O macaco-barrigudo-de-cauda-amarela (Oreonax flavicauda), também conhecido como macaco-lanudo-de-cauda-amarela, macaco-lanudo peruano e pacorrunto é um primata endêmico dos Andes peruanos. Considerado um dos 25 primatas mais ameaçados do mundo, sua população está em declínio acentuado devido à destruição de seu habitat e à caça. A espécie, que durante muito tempo foi tida como extinta, foi redescoberta em 1974, o que chamou a atenção de pesquisadores, ONGs e do Estado peruano para a necessidade urgente de sua conservação. Além disso, essa espécie é classificada como Criticamente Ameaçada pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) e incluída na CITES (Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Extinção). O Serviço Nacional Florestal e Fauna Silvestre (SERFOR) do Peru também a inclui em seu “Livro Vermelho da Vida Selvagem”.
Distribuição geográfica e habitat
Esse primata habita
principalmente as florestas montanhosas e nubladas dos departamentos de
Amazonas e San Martín, embora também tenha sido encontrado em áreas próximas de
Loreto, La Libertad e Huánuco. Ele vive entre 1.500 e 3.000 metros de altitude,
em regiões de difícil acesso e com condições ambientais desafiadoras, como frio
e alta umidade. Essas florestas fornecem o ambiente ideal para o
macaco-barrigudo, que depende de árvores grandes e robustas para sustentar seu
peso. No entanto, as áreas de floresta onde vive têm diminuído rapidamente
devido ao desmatamento e à fragmentação do habitat.
Características e hábitos da espécie
O Oreonax flavicauda
é um primata de médio porte, que pode medir até 54 centímetros de comprimento,
sem contar sua cauda, que é longa e amarelada, uma das principais
características da espécie. Sua pelagem é densa e escura, com uma boca branca
que se destaca em contraste com o corpo. Alimenta-se principalmente de frutas,
flores, folhas e insetos, e vive em grupos sociais que variam de cinco a 18
indivíduos. Esses grupos percorrem as copas das árvores das florestas,
utilizando as grandes e robustas árvores de seu habitat para sustentar seu peso
e garantir sua segurança.
Ameaças à sobrevivência
O principal fator que coloca o Oreonax
flavicauda em perigo crítico de extinção é a destruição de seu habitat.
O desmatamento para a agricultura, a exploração madeireira e a mineração
têm reduzido drasticamente a área de floresta disponível para a espécie.
Nos departamentos de Amazonas e San Martín, que concentram a maior parte de sua
população, estima-se que mais de 30% de seu habitat original tenha sido
destruído desde 2008. Além disso, a construção de estradas e a expansão de
atividades humanas têm fragmentado as florestas, isolando as populações de
macacos em áreas menores e menos conectadas, o que dificulta a sobrevivência a
longo prazo.
Outro problema crítico para a
sobrevivência da espécie é a comercialização ilegal. Devido à sua raridade, o macaco-barrigudo-de-cauda-amarela
é alvo de tráfico no mercado negro, onde é vendido como animal de estimação.
Além disso, alguns indivíduos são capturados e utilizados para alimentação,
rituais cerimoniais ou práticas de cura. Os valores de mercado podem variar de
600 a 900 dólares, dependendo da idade do animal, tornando-o um alvo lucrativo
para traficantes de vida selvagem.
Importância ecológica
O Oreonax flavicauda
desempenha um papel essencial na manutenção do ecossistema das florestas onde
vive. Como frugívoro, ele é um importante dispersor de sementes, contribuindo
para a regeneração florestal. Ao consumir frutas e excretar as sementes em
áreas distantes das árvores originais, o macaco ajuda a manter a biodiversidade
da floresta, garantindo que novas árvores possam germinar e crescer. A
destruição de seu habitat, portanto, não apenas ameaça a sobrevivência da
espécie, mas também impacta negativamente a saúde das florestas amazônicas.
Conservação e esforços das
ONGs
Desde a redescoberta do macaco-barrigudo-de-cauda-amarela,
diversas organizações não governamentais (ONGs) têm trabalhado ativamente para
preservar a espécie. A Associação
Peruana para a Conservação da Natureza (APECO) e a Neotropical Primate Conservation (NPC) têm
sido fundamentais na criação e manutenção de áreas protegidas que servem de
refúgio para a espécie. Entre essas áreas estão o Parque Nacional Río Abiseo, o
Santuário Nacional da Cordilheira de Colán, a Reserva Comunal Chayu Nain e a
Floresta Protegida de Alto Mayo. Essas ONGs também realizam campanhas de
conscientização sobre a importância da conservação dos primatas e combatem o tráfico
ilegal de animais selvagens.
Áreas protegidas e o papel do
Estado
O governo peruano, em parceria
com ONGs, estabeleceu áreas naturais protegidas para garantir a preservação do Oreonax
flavicauda. No entanto, embora essas áreas sejam importantes refúgios,
sua extensão e o estado de conservação variam. O Parque Nacional Río Abiseo,
por exemplo, é reconhecido pela UNESCO como Patrimônio Natural e Cultural da
Humanidade e está em bom estado de preservação, assim como o Santuário Nacional
da Cordilheira de Colán. Contudo, a Floresta Protegida de Alto Mayo sofre com
intervenções humanas, como o desmatamento e a agricultura itinerante, o que
compromete a eficácia da conservação.
Desafios futuros e a urgência
da ação
Embora os esforços de conservação
tenham sido intensificados nas últimas décadas, o futuro do macaco-barrigudo-de-cauda-amarela
continua incerto. Estima-se que restem apenas 1.000 indivíduos na natureza, e a
pressão exercida pelo desmatamento e pelas mudanças climáticas continua
a ameaçar sua existência. À medida que as temperaturas globais aumentam, as
florestas nubladas – o habitat preferido da espécie – tendem a subir em
altitude, reduzindo ainda mais o espaço disponível para o macaco. A situação
exige a ampliação das áreas protegidas, maior fiscalização contra o
desmatamento e políticas públicas que integrem as comunidades locais nas
iniciativas de conservação.
O Oreonax flavicauda
é um símbolo da rica biodiversidade do Peru e da importância das florestas
tropicais para a saúde ambiental global. A conservação desta espécie depende
não apenas da criação de áreas protegidas, mas também da implementação de
políticas de desenvolvimento sustentável que minimizem o impacto humano sobre o
habitat natural. A parceria entre ONGs e o Estado peruano é fundamental para
garantir que o macaco-barrigudo-de-cauda-amarela e as florestas que ele
habita continuem a prosperar. O futuro dessa espécie está intrinsecamente
ligado ao sucesso dos esforços de conservação.
Fontes: Animalia.bio, Bioone, Rai Bolivia, Forbes Perú, Rumbos del Peru, LOA, Mongabay, Peru Sumaq, Animales en el planeta, El comercio, Prezi, Elambienteron
Fotos: Macaco-barrigudo-de-cauda-amarela_by Kevin Schafer e segunda foto: Macaco-barrigudo-de-cauda-amarela_by Mark Bowler