O vison europeu, também conhecido como doninha-europeia (Mustela lutreola), é um notável representante do patrimônio natural europeu, caracterizado por seu corpo alongado e flexível, pernas curtas e orelhas pequenas. Distingue-se por uma mancha branca no focinho e nos lábios e raramente pesa mais de um quilo ou mede mais de 50 centímetros. Adaptado à vida semiaquática, o vison europeu depende fortemente de zonas húmidas, utilizando uma variedade de ambientes aquáticos, desde cursos de água a pântanos, e alimentando-se de uma dieta variada que inclui anfíbios, mamíferos, peixes, aves e crustáceos.
Vison europeu é um dos
carnívoros mais ameaçados da Europa
Historicamente difundido em toda
a Europa, o vison europeu viu sua população sofrer um declínio
significativo. Hoje, estima-se que tenha perdido 85% de sua área de
distribuição original. De acordo com a União Internacional para a Conservação
da Natureza (IUCN), o vison europeu é um dos carnívoros mais ameaçados
da Europa. Atualmente, sua presença está restrita a populações isoladas em
regiões específicas, como o norte da Espanha, sudoeste da França, delta do
Danúbio na Romênia, Ucrânia, partes da Rússia e Estônia, com uma população
especialmente notável na Ilha Hiiumaa na Estônia. Houve duas reintroduções no
Sarre (Saarland em alemão), Alemanha, a poucas dezenas de quilômetros da fronteira
francesa, sendo possível que hoje já estejam presentes em território francês,
constituindo uma nova população nesse país.
Desaparecimento de áreas
úmidas é um dos principais fatores no declínio da população da espécie
Vários fatores contribuíram para
esse declínio, a maioria de origem antropogênica. A degradação e
desaparecimento das zonas úmidas, devido à intensificação agrícola,
regulação de rios, urbanização e poluição, impactaram diretamente o vison
europeu, comprometendo seus habitats de descanso, reprodução e caça.
Adicionalmente, o desenvolvimento rodoviário causou um aumento na mortalidade
por colisões. Contudo, uma ameaça notável tem sido a introdução e expansão do vison
americano (Mustela vison) na Europa. Originário da América do Norte e
inicialmente trazido para a França para o comércio de peles no século XX, o
vison americano tornou-se uma espécie exótica invasora, competindo diretamente
com o vison europeu por recursos e habitat.
Esforços de reprodução em
cativeiro tem obtido relativo sucesso na soltura de animais
Em resposta ao declínio, esforços
têm sido feitos para conservar a espécie. programas de reprodução em
cativeiro foram estabelecidos e, na Estônia, mais de 500 visons foram
reintroduzidos na Ilha Hiiumaa desde 2000, com a população agora estabilizada
entre 160 e 250 indivíduos. Na Espanha, a população estimada do vison
europeu é de 500 indivíduos, restrita ao nordeste do país. A Fundação para a Investigação em Etologia
e Biodiversidade (FIEB) realiza um projeto de reprodução desde 2013, com
sucesso. Em 2022, em seu Centro de Reprodução de Reprodução em Cativeiro e
Estudo do Vison Europeu localizado em Toledo, Espanha, nasceram 28 crias que
depois serão reintroduzidos na natureza para reforçar as populações selvagens.
Na França, estima-se haverem menos de 250 exemplares do vison europeu.
Recuperação do vison europeu
dependerá da continuidade dos esforços atuais
Somente o esforço contínuo na
recuperação de áreas úmidas, a reprodução em cativeiro com posterior
soltura e serem adotadas medidas para evitar a expansão do vison americano
é que o vison europeu terá chances de sobreviver no futuro. Além disso,
as experiências de reintrodução da espécie têm demonstrado que a possibilidade
é alta de formação de novas populações e a manutenção da diversidade genética
da espécie.
Fontes: Britannica,The Guardian,Vincent Wildlife Trust,Wilder,Gobierno de Aragón, LPO, Zoo-Córdoba, Nature World News, University of Amsterdam, BFN, Ministére de la Transition
Écologique
Foto: Vison europeu_by Petr Mückstein