Tigre de Sumatra, o menor do mundo, está à beira da extinção


 Os tigres são animais majestosos, um dos felinos mais extraordinários do planeta, mas também um dos mais ameaçados. Devido à caça e a perda do habitat os tigres estão rapidamente se dirigindo para a extinção na natureza, e o seu declínio que vem ocorrendo há algumas décadas está aumentando apesar dos esforços de conservação, vigilância e proteção legal. Há um século haviam mais de 100.000 tigres em cerca de 13 países. Atualmente o número de tigres despencou, e desapareceram no Camboja e no Vietnã e provavelmente estão extintos no Laos. Na China há poucos exemplares no nordeste do país. Estima-se que existam hoje, menos de 4.000 tigres selvagens em todo mundo.

Pesquisadores confirmam, através de análise genômica, que há seis subespécies de tigres

Um debate ocorreu no meio científico sobre quantas espécies de tigres existiam, que foi intensificado a partir de 2017 quando a IUCN declarou existir somente duas espécies: O tigre continental (Panthera tigris tigris) e o Tigre de Sonda (de Sumatra) – Panthera tigris sondaica. E foi então que um projeto de pesquisa, do qual participaram cientistas chineses e norte-americanos, confirmou que os tigres, de fato, se dividem em seis subespécies. O estudo foi publicado na revista Current Biology em 2018. A equipe de pesquisadores analisou os genomas completos de 32 espécimes de tigres, selecionados para serem representativos de todas as subespécies potenciais, para confirmar que os tigres realmente se enquadram em seis grupos geneticamente distintos.

As seis subespécies confirmadas pelo grupo de pesquisa incluem: o tigre de Bengala( Panthera tigris tigris) que vive em Bangladesh, Butão, Índia e Nepal ; o tigre de Amur ou tigre siberiano (Panthera tigris altaica ) do extremo leste da Sibéria e nordeste da China; o tigre do sul da China (Panthera tigris amoyensis ), provavelmente extinto na natureza ; o tigre de Sumatra (Panthera tigris sumatrae) o menor dos tigres que está criticamente ameaçado; o tigre da Indochina(Panthera tigris corbetti ), que ocorre em Mianmar e Tailândia está extinto no Vietnã e provavelmente também no Laos; e o tigre da Malásia (Panthera tigris jacksoni),  e que  também está criticamente ameaçado . Três outras subespécies de tigres estão extintas.

A menor subespécie, o tigre de Sumatra, está criticamente ameaçado

O tigre de Sumatra (Panthera tigris sumatrae) a subespécie de menor tamanho, está criticamente ameaçada de extinção (CR). Eles têm cerca de metade do peso de um tigre de Bengala ou Siberiano. Nessa subespécie as listras estão mais próximas e sua pele é de um laranja mais escuro do que outras subespécies, permitindo que ele se misture melhor ao habitat da floresta tropical. Eles têm listras inclusive nas patas dianteiras, o que nem todas as subespécies de tigres tem. Sua barba e juba distintas também ajudam a diferenciá-lo.

Desmatamento a grande ameaça para a sobrevivência do tigre de sumatra

Sumatra tem uma das maiores taxas de desmatamento do mundo, impulsionada em grande parte pela produção de óleo de palma. As florestas de Sumatra foram dizimadas para dar lugar a plantações de dendezeiros e outras monoculturas destrutivas, bem como mineração e a invasão de aldeias em expansão. À medida que a população humana se expande invadindo áreas de floresta, as pessoas estão vivendo mais perto dos tigres. Com menos habitat para caçar, os tigres costumam atacar o gado. Isso muitas vezes leva a mortes entre os tigres devido à retaliação dos aldeões. 

Além do desmatamento, a caça furtiva para fins comerciais levou a população selvagem do tigre para menos de 400 exemplares. Quase 80% das mortes estimadas de tigres de Sumatra, totalizando 40 animais por ano, é devido a caça clandestina. Os tigres de Sumatra ainda são caçados por suas partes do corpo, incluindo bigodes, dentes, ossos e garras para uso em medicamentos tradicionais chineses. Dentes caninos e peles também são vendidos como itens de troféu em lojas de souvenirs.

Parque nacionais de Sumatra mantém a maior parte da população de tigres

Atualmente as populações de tigres estão presentes em cerca de 27 áreas de habitat diferentes em toda a ilha de Sumatra, na Indonésia. Os principais locais são:  o Parque Nacional Bukit Barisan Selatan na ponta sudeste da província de Lampung , o Parque Nacional Gunung Leuser na província de Aceh (estimado em 110 – 180 tigres)  e o Parque Nacional Kerinci Seblat, a maior reserva natural da ilha (estimado em 165 – 190 tigres). Em todo o mundo há uma população cativa de cerca de 235 animais em zoológicos.

Muitas instituições estão enormes esforços para salvar o tigre de sumatra

Os esforços para salvar o tigre de Sumatra foram liderados pelo Sumatra Tiger Project, que atua desde meados da década de 1990, estabelecendo parques nacionais e áreas de conservação com Zoológicos da Austrália, e cooperando com o Ministério das florestas da Indonésia . Outra instituição, a  Panthera  é uma organização com sede nos Estados Unidos, que tem como foco o trabalho na conservação de felinos por meio de pesquisas, programas de educação, patrulhas anti-caça furtivas, treinamento de guardas florestais e fornecimento do equipamento necessário para seu trabalho.

Outras organizações como o Sumatran Tiger Trust trabalham para proteger os tigres na Indonésia por meio de pesquisa, preservação do habitat, patrulhas contra a caça furtiva, treinamento de guardas florestais e fornecimento do equipamento necessário. A Fauna & Flora International (FFI) conserva tigres e outros animais selvagens ameaçados em Sumatra há mais de 20 anos.  A FFI treinou mais de 500 guardas florestais comunitários e dos parques nacionais que realizam patrulhas florestais contra a caça furtiva. Essas equipes removeram mais de 5.500 armadilhas para tigres/presas. Em muitos lugares onde os guardas florestais concentraram seus esforços, os tigres não estão mais em declínio, agora estão se reproduzindo. A Australia Zoo Wildlife Warriors trabalha em parceria com a FFI na conservação de tigres, ajudando a financiar e treinar unidades de patrulha anti-caça furtiva.

Organizações como a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) estão trabalhando para fortalecer habitats prioritários em Sumatra. Essas áreas representam 76% do habitat restante do tigre de Sumatra e mais de 70% da população viva total. O Fundo para o Meio Ambiente Global (GEF) e o Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (UNDP) fazem parceria com aldeias locais para implementar abordagens eficazes para prevenir o conflito tigre-homem em Sumatra. Eles já realizaram várias intervenções por meio de uma série de projetos baseados em quatro paisagens administradas com tigres de Sumatra dentro de parques nacionais, incluindo treinamento de mitigação de conflito humano-vida selvagem voltado para funcionários do governo local, veterinários e a comunidade local.

Fontes: Treehugger, Zoo Atlanta , National Geographic , WWF, Fauna & Flora Internacional , WCS Indonesia , Wildcats Conservation Alliance-WCA , Internatinal Tiger Project-ITP , Mongabay , Soryteller, Scientific American, The Conversation, Science Daily, Perth Zoo, Explorers Against Extinction , Rainforest Alliance, Our endangered world, Pdza, Endangered Wildlife,  One Green Planet, Restorasi Ekosistem Riau, Sumatran Tiger Project  

Foto: Tigre de Sumatra_Rekoforest