As camurças (gênero Rupicapra)
são ungulados de montanha que são encontrados no centro e sul da Europa,
incluindo a península balcânica e a Turquia e o Cáucaso. São consideradas duas
espécies com várias subespécies: a camurça alpina (Rupicapra
rupicapra) com sete subespécies com base na distribuição geográfica local
(rupicapra, cartusiana, tatrica, carpatica, balcanica, asiatica, caucasica) e a
camurça dos Pirineus (Rupicapra pyrenaica) com três subespécies
(pyrenaica, parva, ornata).
Camurças são numerosas, mas
algumas subespécies estão ameaçadas
Como espécie, a camurça
não está ameaçada e ainda é encontrada em grande número. No entanto, várias
subespécies correm risco de extinção. A Rupicapra rupicapra caucásica é
classificada como vulnerável e a Rupicapra rupicapra cartusiana, que
vive somente nos montes Chartreuse, na França, é classificada como subespécie
criticamente ameaçada. O status da camurça Tatra é de ameaçada de
extinção, com o aumento de seus números nos últimos anos.
Camurça Tatra endêmica vive em
área restrita entre a Eslováquia e a Polônia
A camurça Tatra (Rupicapra
rupicapra tatrica) é uma subespécie endêmica rara, reconhecida como tal
desde 1972, vivendo na zona alpina das Montanhas Tatra em
suas partes da Eslováquia e Polônia. A camurça Tatra na
área de distribuição principal está restrita aos Tatras Altos, aos Tatras
Ocidentais e aos Tatras Bielinski. Os Tatras altos e ocidentais estão situados
em ambos os lados da fronteira Eslováquia-Polônia. O menor, com apenas 15
quilômetros de comprimento, o Tatras Belianske, a nordeste dos Altos Tatras,
fica inteiramente dentro da Eslováquia. Todas as faixas de distribuição da camurça
Tatra mencionadas acima – Tatras Altos, Tatras Ocidentais, Tatras Belianske
e Tatras Baixo - estão dentro do território do parque nacional
As camurças Tatra vivem
acima da linha das árvores a 1700 m, em habitat alpino aberto e
semiaberto, incluindo prados alpinos, falésias e campos de
pedregulhos. Esse uso invariável do habitat alpino acima da linha da floresta é
uma característica comportamental distinta desta subespécie. A camurça Tatra
nunca foi observada em habitats florestais, evitando inclusive as áreas
de pinheiros anão.
Suas características principais
são: comprimento máximo de 130 cm. Peso em torno de 30 kg; altura do ombro de
cerca de 90 cm; cor geral do corpo no inverno: marrom escuro, enegrecido; no
verão, amarelo-ferrugem a avermelhado; cor pálida no lado de baixo; as pernas
mais escuras que o corpo; a máscara da cabeça com coloração branco-amarelada e
mais contrastante no inverno; a cauda é escura. Ambos os sexos têm chifres
típicos de camurça em forma de gancho, com pontas curvando-se acentuadamente
para trás e para baixo. O comprimento médio do chifre é de 23 cm com
comprimentos máximos de até 26 cm. Os chifres das fêmeas podem ser mais longos,
mas são mais finos.
Fluxo descontrolado de
turistas é ameaça á camurça Tatra
As principais ameaças incluem caça
furtiva, perturbação e perda de habitat causada por um fluxo
descontrolado de turistas. Estima-se que três milhões de pessoas visitem o Parque Nacional Tatra todos
os anos. O turismo de massa envolve movimento de pessoas fora das
trilhas marcadas, escaladas de inverno, pistas de esqui, alpinismo de esqui,
voo de aviões como e sem motor, parapente, motociclismo e ciclismo de neve. Estudo
mostrou que os níveis de estresse nas camurças aumentaram significativamente
com o número de turistas no Parque Nacional Tatra
no sul da Polônia.
A introdução de camurças
alpinas ameaça a diversidade genética das camurças Tatra
Nos últimos anos, a população da camurça
Tatra vem crescendo. No entanto, em anos anteriores havia uma preocupação
sobre a capacidade de sobrevivência das populações dessa subespécie. Foi
adotada então a media de introduzir cerca de 30 indivíduos nos Baixos Tatras,
entre 1969 e 1976. Estudos recentes de DNA confirmaram que esta população dos
Baixos Tatras cruzou com a camurça alpina. A camurça do Baixo Tatra
não é mais considerada pura e, portanto, não pode atuar como uma população de
reserva para a camurça Tatra.
Na Eslováquia, o cruzamento com
as camurças alpinas ameaça a camurça Tatra nos Baixos Tatras.
Ambas as populações – nos Altos Tatras e Baixos Tatras – são relativamente
pequenas e seus tamanhos populacionais efetivos podem tornar a manutenção da
diversidade genética e adaptabilidade limitada a longo prazo.
Para proteger a subespécie dos
Altos Tatras, conservacionistas recomendam reduzir a caça ilegal
fechando e guardando partes dos Tatras Ocidentais. Segundo eles, a camurça
alpina introduzida nos Tatras Inferiores deve ser removida, pois representa
uma ameaça para a população selvagem da camurça Tatra.
Caçar camurças Tatra é
estritamente proibido por lei na Polônia desde 1868 e também na Eslováquia. Mas
a camurça alpina introduzida está atualmente sujeita à lei de caça
eslovaca e geralmente são atribuídas cinco a sete licenças de caça por ano. No entanto,
para atrair mais caçadores, alguns operadores turísticos vendem-nas como camurças
Tatra aos seus clientes.
População de camurças Tatra
vem se recuperando neste século
A maior população do século 20 da
camurça Tatra foi registrada no ano de 1964, quando cerca de 940
indivíduos foram contados na região eslovaca dos Tatras. Posteriormente, a
população diminuiu de forma constante para os números mais baixos registrados
no final do século. Durante os anos de 1999-2000, os números caíram abaixo de
200 indivíduos, considerado um tamanho populacional crítico para a
sobrevivência a longo prazo da subespécie. Um programa de 5 anos para salvar a camurça
Tatra começou em 2001, com foco na preservação de seu meio ambiente -
especialmente durante a época de acasalamento - por meio de regulamentação
rigorosa do turismo e supressão da caça furtiva. A população começou
a se recuperar e, após cerca de 10 anos, atingiu os números mais elevados da
história até então registrada. Em 2018 foi registrado o número mais alto de
todos os tempos para a população da camurça Tatra, sendo contados 1.431
indivíduos. No ano de 2021 a população registrada foi de 1095 indivíduos.
Fonte: Ralf’sWillife
and Wild Places, FPV Univerzity,
Wildlife Impulse, White Marmotte, Ultimate
ungulate, The
Slovak Spectator, Ekologia.pl
Foto: CAmurça Tatra_by Jacek Rybak