Desafiando a extinção: a luta pela sobrevivência do cervo de eld siamês


 O cervo de Eld (Rucervus eldii), uma espécie residente nas florestas secas das terras baixas do importante centro de biodiversidade da Indo-Birmânia, enfrenta uma ameaça severa devido à caça excessiva e à transformação de seus habitats naturais. Como resultado, suas populações experimentaram um declínio acentuado, levando a uma situação de fragmentação grave e elevado risco de extinção. Dentre as três subespécies reconhecidas desta espécie, o Sangai (R. e. eldii), localizado no nordeste da Índia e anteriormente abundante no Vale de Manipur, chegou a ser considerado extinto, mas foi felizmente redescoberto no Parque Nacional Keibul Lamjao. O Thamin (R. e. thamin), que habitava Mianmar e o oeste da Tailândia em grandes números nas planícies centrais de Mianmar, agora está confinado a apenas duas populações principais. Por último, o cervo de Eld siamês (Rucervus eldii siamensis), com seu habitat estendendo-se pela Indochina até a Ilha de Hainan na China, e anteriormente encontrado na Tailândia, Laos, Camboja, Vietnã e Hainan, foi uma vez considerado extinto na natureza em toda a Indochina. Contudo, populações isoladas foram redescobertas em Laos e Camboja em 1998, trazendo uma nova esperança para a sua conservação.

Características e Habitat do Cervo de Eld Siamês

Habitando originalmente florestas e planícies pantanosas, o cervo de Eld siamês adaptou-se a uma dieta composta principalmente de arroz selvagem e plantas de zonas úmidas. Com uma altura de aproximadamente 1,25 m nos ombros e pesando até 150 kg, os machos são distinguíveis das fêmeas por sua pelagem mais escura e pelos mais longos e grossos sob o pescoço. Seus chifres únicos, que se projetam para trás e curvam-se para a frente, lembram a forma de uma lira, característica distintiva desta espécie fascinante.

Desafios de Conservação para o Cervo de Eld Siamês

Apesar de sua beleza e singularidade, o cervo de Eld siamês enfrenta várias ameaças severas, incluindo a caça desenfreada, a perda de habitat devido à expansão da agricultura e da pecuária, e a transmissão de doenças por animais domésticos. A caça furtiva, motivada pelo valor da carne, troféus e uso em medicamentos "tradicionais", juntamente com a fragmentação florestal, tem levado a uma dramática redução de sua população. A espécie tem como predadores naturais, tigres, leopardos e dholes. Embora na área do cervo, os tigres não sejam abundantes. Chacais e ocasionalmente cães selvagens também caçam o animal. Porém a caça furtiva por humanos é o que mais afeta as populações do cervo. No início dos anos 2000, a população global foi estimada em apenas 150 indivíduos, colocando a subespécie na categoria de "Em Perigo" segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).


Estratégias de Conservação em Ação

Um dos poucos refúgios para esta subespécie é a Reserva Animal Haute-Touche, na França, o único parque fora da Ásia que abriga o cervo de eld siamês. Esforços de conservação, como programas de reprodução em cativeiro e a cooperação internacional para o intercâmbio genético entre populações asiáticas e europeias, são cruciais para aumentar a diversidade genética e a viabilidade da espécie. A inseminação artificial com sêmen coletado de machos tailandeses e congelado representa uma estratégia promissora para reforçar a população em cativeiro.

Esperança Renovada: A Recuperação da População na Ilha de Hainan

Na China, a subespécie viu um retorno esperançoso com a população da Ilha de Hainan aumentando de um número crítico de 40 indivíduos na década de 1970 para cerca de 1.000 em 2003, graças a esforços de conservação rigorosos. A criação de populações em cativeiro e semi-selvagens em outras instalações contribuiu para este sucesso. No entanto, existe o receio de um gargalo genético, que poderia limitar a diversidade genética e, por conseguinte, a adaptabilidade da espécie a longo prazo.

A situação do cervo de eld siamês é um lembrete da complexidade dos desafios enfrentados na conservação de espécies ameaçadas. Apesar dos esforços consideráveis, a sobrevivência desta subespécie depende da implementação contínua de medidas de conservação eficazes, do aumento do financiamento para proteção e da sensibilização global para a sua plena recuperação.

Fontes: Wild Deer, Panda, Alchetron, Réserve Zoologique Haute-Touche, RUPP Journal, Recently Extinct Species, Thai National Parks, Animal Diversity, Scientific Reports, Global Ecology and Conservation

Fotos: Cervo de Eld-Siamês_Hauthe Touche_Divulgação e segunda foto: Cervo de Eld_Siamês_Alex Kantorovivh