A recente descoberta da pererequinha-de-bromélia-iuna
(Phyllodytes iuna) ampliou o conhecimento sobre a biodiversidade da Mata
Atlântica, uma das regiões mais ricas em espécies do mundo. Este anfíbio,
identificado na Estação
Ecológica Estadual de Wenceslau Guimarães, no sul da Bahia, destaca-se não
apenas pela sua novidade científica, mas também pelo seu ciclo de vida singular
e pela homenagem cultural embutida em seu nome.
Nome da espécie é uma homenagem à
capoeira
A Phyllodytes iuna foi
identificada por pesquisadores do Laboratório de Herpetologia Tropical da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) , sendo a décima
sexta espécie conhecida do gênero Phyllodytes no Brasil e a sétima endêmica da
Bahia. Curiosamente, o nome "iuna" é uma referência ao toque de
capoeira executado para formatura de alunos graduados ou no jogo entre mestres,
celebrando assim o rico legado afro-brasileiro.
Ciclo de vida da pererequinha tem
seu ciclo de vida totalmente vinculado às bromélias
As pererequinhas-de-bromélia
são notáveis por seu ciclo de vida integralmente vinculado às bromélias. Elas
depositam seus ovos nessas plantas, onde também ocorre o desenvolvimento dos
girinos e, posteriormente, o canto dos adultos. Esta associação estreita com as
bromélias tornou esses anfíbios menos documentados em expedições
científicas tradicionais, focadas em áreas mais aquáticas, como brejos e poças.
Girinos da espécie desempenham
papel ecológico positivo para a saúde humana
Além disso, os girinos de algumas
espécies de pererequinhas-de-bromélia desempenham um papel ecológico
significativo ao se alimentarem de larvas de mosquitos, potenciais
transmissores de doenças como dengue, zika e chikungunya. Portanto, a proteção
desses anfíbios contribui também para a saúde humana.
Descrição científica da espécie
demorou vários anos de pesquisa
A descrição da Phyllodytes iuna
foi publicada na revista científica Zootaxa em
novembro de 2023, após um trabalho de campo de uma década que resultou na
descrição de cinco espécies do gênero Phyllodytes pela equipe da UESC. Apesar
de a espécie ter sido registrada pela primeira vez em 2015, foi somente após o
encontro de mais exemplares em 2018 que sua descrição formal se tornou
possível. A pesquisa foi apoiada financeiramente pelo Programa
PROTAX do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.
Pesquisadores acreditam que há
novas espécies de pererequinhas-de-bromélia na região
Embora a Phyllodytes iuna
tenha sido encontrada apenas na Estação Ecológica de Wenceslau Guimarães até o
momento, os pesquisadores acreditam que há mais cinco novas espécies de pererequinhas-de-bromélia
ainda a serem descritas na região, indicando um potencial significativo e
inexplorado para a biodiversidade na Mata Atlântica.
Fonte: O Eco, Correio, G1Globo, Zootaxa
Foto: Pererequinhq-de-bromélia-iuna_by-Marcos-Vila-Nova