O macuquinho-baiano (Eleoscytalopus psychopompus) é uma espécie de ave pertencente à família Rhinocryptidae e endêmica das florestas costeiras do estado da Bahia, Brasil. Devido à destruição de seu habitat e à sua distribuição extremamente restrita, esta ave enfrenta ameaças graves, estando atualmente classificada como Em Perigo (EN) na lista da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).
Características físicas e
biológicas
O macuquinho-baiano é uma
ave de pequeno porte, medindo cerca de 11 cm. Seu dorso apresenta coloração
azul-acinzentada, com a cauda e parte do dorso posterior de tons castanhos. A
parte inferior de seu corpo é branca. A alimentação consiste em pequenos
insetos que são capturados no chão ou em galhos baixos, em áreas alagadiças.
Essa espécie é altamente adaptada
à vegetação densa de florestas de baixada, onde prefere áreas sombreadas e
úmidas próximas a cursos d’água. É tímida e difícil de ser observada,
deslocando-se quase sempre pelo solo e raramente alçando voos curtos. O
canto, característico, ocorre no início da manhã ou no final da tarde.
Distribuição e habitat
O Eleoscytalopus psychopompus
é endêmico do Brasil, com registros limitados a seis localidades no litoral sul
da Bahia: Igrapiúna, Itacaré, Ituberá, Maraú, Taperoá e Una. Sua área de
ocupação é extremamente restrita, estimada em apenas 204 km². A espécie habita
vegetação emaranhada em áreas alagadas de florestas de baixada, geralmente
abaixo de 50 metros de altitude, e é altamente dependente de matas ciliares,
especialmente próximas a córregos e rios.
A fragmentação do habitat é
severa, com mais de 50% de sua área de ocupação separada por distâncias
intransponíveis para a espécie. Não há registros de deslocamento significativo
entre fragmentos de mata, o que agrava a vulnerabilidade da população.
Ameaças à conservação
A destruição da Mata Atlântica
costeira é a principal ameaça ao macuquinho-baiano. A expansão da
agricultura, a silvicultura e a instalação de infraestruturas têm contribuído
para o declínio contínuo da qualidade do habitat. Projetos como a construção do
Porto Sul, em Ilhéus, representam ameaças iminentes que podem comprometer ainda
mais as áreas de floresta remanescente.
Além disso, as mudanças na
legislação ambiental brasileira, que reduzem a proteção das Áreas de
Preservação Permanente (APPs), afetam diretamente a espécie, dependente de
matas ciliares para sua sobrevivência. A perda de habitat causada por essas
atividades humanas resulta em uma população severamente fragmentada e em
declínio.
Presença em Unidades de
Conservação
Embora gravemente ameaçado,
o macuquinho-baiano ocorre em algumas unidades de conservação, como a
Reserva Biológica de Una, a Área de Proteção Ambiental Baía de Camamu e a Área
de Proteção Ambiental Costa de Itacaré/Serra Grande. Outras áreas protegidas
incluem Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs), como Araçari,
Ecoparque de Una, Juerana e Ouro Verde. Essas unidades desempenham um papel
crucial na preservação da espécie, oferecendo refúgios seguros e limitando a
expansão de atividades humanas nas áreas protegidas.
O macuquinho-baiano é uma espécie
emblemática da biodiversidade brasileira, representando um exemplo da riqueza
biológica ameaçada pelas atividades humanas. Medidas urgentes são necessárias
para preservar os remanescentes da Mata Atlântica costeira e garantir a
manutenção de habitats adequados para a sobrevivência desta ave. A
implementação de políticas ambientais mais rigorosas, aliada à expansão das
áreas protegidas, é essencial para reverter o declínio da população do macuquinho-baiano.
Fontes: Wikiaves, Arthur Grosset, SALVE/ICMBio, DiBird.com, Ebird, Animalia, Biodiversity4all
Fotos: Macuquinho-baiano_by Silvia Faustino Linhares e segunda foto: by Ronaldozootecnista