre frontal, o mais longo dos dois chifres, atinge em média 50 cm, podendo chegar até 1,5 metros de comprimento. É encontrado numa variedade de habitats que possuem arbustos, árvores e ervas, incluindo savana, matagal, floresta, floresta densa e pântanos, desde que possuam água nas proximidades. Eles podem ficar até cinco dias sem beber água, obtendo umidade das plantas.

Mesmo salvos da extinção a espécie continua ameaçada exigindo cuidados intensivos

Os rinocerontes negros orientais foram salvos da extinção, mas continuam criticamente ameaçados. A principal ameaça aos rinocerontes na África Oriental ainda é a caça ilegal de seu chifre. Seu número atualmente está em crescimento devido a programas de conservação, baseados em proteção intensiva e manejo biológico para garantir altas taxas de crescimento populacional.

Zoos mantém população reserva geneticamente saudável para futuras reintroduções

A Associação Europeia de Zoos e Aquários (EAZA) mantém o Programa Europeu de Reprodução de Espécies Ameaçadas (EEP) que permite a ação conjunta de diversos zoos tendo em vista a manutenção de populações demográfica e geneticamente saudáveis para a conservação do rinoceronte negro oriental e que em 2020 contava com 90 animais cativos em 23 instituições e que serão utilizados para eventual reintrodução em seu habitat natural.

Apoio das comunidades locais é fundamental para o sucesso da sobrevivência da espécie

Como a quase totalidade dos rinocerontes negros orientais vivem em unidades de conservação, o sucesso de sobrevivência da espécie está diretamente relacionado com o apoio das comunidades locais. Esse apoio é obtido através da implementação de programas de engajamento, conscientização e emprego em cada área. O gerenciamento das populações de rinocerontes nessas unidades de conservação garantirá que tenham um habitat seguro e de alta qualidade para continuar o crescimento populacional dessa subespécie. Segundo especialistas, para compensar as perdas futuras da caça furtiva, é necessário haver um crescimento líquido da população acima de 5% ao ano.

Fonte: Racine Zoo, Blank Park Zoo , WWF, National Geographic, Fandom, Fauna & Flora International, Twicrosszoo, Save The Rhino, Eaza, Bisbees, Rhino Resource Center, World Land Trust, Conservation Frontlines        

Fotos: Rinoceronte negro oriental_Expert Africa