A arara-de-testa-vermelha
(Ara rubrogenys), conhecida localmente como Guacamayo de Cochabamba,
é uma espécie endêmica da Bolívia, habitando uma área montanhosa
semidesértica de cerca de 200 km a oeste de Santa Cruz. Esta região,
caracterizada por seu clima semiárido com noites frias e dias quentes,
representa um habitat atípico para araras, geralmente encontradas em ambientes
mais úmidos e densamente florestados. A vegetação local é dominada por cactos e
arbustos espinhosos, com a arara nidificando em fissuras verticais em falésias,
uma adaptação única devido à escassez de grandes árvores em sua área de
distribuição.
Espécie de rara beleza e uma
das menores araras tem atraído a atenção de traficantes de aves
Com um comprimento de 55 a 60
centímetros, são as menores das araras, e atinge 525 g. de peso. Esta espécie exibe uma plumagem
predominantemente verde com uma testa vermelha vibrante, manchas laranjas e uma
área de pele rosada ao redor dos olhos que se estende até o bico. A beleza
desta ave, no entanto, tem atraído a atenção indesejada de traficantes de
aves, contribuindo para sua situação crítica de conservação.
Agricultores veem a
arara-de-testa-vermelha como uma ameaça a suas colheitas
As araras-de-testa-vermelha
são notáveis por sua sociabilidade, frequentemente observadas em pequenos
grupos e são conhecidas por seu comportamento barulhento e nada tímido. Elas
passam um tempo considerável no chão, alimentando-se de amendoins, milho de
campos cultivados, cactos e outras frutas selvagens. Essa dieta as coloca em
conflito com os agricultores locais, que muitas vezes as veem como uma ameaça
às suas colheitas.
População dessas araras
diminuiu drasticamente devido a vários fatores
Infelizmente, a população desta
arara diminuiu drasticamente nas últimas décadas, com estimativas atuais
indicando que restam apenas cerca de 800 exemplares na natureza sendo que
destes somente 272 são indivíduos maduros reprodutores. Essa diminuição é
atribuída a uma combinação de fatores, incluindo a captura para o comércio
ilegal de animais de estimação, a perseguição por agricultores e a degradação
do habitat. A região dos Vales Secos Interandinos, localizada entre os
Andes e o Chaco, tem enfrentado impactos significativos devido ao uso intensivo
do solo para atividades agrícolas e pecuárias, além da extração de madeira e
expansão agrícola. Mudanças climáticas recentes, especialmente a severa
seca de 2016, exacerbaram ainda mais esses desafios, afetando a disponibilidade
de alimentos e água para a arara.
Áreas protegidas tem sido criadas para tentar salvar a ararinhas em estado selvagem
Em resposta a essas ameaças,
foram estabelecidas áreas protegidas, como o Parque Nacional Toro Toro e a Área
Natural de Gestão Integrada El Palmar, e a Asociación Armonía
criou uma reserva de 50 hectares para proteger a maior colônia de reprodução
conhecida da espécie. Além disso, esforços de conservação envolvem campanhas
educativas e o desenvolvimento de fontes alternativas de renda para as
comunidades locais.
Situação da espécie é crítica
havendo somente quatro subpopulações dessa ave
Apesar destas iniciativas, a arara-de-testa-vermelha
continua criticamente ameaçada, com uma estruturação genética significativa
entre suas quatro subpopulações identificadas e quase nenhum fluxo gênico.
Há um número significativo de exemplares da espécie em Zoológicos dentro e fora
da Bolívia, bem como em inúmeras coleções privadas, no entanto não há nenhum
plano de manejo formal. Ações futuras propostas incluem a elaboração de um plano
de manejo para aves em cativeiro e a incorporação de aves apreendidas do comércio
ilegal em programas de conservação ex-situ.
Fontes: Mascotarios, Tribo das aves, Zoo DF, Parrot’s Place, Animal Diversity, Bird Life International, Mundi Aves, Vevico, Mongabay, Asociación Armonía
Fotos: Ararinha-de-testa-vermelha_by Frank Wouters e segunda foto: Ararinha-de-testa-vermelha_by S.Reichle