Cientistas brasileiros, em uma demonstração de pesquisa colaborativa, revelaram ao mundo uma nova espécie de pequeno sapo. Situada no Parque Estadual da Serra Negra, em Itamarandiba, Minas Gerais, essa descoberta ocorreu no topo de uma montanha da Serra do Espinhaço. A nova espécie foi batizada de Crossodactylodes serranegra.
Dedos de tonalidade alaranjada
são uma característica exclusiva desta espécie
Crossodactylodes serranegra
destaca-se por sua peculiar coloração marrom claro no corpo, complementada por
dedos de tonalidade alaranjada – uma característica distintiva que o diferencia
de outras espécies. Esta espécie foi encontrada em um habitat que já era
considerado propício para a presença de outros membros do gênero Crossodactylodes.
Este trecho da floresta, situado a mil metros de altitude, é composto por
árvores baixas, arbustos, musgos, líquens e uma alta concentração de bromélias.
Vale ressaltar que essa não é a primeira vez que a região ganha destaque pela
descoberta de nova espécie de anuro. Em 2013, outro pequeno sapo o Crossodactylodes
itambe também foi identificado neste ambiente.
Descoberta contou uma ampla
colaboração interinstitucional
A descoberta, publicada na revista
científica Herpetologica
em junho, contou com a participação de pesquisadores do Instituto de Biociências da Unesp Rio Claro,
da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG),
da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade de Kent (Reino Unido) e do Instituto
Biotrópicos.
Crescimento expressivo na
descoberta de novos sapos nos últimos anos
O Brasil tem sido um importante
campo de pesquisa quando se trata de biodiversidade anfíbia. Desde 2019,
cinquenta novas espécies de sapos foram adicionadas à Lista de Anfíbios do
Brasil, conforme informado pela Sociedade Brasileira de Herpetologia (SBH).
Esse crescimento expressivo nas descobertas amplia a reputação já consolidada
do Brasil como o país com o maior número de espécies de anfíbios
conhecidas.
As diferentes espécies de sapos
tem peles com potencial para o desenvolvimento de medicamentos
Estes pequenos sapos desempenham um
papel crucial nos ecossistemas em que habitam. Além de serem predadores
naturais de mosquitos e outros insetos, possuem substâncias bioativas em sua
pele que têm potencial para o desenvolvimento de medicamentos. Eles
também servem como bioindicadores da saúde dos biomas – sua presença
indica ecossistemas equilibrados, enquanto sua ausência pode sinalizar
problemas ambientais.
Futuro desses pequenos sapos é
incerto devido ao aumento do aquecimento global
Entretanto, o futuro dessas
criaturas é incerto. Os anfíbios anuros são especialmente vulneráveis ao aquecimento
global, dadas as características de suas peles finas e permeáveis e sua
dependência de áreas úmidas para reprodução. Com o desmatamento e a
fragmentação de habitats, somados às mudanças climáticas, a existência
dessas espécies torna-se cada vez mais ameaçada.
Microendemismo é uma
característica desses pequenos sapos
Espécies como Crossodactylodes
serranegra são caracterizadas pelo microendemismo. Isso
significa que elas têm uma distribuição geográfica extremamente limitada,
frequentemente restrita a uma única montanha ou região. Assim, a nomeação e
descrição de novas espécies são etapas fundamentais para sua conservação, já
que possibilitam avaliações precisas sobre seu estado de conservação e a
implementação de políticas e ações de preservação adequadas.
A identificação do Crossodactylodes
serranegra reforça a importância da pesquisa científica na compreensão
da biodiversidade brasileira e na formulação de estratégias de conservação. Com
o melhor entendimento sobre a riqueza biológica do Brasil, é possível
direcionar esforços mais eficientes para a proteção de espécies vulneráveis e
em risco de extinção, garantindo assim, o equilíbrio e a saúde dos inestimáveis
ecossistemas brasileiros.
Fontes: O
Tempo, Jornal
da Unesp, Estadão,
Terra, Jornal
da cidade, Herpetologica
Foto: Crossodactylodes serranegra_by Marcus Thadeu Teixeira Santos