O sapo galinha-da-montanha (Leptodactylus fallax) também conhecido como sapo gigante é uma das maiores espécies de sapos do mundo, podendo alcançar até 1kg de peso e 20 centímetros de comprimento, com fêmeas superando os machos em tamanho. Esta espécie, nativa das Caraíbas, exibe uma coloração castanho-avermelhada e creme que lhe proporciona uma camuflagem eficaz no chão da floresta. Ademais, as suas robustas pernas em forma de baqueta permitem-lhe saltos impressionantes, ultrapassando a altura de um humano adulto.
Sapo galinha-da-montanha foi
extinto em diversas ilhas do Caribe
Infelizmente, ao longo dos anos,
diversos fatores contribuíram para o declínio alarmante de sua população. A caça
excessiva e a perda contínua de habitat, impulsionada pelo avanço da
agricultura, desenvolvimento turístico e assentamentos humanos,
colocaram pressão significativa sobre esses anfíbios. Além disso, em
Montserrat, as erupções vulcânicas dizimaram suas populações, exceto nas
colinas centrais. Como resultado dessas adversidades, o sapo foi declarado
extinto em Guadalupe, Antígua e outras ilhas onde anteriormente habitava.
Resta um pequeno número da
espécie em estado selvagem n Dominica
Originalmente, o sapo
galinha-da-montanha era encontrado em várias ilhas do Caribe, incluindo
Montserrat e Dominica. Contudo, pesquisas recentes revelaram uma situação
alarmante: restam apenas 21 indivíduos na Dominica, tornando-a a última
fortaleza da espécie. Este declínio surpreendente, ocorrido em apenas duas
décadas, chocou a comunidade biológica, representando uma das mais rápidas
erradicações de uma espécie selvagem já registradas.
Fungo quitrídeo eliminou grande
parte da população do galinha-da-montanha restante
A situação tornou-se ainda mais
crítica com a introdução do fungo quitrídeo (Batrachochytrium
dendrobatidis). Desde meados dos anos 2000, este patógeno devastou as
populações em Dominica e Montserrat. Pesquisas indicam que, em apenas um ano
após sua chegada a Montserrat, em 2009, o fungo eliminou mais de 80% da
população da ilha. Devido a essas ameaças contínuas, a Lista Vermelha da
União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) classifica o galinha-da-montanha
como criticamente ameaçado.
Além do fungo outros fatores
contribuíram para o declínio da população da espécie
Além da chegada da quitridiomicose
em 2002, vários outros fatores contribuíram para essa drástica diminuição que
devastou mais de 99% da população de sapos existentes. Adicionalmente, apesar
de a espécie ter resistido a furacões, erupções vulcânicas e caça ao longo dos
séculos, o furacão Maria de 2017, o mais forte a atingir a ilha, reduziu
a população em mais de 90%, exacerbando a situação já frágil.
Esforços de conservação da sapo
galinha-da-montanha incluem sua criação em cativeiro
Para combater essa tendência
preocupante, foram lançadas diversas iniciativas de conservação. Em 1999, o Durrell Wildlife Trust (DWT) transferiu
exemplares da espécie para o Zoológico
de Jersey, com o intuito de estabelecer um programa de reprodução em
cativeiro. Em colaboração com outros zoológicos, esses esforços resultaram em
sucesso reprodutivo significativo. Mais tarde, à medida que o fungo se
alastrava por Montserrat, 50 dos últimos exemplares saudáveis foram
transportados para jardins zoológicos na Europa, incluindo o Reino Unido e a
Suécia, onde têm se reproduzido com sucesso. Estes sapos criados em
cativeiro agora servem como uma rede de segurança, garantindo a
continuidade da espécie caso desapareça completamente na natureza.
Reintroduções do
galinha-da-montanha tem sido feitas em Montserrat
A Zoological
Society of London (ZSL) estabeleceu um criadouro de conservação na Dominica
e realizou reintroduções na natureza em Montserrat. Em parceria com
organizações locais, buscando monitorar e conservar as remanescentes populações
de sapos galinha-da-montanha.
A Divisão
Florestal e Ambiental de Montserrat, em parceria com a Fauna and Flora International, tem
monitorado as populações remanescentes desde 1998. Adicionalmente, desde 2011,
várias levas de sapos criados em cativeiro foram reintroduzidas em Montserrat,
com esforços contínuos para estabelecer populações autossustentáveis na ilha.
Sapo galinha-da-montanha tem
enorme significado cultural em Dominica
Esses anfíbios não só são incríveis
pela sua biologia, mas também possuem uma profunda relevância cultural. Na
Dominica, o sapo galinha-da-montanha era um prato nacional, amplamente
consumido até o seu acentuado declínio. Esta conexão cultural é tão profunda
que o animal figura no brasão de armas da nação.
Mudanças climáticas têm agravado
a situação do galinha-da-montanha
No entanto, desafios permanecem. As mudanças
climáticas têm causado secas, levando os sapos a buscar água perto de
estradas movimentadas, ampliando os riscos. Além disso, as atuais populações em
Dominica habitam terras sem proteção oficial.
Confrontado com doenças, perdas de
habitat, espécies invasoras, alterações climáticas e poluição, o futuro
do sapo galinha-da-montanha é incerto. A sua drástica redução sublinha a
urgência de medidas de conservação. Apesar dos desafios formidáveis, a
determinação das organizações e pesquisadores envolvidos oferece uma esperança
tênue para o futuro desta espécie icônica. Com esforços continuados de
conservação, há uma chance de que o galinha-da-montanha retorne dos
limiares da extinção para prosperar mais uma vez em seu habitat natural.
Fontes: The Guardian, Terra, Executive Digest, Tempo, Amphibia Web,
Academic Accelerator, ChesterZoo, Gone Froggin, National Geographic, Loop News, Nature Table, ZSL
Foto:Sapo Galinha-da-Montanha_by Roman Hynek