O sagui-una (Saguinus niger), também conhecido
como sagui-preto ou mico-de-mão-preta, é uma espécie de primata
endêmico da Amazônia brasileira. Este pequeno representante da fauna local,
com medidas variando entre 22,8 e 37,8 cm e pesando em torno de 500 gramas,
exibe uma marcante pelagem de tons mesclados. Seus pelos na face, cabeça e
ombros são predominantemente pretos, enquanto o resto do corpo apresenta uma
combinação mosqueada de preto e amarelado.
Espécie é endêmica da Amazônia
brasileira
Esta espécie encontra-se
exclusivamente no Brasil, distribuindo-se ao sul do rio Amazonas. Esta
distribuição se estende desde o rio Xingu, no Pará, até o leste do rio Mearim e
abrange a ilha do Marajó, no Pará e o estado do Maranhão. Os limites
geográficos dessa espécie são marcados pelos rios Amazonas ao norte, Tocantins
a leste, Xingu a oeste e Gradaus ao sul. Recentemente, foram descobertas
evidências fotográficas de sua presença em Confresa, no Mato Grosso,
sinalizando, uma potencial, expansão da distribuição geográfica da espécie para
o sul. No entanto, na parte sul de sua distribuição, a maioria dos saguis-una
só consegue sobreviver nos fragmentos florestais existentes em propriedades
privadas.
Essa espécie de primatas preferem
florestas densas, mas adaptam-se a habitats fragmentados e perturbados.
O sagui-una habita
predominantemente a floresta amazônica, seja ela de terra firme ou sazonalmente
inundada. Estes animais são primatas arborícolas, com preferência por florestas
densas que proporcionem proteção contra predadores tanto aéreos quanto
terrestres. Contudo, com o avanço do desmatamento, especialmente na região do
"Arco do desmatamento", esses primatas têm sido obrigados a
adaptar-se a habitats fragmentados e perturbados.
Espécie é alimento de vários
predadores como aves de rapina, cobras e felinos
Os saguis-una são onívoros e
encontram-se constantemente ameaçados por uma variedade de predadores. Estão no
cardápio de aves de rapina, cobras e espécies de felinos, como o gato-maracajá
(Leopardus wiedii) e a jaguatirica (Leopardus pardalis). Seu tamanho
diminuto e comportamento arborícola tornam-nos presas fáceis, levando-os a
desenvolver táticas de defesa, como a utilização de folhagens densas para
esconderijo e o sono coletivo para proteção durante o repouso noturno.
Maior ameaça ao sagui-una é a
destruição e fragmentação do seu habitat por ações humanas
Infelizmente, a situação do sagui-una
é preocupante. Classificado como "vulnerável" pelo Ministério do Meio
Ambiente (MMA) e pela União Internacional para a Conservação da Natureza
(IUCN), estima-se que houve uma redução de 30% no tamanho de sua população nos
últimos 18 anos. Esta retração é resultado direto da destruição e fragmentação
de seu habitat por ações humanas, como assentamentos rurais, fazendas e
expansão urbana.
Uma das vantagens do sagui-una é
sua adaptabilidade a diferentes áreas florestais
Contudo, nem tudo é desolador. O sagui-una
mostrou-se um primata adaptável, capaz de habitar florestas primárias,
secundárias e até mesmo áreas exploradas. Atualmente, existem populações
encontradas em áreas protegidas, como a Reserva Biológica de Gurupí, a Reserva
Biológica de Tapirapé e a Floresta Nacional de Caxiuanã.
Descobriu-se, recentemente, que na realidade há duas espécies distintas de sagui-una
Desde 2013, especialistas tem
defendido que o Rio Tocantins se constitui numa barreira efetiva ao fluxo
gênico, o que faria com que o sagui-una, na verdade, seriam duas
espécies e não uma. Desde então com base na análise de DNA mitocondrial, bem
como pequenas diferenças na cor da pelagem e divergências morfológicas, o Saguinus
niger foi então dividido em duas espécies distintas: o Saguinus niger,
nomeado como mico-de-mão-preta ocidental (ou sagui-de-mão-preta
ocidental ou sagui-una-ocidental) que tem população a oeste do Rio
Tocantins; e o Saguinus ursulus, que é o mico-de-mão-preta-oriental
(ou sagui-de-mão-preta-oriental ou sagui-una-oriental) ficando a leste
do Rio Tocantins. Ambas as espécies estão classificadas pela IUCN como
vulneráveis (VU).
A conservação do habitat natural do sagui-una
é essencial para garantir a sobrevivência destas espécies. Assim, esforços
coordenados e políticas públicas eficazes são fundamentais para assegurar que
estas icônicas espécies da fauna brasileira sobrevivam à extinção.
Fontes: Zoo.DF, GBIF, ScientificLib,
Animalia, New England
Primate Conservancy, UFPA,
Mamíferos
do mundo
Fotos: Sagui-una_by Miguel Rangel Jr e segunda foto: Sagui-una_By Denilson Aleixo
Figura: Distribuição do sagui-una_by By IUCN Red List of Threatened Species