Desmão dos Pirineus: vida e sobrevivência de um raro mamífero europeu semiaquático


O desmão dos Pirineus (Galemys pyrenaicus), é um dos mamíferos mais peculiares e raros da fauna europeia, encontrando-se na França, Andorra, Espanha e Portugal. Este pequeno mamífero semiaquático, também referido como toupeira-de-água, rato-de-bico-comprido e rato-almiscareiro, pertence à ordem Insetívora. Há duas subespécies: o Galemys pyrenaicus pyrenaicus, que vive nos Pirineus na Fronteira entre a França e a Espanha e em Andorra, e o Galemys pyrenaicus rufulus que vive no noroeste da Espanha e norte de Portugal.

As estranhas características morfológicas e físicas

O desmão dos Pirineus apresenta um corpo fusiforme, desprovido de pescoço definido, com um focinho semelhante a uma tromba e vibrissas altamente móveis. Os olhos são pequenos, indicando um sentido de visão limitado, e não possui pavilhões auriculares, embora tenha uma audição apurada. Suas patas anteriores são pequenas com unhas fortes, enquanto as posteriores são espalmadas e robustas, adaptadas à vida aquática. A cauda longa e achatada e a pelagem densa e oleosa, com reflexos brilhantes que variam entre castanho-escuro e negro, são características distintas. O ventre do animal exibe uma cor mais clara. Adultos medem cerca de 12 cm e pesam em torno de 60 gramas.

Habitat da espécie é bastante específico e depende de recursos hídricos bem conservados

O habitat natural do desmão dos Pirineus inclui pequenos cursos de água montanhosos, com água fria, limpa e bem oxigenada. Preferem áreas com margens rochosas e grandes pedras emersas. A espécie é encontrada predominantemente nos Pireneus, além de certas áreas do norte e centro de Portugal e algumas províncias espanholas.

São animais solitários, alimentando-se principalmente de larvas aquáticas

Esses mamíferos são insetívoros, alimentando-se principalmente de larvas de invertebrados aquáticos. Exímios nadadores graças às suas patas palmadas e cauda, são capazes de realizar mergulhos seguidos e permanecer debaixo de água por cerca de trinta segundos. A sua dieta é complementada com crustáceos e pequenos vertebrados. O desmão dos Pirineus exibe um comportamento solitário e esquivo, sendo mais ativo à noite, embora também possa ser observado durante o dia.

Reprodução só ocorre na natureza, em cativeiro é muito difícil acontecer

A reprodução destes animais ocorre de janeiro a maio, com os machos marcando território e formando casais duradouros. Após uma gestação de 4 a 5 semanas, nascem ninhadas de 4 a 5 indivíduos. As fêmeas são responsáveis pelo cuidado das crias, que atingem a maturidade sexual ao completar um ano. É um animal que não consegue reproduzir em cativeiro. Várias tentativas frustradas ocorreram e acontece sempre que os exemplares entram em luta mortal com a perda de um dos indivíduos.

Áreas de distribuição das subespécies

São várias as ameaças e tentativas de conservação estão sendo feitas

Classificado como "em perigo" pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), o desmão dos Pirineus enfrenta várias ameaças, a maioria decorrente de atividades humanas que resultam na degradação do seu habitat. Mudanças climáticas, barragens, hidrelétricas e poluição das águas são fatores contribuintes para a diminuição de seu habitat. Esforços de conservação incluem planos de ação nacionais e programas como o Life+ Desmão, visando a preservação e recuperação de suas populações.

O desmão dos Pirineus, um mamífero único e adaptado à vida aquática, enfrenta desafios significativos para sua sobrevivência. A compreensão e preservação de seu habitat são essenciais para garantir a continuidade dessa espécie fascinante e pouco conhecida.

Fontes: Efecto paraguas, 20 minutes, Wilder, Natgeo, Especes-menacees, SETA 

Fotos: Desmão dos Pirineus_Efecto paraguas e segunda foto: desmão dos Pirineus_Gerard Monge