O lobo ibérico (Canis lúpus signatus), é uma subespécie do lobo cinzento euroasiático que habita a Península Ibérica. Distingue-se do lobo que habita o resto da Europa essencialmente por ser mais pequeno e pela coloração da sua pelagem, que é mais amarelo-acastanhada. Para além disto, possui cores mais fortes e um padrão de coloração das faces e focinho diferente.
Lobo ibérico diferencia-se de
outras subespécies pelas marcas brancas que possui
Essa subespécie pode atingir
cerca de 70 cm de altura e 120 cm de comprimento. O animal é de cor diferente
do lobo euroasiático por ter manchas escuras nas patas dianteiras,
costas e cauda com manchas brancas nos lábios superiores. Esta é a razão da
última parte do nome científico, com signatus (marcado). Os machos pesam cerca
de 40 kg, sendo as fêmeas de constituição mais fina (mais magra).
O lobo ibérico vive em
pequenas matilhas e é considerado uma espécie benéfica como predador de topo da
cadeia alimentar porque mantém as populações de javalis e outras espécies em
número estável. Eles também atacam coelhos, veados, íbex e até pequenos
carnívoros, como raposas e, de vez em quando, peixes.
População de lobos ibéricos
concentra-se no noroeste da Espanha e está em expansão
As populações de lobo ibérico
estão principalmente em bandos dispersos nas florestas e planícies do noroeste
da Espanha. A Serra Morena na Andaluzia e o norte de Portugal
também possuem pequenos números. Esta espécie está classificada como “Em
Perigo” em Portugal, sendo uma espécie de conservação prioritária. Na
Espanha está classificada como espécie quase ameaçada. A população de
lobos na península ibérica é estimada em 2500 indivíduos, sendo que
cerca de 300 vivem em Portugal.
As principais populações estão
distribuídas pelas comunidades autônomas de Castilla y León, Galiza, Cantábria
e Astúrias. Havendo populações menores em áreas montanhosas de regiões
limítrofes como o País Basco, La Rioja, a província de Guadalajara ( Castela-La
Mancha ) e também no norte de Portugal. As populações de lobos no sul da
Espanha (Serra Morena, Sierra de Gata e San Pedro) estão quase extintas, no Norte
(Galiza, Astúrias e Castilla y León) o lobo vem cobrindo mais território chegando
a Madrid e Guadalajara. Pesquisas indicam que 55% da Península
Ibérica poderia fornecer habitat adequado para lobos transitarem livremente, no
entanto, atualmente, eles ocorrem apenas em 21% da Península.
Maior problema para a
manutenção do lobo é a predação de gado doméstico
Um grande problema para a
conservação do lobo ibérico, principalmente com a sua expansão em áreas novas,
são os seus ataques a animais domésticos quando não há presas selvagens em
número suficiente. Na região de Castilla y León onde vive a maioria dos lobos
da Espanha, eles mataram 3774 ovelhas e vacas na região em 2019 segundo
dados coletados pelo governo local. Em
virtude dessa situação há uma forte pressão para a continuidade da caça ao lobo.
No entanto há forte pressão de conservacionistas e da União Europeia em
sentido contrário.
Finalmente, cedendo a
pressões, o governo espanhol proíbe a caça do lobo em todo país
Após anos de denúncias, estudos, manifestações e
processos judiciais de organizações ambientalistas, o Governo espanhol, rendeu-se à pressão
e publicou em 21 de setembro do ano passado (2021) um despacho
ministerial que confere maior proteção ao lobo ibérico
através de uma medida de gestão que proíbe, em termos gerais, a sua caça. Destacaram-se
na mobilização que finalmente foi publicada pelo governo espanhol as
organizações ambientalistas, Associação
para a Conservação e Estudo do Lobo Ibérico (ASCEL) e a Ecologistas
em ação. Grupos e associações de fazendeiros e caçadores se
manifestaram contrariamente à medida e prometem entrar com recurso nos
tribunais espanhóis.
Fonte: Grupo lobo, Avesso,
Naturdata,
Wikidat, Giraffa, Knowsleysafari , Ecologistas
em acción, Ascel, SUR
Foto: Lobo Ibérico_ Juan José Gonzales e foto do mapa: distribuição do lobo ibérico na Espanha e Portugal_Casawonk