A ilha de Madagascar é considerada
um hotspot
de biodiversidade único. Mais de 80% da flora e fauna só podem ser
encontrados nesse país. A ilha abriga 282 espécies de aves, das quais
impressionantes 115 são endêmicas. Destas, 35 são considerados globalmente
ameaçados em algum grau. Os altos níveis de espécies endêmicas são uma forte
motivação para aumentar os esforços de conservação na ilha. Madagascar é
um país de biodiversidade e endemismo surpreendentes e incomparáveis. No
entanto, atualmente enfrenta degradação ambiental em grande escala, quase 90%
dos habitats originais de Madagascar foram destruídos, ilustrando a
necessidade de maiores esforços de conservação na região.
Uma história de sucesso a reprodução
do zarro-de-Madagascar
Contrastando com essa triste
realidade da biodiversidade de Madagascar, a história de um
pato selvagem, o zarro-de-Madagascar (Aythya innotata) é um
exemplo de sucesso para a conservação. Está espécie foi redescoberta em
2006, após ser declarada extinta em 1990 e agora graças os esforços de
conservação, aumentou sua população quase dez vezes na última década.
O zarro-de-Madagascar tem
sua plumagem principalmente marrom escura, embora sua barriga seja branca. A
espécie apresenta um dimorfismo sexual acentuado onde fêmeas e machos diferem
pela cor dos olhos, os machos possuem íris brancas e as fêmeas marrons.
Tudo recomeçou em 2006 quando foi
redescoberto um pequeno grupo de nove zarros-de-Madagascar adultos e
quatro filhotes, em um pequeno lago de cratera na floresta, o lago
Matsaborimena. Atualmente seu número subiu para quase 40 indivíduos no
lago. Em 2009, um plano de resgate que envolveu o Durrell Wildlife Conservation Trust
e o Wildfowl and Wetlands Trust retirou
um conjunto de ovos quase a eclodir de um ninho e incubou-os num laboratório montado
numa tenda na margem do lago. Depois da eclosão, os patinhos com um dia de vida
foram colocados noutro local. Participaram do projeto para capturar e criar os
patinhos, além das organizações citadas, a Peregrine Fund, Asity Madagascar e o governo de Madagascar.
Como aumento da reprodução em
cativeiro teve início a soltura
Os esforços de reprodução foram
marcados em 2011 com o primeiro filhote a nascer em cativeiro. Em 2013 a
população atingiu 80 exemplares. Em 2017 chegou a 90, fazendo com que fossem
iniciados os preparativos para a soltura em outro lugar de Madagascar, o
lago Sofia, no norte da ilha. Junto as comunidades locais foram feito um
trabalho de educação ambiental para proteger os patos reintroduzidos. Em
dezembro de 2018 foram soltas 21 aves no local pela primeira vez.
Programas de reprodução em
cativeiro foram bem sucedidos
Com programas de reprodução em
cativeiro bem sucedidos a população global apresenta hoje cerca de 90
indivíduos, incluindo os cativos e em estado selvagem. Mas o zarro-de-Madagascar
continua sendo uma das aves aquáticas mais raras do mundo. Atualmente está
classificado como "Criticamente Ameaçado" na Lista Vermelha de
espécies ameaçadas da IUCN.
O cultivo de arroz, a exploração
pecuária nas margens do lago, a queima de vegetação, a introdução de mamíferos
como ratos, a pesca e caça são todos potenciais fatores do desaparecimento do raríssimo
pato.
Fonte: Mongabay, La vanguardia, Animalia, Kidadl, BBC, The Guardian, Cambridge University Press
Foto: Zarro-de-Madagascar_ La Vanguardia