A última atualização da lista
vermelha de espécies ameaçadas da União Internacional para a Conservação da
Natureza (IUCN, da sigla em inglês) inclui uma vitória relevante para a biodiversidade
do planeta. O Órix da Arabia (Orix leucorix) passou da categoria
“ameaçado de extinção”, para “espécie vulnerável”. É uma boa notícia,
porque a espécie foi extinta em estado selvagem há apenas algumas décadas. O
último exemplar desse grande antílope na natureza morreu em 1972, quando
a espécie foi declarada extinta em seu ambiente natural.
A reintrodução que deu certo
É a primeira vez que uma
espécie passa para uma categoria com riscos muito menores de se extinguir.
Devido os esforços empreendidos para a sua reintrodução desde 1982, seu número
aumentou consideravelmente vivendo em estado selvagem na Arabia Saudita,
Emirados Árabes, Jordânia e Israel. Há ainda em zoológicos e coleções particulares
entre 6000 a 7000 espécimes.
Para salvar o órix da Arábia
foi criada a Operação Oryx, que incluía o World Wildlife Fund (WWF), o Phoenix
Zoo, de Arizona, nos Estados Unidos e a Fauna & Flora
International,(FFI). A Operação Órix é um exemplo da colaboração entre
diversas instituições para salvar uma espécie em extinção. A operação teve
início em 1962, tendo como objetivo capturar o maior número possível da
espécie, realoca-los em um programa de propagação e reintroduzir os descendentes
de volta na natureza. A Fauna & Flora International (FFI) iniciou a
coleta de espécimes em abril de 1962 em Omã, no Golfo Pérsico. Depois de alguns
dias conseguiram capturar três animais. Em 24 de maio de 1962 esses três órixes
foram enviados ao Zoológico de Phoenix, no Arizona. Juntaram-se a esses
três, seis outros animais vindos de outros zoológicos e coleções particulares.
Formando um grupo inicial de órix da Arábia de nove animais que viriam a
se tornar o núcleo de um rebanho mundial da espécie.
Começando com nove animais, o zoológico
de Phoenix teve 240 nascimentos bem sucedidos, o que possibilitou a
reintrodução do órix da Arábia em 1982, dez anos depois de serem extintos
na natureza. Inicialmente foram soltos 10 animais em Omã, num santuário
especialmente reservado para os antílopes.
A operação órix mostrou ser
possível que organizações, governos e pessoas trabalhem de forma coletiva e
colaborem para salvar uma espécie animal. Foram envolvidos nada menos que seis
governos mundiais, cinco zoológicos, muitas sociedades organizadas,
organizações de conservação e centenas de voluntários. A recuperação do órix
árabe é a primeira vez que um mamífero anteriormente extinto na natureza é
recuperado a ponto de ser retirado da lista.
O órix árabe é facilmente identificado por sua pelagem branca brilhante que reflete os raios do sol, cascos largos, permitindo que caminhe com relativa facilidade na areia, possui chifres longos, distintos e levemente curvados apresentados por machos e fêmeas. O órix é conhecido por ser um animal de enorme resistência que percorre longas distâncias no deserto, às vezes chegando a mais de 70 km durante a noite. O órix da Arábia é o menor órix do mundo e o único encontrado fora da África. A espécie está classificada como vulnerável (VU) na Lista Vermelha da IUCN. Atualmente o órix árabe é animal nacional da Jordânia, Qatar e Emirados Árabes Unidos.
As maiores populações de Óryx vivendo
livremente estão na Península arábica
A Jordânia iniciou um programa de
reintrodução do órix em 1978, com uma população inicial de 11 indivíduos. Em
1983 a população atingiu 31 indivíduos e decidiu-se pela sua liberação na
Reserva Natural Shaumari. Em 1995 ocorreu a superlotação de órix na reserva, o
que obrigou as autoridades a enviar exemplares para vários países do Oriente
Médio e uma nova reserva na Jordânia conhecida como Área Protegida de Wadi Rum.
As principais populações da
espécie hoje estão nos Emirados Árabes Unidos que possui uma população
de mais de 6.900 indivíduos – incluindo os selvagens e semi-livres - de acordo
com a Agencia
Ambiental de Abu-Dhabi e na Arabia Saudita onde existem 1200 em
estado selvagem. Há ainda uma população em Israel de cerca de 110 exemplares. No
Catar, o santuário de Al-Maha, também chamado de Santuário do Órix Árabe,
abriga uma população monitorada do animal.
Atualmente o maior programa de reprodução está sendo
executado pelos Emirados Árabes Unidos, com metade da população reprodutora do
Oriente Médio. A outra metade está distribuída entre Omã, Jordânia, Arábia
Saudita, Síria (Al Talila), Bahrein e Catar, onde os animais vivem em grandes
recintos de livre circulação.
Fonte: Agência Ambiental de ABU-DHABI, San Diego Zoo, Marwell Zoo, Fauna & Flora International, Phoenix Zoo, Qatar, Independent, The University of British Columbia, Arab News, The National lNews
Foto: Órix da Arábia_Zooinstitutes e segunda foto: Divulgação EAD