O macaco-barrigudo-colombiano criticamente ameaçado e os esforços de conservação


 O macaco-barrigudo-colombiano (Lagothrix lugens), conhecido localmente como churuco, é um dos primatas mais emblemáticos da biodiversidade colombiana. Habitante das densas florestas do país, esse animal carismático enfrenta uma grave crise de conservação, resultado de décadas de desmatamento, fragmentação de habitat e caça. É uma espécie criticamente ameaçado de extinção, havendo necessidade de urgentes ações coordenadas para sua preservação e para a manutenção dos ecossistemas onde vive.

Características gerais

O macaco-barrigudo-colombiano, também conhecido como churuco, é uma espécie de primata endêmico da Colômbia. Considerado criticamente ameaçado pela Lista Vermelha da IUCN, este primata pertence ao gênero Lagothrix e é semelhante à espécie Lagothrix lagotricha, sendo tratado por alguns estudiosos como uma subespécie desta. Caracteriza-se por um corpo robusto, pelagem curta e macia que varia de preto e marrom escuro a cinza claro, com partes mais escuras na cabeça, barriga, membros e cauda. Seu rosto é achatado, com um nariz pequeno, enquanto a cauda preênsil e musculosa cumpre a função de um quinto membro, permitindo que o animal se suspenda nas árvores. Os adultos medem entre 50,8 e 68,6 cm da cabeça ao tronco, com uma cauda de 60 a 72 cm, pesando de 5,5 a 10,8 kg.

Habitat e distribuição

A espécie habita florestas primárias de baixa altitude até áreas de 3.000 metros, além de florestas sazonalmente inundadas e galeria. É mais comum nas regiões de Serranía de la Macarena e no sopé da cordilheira oriental, mas sua distribuição histórica era bem mais ampla, incluindo o vale do Alto Magdalena e o departamento de Cesar. Atualmente, suas populações estão severamente fragmentadas, existindo pequenos enclaves em áreas como a cordilheira de San Lucas. Embora não documentado na Venezuela, há indícios de sua possível presença na selva de San Camilo, estado de Apure.

Alimentação e comportamento

O macaco-barrigudo é predominantemente frugívoro, consumindo principalmente frutas, mas também incluindo artrópodes, néctar, flores e cascas em sua dieta. Suas estratégias de forrageamento são adaptativas, respondendo às variações na disponibilidade e qualidade dos recursos ao longo do tempo e do espaço. Esses primatas vivem em grandes grupos mistos, compostos por machos e fêmeas de todas as idades, e exibem preferência por florestas maduras, onde os recursos são mais abundantes.

Ameaças e declínio populacional

A perda e fragmentação do habitat são as maiores ameaças ao macaco-barrigudo. Atividades como agricultura extensiva, plantação de coca, mineração, extração de madeira e produção de drogas têm causado desmatamento em larga escala na Colômbia. Além disso, a caça para consumo de carne e o tráfico de animais para adoção como pets contribuem para o declínio da espécie, que já desapareceu de várias áreas de sua distribuição histórica. Projeções indicam uma redução de 80% na população nas próximas três gerações, o que reforça sua situação crítica.

Esforços de conservação

Agências ambientais e organizações não governamentais têm se esforçado para preservar o macaco-barrigudo. Projetos como o do Laboratório de Ecologia de Florestas Tropicais e Primatologia da Universidade dos Andes realizam reabilitações e reintroduções da espécie em áreas protegidas. Em 2017, seis indivíduos foram soltos na região de Huila, mas a tentativa não teve sucesso devido à mortalidade e readaptação inadequada. No entanto, uma nova soltura em 2018, na reserva natural Rey Zamuro, na região de Meta, apresentou melhores resultados, com os animais mostrando maior coesão grupal. Esses programas, financiados pelo governo colombiano e pela Primate Conservation Inc., são caros, mas fundamentais para a conservação da espécie.

Perspectivas para o futuro

O futuro do macaco-barrigudo-colombiano depende de ações coordenadas para a preservação de seu habitat e a continuidade de programas de reabilitação. É essencial integrar comunidades locais nesses esforços, garantindo que a coexistência sustentável entre humanos e vida selvagem seja uma prioridade. A sobrevivência desta espécie não é apenas uma questão ambiental, mas também cultural, uma vez que reflete o compromisso com a biodiversidade da Colômbia.

Fotos: Macaco-barrigudo-colombiano_by Petruss e segunda foto: de Federico Pardo