Em uma época em que a extinção de espécies está ocorrendo de modo cada vez mais acelerado, o chimpanzé-da-nigéria-camarões (Pan troglodytes ellioti) encontra-se particularmente vulnerável. Atualmente classificado como a subespécie de chimpanzé mais ameaçada da África, sua luta pela sobrevivência é um reflexo das pressões enfrentadas por muitos primatas selvagens no continente africano.
Vivendo em área restrita da Nigéria e Camarões essa
subespécie está em perigo de extinção
O chimpanzé comum é um grande símio que habita as florestas da África
Ocidental, Central e Oriental e é dividido em quatro subespécies. O chimpanzé-da-nigéria-camarões
é uma dessas subespécies, residindo em uma área restrita da Nigéria e Camarões.
Ele possui características que o distinguem de outros chimpanzés, como um rosto
mais escuro, cabelos mais longos nas laterais da cabeça e bochechas, e orelhas
menores. Os chimpanzés machos da Nigéria-Camarões podem pesar até 70 quilos,
com um comprimento de corpo de até 1,2 metros e uma altura de 1,3 metros. As
fêmeas são significativamente menores.
Como todos os chimpanzés essa subespécie diversifica sua
alimentação comendo carne
Em termos de comportamento alimentar, os chimpanzés-da-nigéria-camarões,
como todos os chimpanzés, são onívoros, alimentando-se principalmente de
frutas. No entanto, quando as frutas estão escassas, particularmente na estação
seca, eles demonstram adaptabilidade, explorando muitos outros recursos da
floresta. Adicionalmente, os chimpanzés caçam e comem carne. Os machos são
conhecidos por realizar caçadas cooperativas e organizadas em grupo, com
estratégias distintas para capturar suas presas, principalmente outros mamíferos.
Rede internacional de contrabando vende os filhotes do
chimpanzé como animais de estimação
Apesar de sua resiliência e adaptabilidade, esta subespécie de chimpanzé
está enfrentando riscos sérios de extinção. Segundo a Lista Vermelha da
IUCN, o chimpanzé-da-nigéria-camarões
está em perigo crítico, e estima-se que sua população tenha diminuído em
mais de 60% desde 2000. A caça é a maior ameaça imediata a esses primatas. Os
chimpanzés são frequentemente caçados por sua carne, que é altamente valorizada
no mercado devido ao seu tamanho. Além disso, os filhotes podem ser vendidos
como animais de estimação e acabam se tornando parte de uma rede
internacional de contrabando que fornece chimpanzés para proprietários
privados e a indústria do entretenimento.
O chimpanzé-da-nigéria-camarões também está ameaçado pela perda
contínua de habitat, resultante do desmatamento para exploração
madeireira comercial e agricultura de subsistência. Essas práticas transformam
a floresta, que é seu habitat natural, em um local onde eles têm dificuldade em
encontrar alimento suficiente e evitar caçadores. O crescimento exponencial da
população humana na região onde esses chimpanzés residem está exacerbando esses
problemas, levando ao desaparecimento de grandes porções de seu habitat.
Vivendo em área de alta densidade populacional o
chimpanzé-da-nigéria-camarões está com sua população em declínio acentuado
O chimpanzé-da-nigéria-camarões é a mais ameaçada de todas as
subespécies de chimpanzés atualmente reconhecidas e a menos numerosa, com uma
população total remanescente entre 6.500 indivíduos vivendo em habitat
florestal ao norte do rio Sanaga em Camarões, a borda leste da Nigéria, e em
fragmentos florestais no Delta do Níger e sudoeste da Nigéria. A distribuição
do chimpanzé-da-nigéria-camarões coincide com uma região de alta
densidade populacional humana, na qual houve considerável destruição e
fragmentação do habitat, além da falta de aplicação das leis de caça. Esses
fatores levaram à extinção deste chimpanzé em grande parte de sua área de distribuição
anterior. As populações desse primata no sudoeste da Nigéria estão se
aproximando da extinção devido, principalmente, à perda de habitat. A única
população relativamente segura dessa subespécie se encontra no Parque Nacional Gashaka-Gumti, na Nigéria, com uma população
estimada em 1.500 exemplares.
Alguns projetos tem obtido resultados positivos na
conservação desse raro primata
Para evitar que essa subespécie de chimpanzé seja extinta nos próximos
10 a 20 anos, iniciativas de conservação emergentes, como o The South-West/Níger Delta
Forest Project - Projeto de
Floresta do Sudoeste/Delta do Níger (SWNDF), estão pressionando para o
estabelecimento de áreas de conservação. Em 2020, o governo do estado de Ekiti,
na Nigéria, aprovou a criação da Ise Forest Conservation
Área - Área de Conservação
Florestal de Ise (IFCA), resultado de quase sete anos de pesquisa,
monitoramento e esforços de defesa da conservação. O IFCA tem como objetivo
proteger a frágil população de chimpanzés e seu habitat. Além disso, o
recrutamento e o treinamento de guardas florestais e a implementação de
um regime de patrulhamento e fiscalização são considerados elementos cruciais
para o sucesso desses esforços de conservação. Organizações como a The
Rufford Foundation estão
contribuindo com diversos projetos para enfrentar esses desafios.
As áreas protegidas são mal monitoradas e sofrem invasões
humanas frequentes
A invasão é outro problema nas reservas florestais dos habitats dos
chimpanzés na Nigéria. Essas reservas, controladas pelos governos estaduais,
são estabelecidas para promover o uso controlado dos recursos, e não como áreas
de proteção integral. Frequentemente mal monitoradas, elas são vulneráveis
à exploração madeireira, à caça de animais selvagens para carne e medicamentos
rituais tradicionais, e ao desmatamento para agricultura e assentamentos
humanos. Os departamentos florestais com poucos recursos e pessoal lutam para
enfrentar esses problemas. Atualmente o chimpanzé-da-nigéria-camarões
ocorre nas áreas protegidas do Parque Nacional Gashaka-Gumti e da Reserva
Florestal Ngel Nyaki , na Nigéria ; e
Banyang-Mbo Wildlife Sanctuary , Ebo Wildlife Reserve e Parque Nacional
Mbam Djerem , no Camarões.
Se não forem intensificados os esforços de conservação,
essa subespécie de chimpanzé poderá ser extinta nos próximos dez ou vinte anos
O chimpanzé-da-nigéria-camarões é uma subespécie do chimpanzé
comum que está à beira da extinção. A combinação de caça ilegal, perda de
habitat devido à agricultura e extração de madeira, e falta de cumprimento das
leis de conservação, têm posto em risco a sobrevivência desta importante
subespécie. Além disso, essa subespécie de chimpanzé continua praticamente
desconhecida e os estudos são raros. Agora, mais do que nunca, é essencial que
haja uma intervenção e esforços de conservação contínuos para proteger o
chimpanzé-da-nigéria-camarões e garantir sua sobrevivência. Sem a adoção de
medidas imediatas está subespécie, provavelmente, será extinta nos próximos dez
a vinte anos.
Fontes: Primates Park, Regional
Action Plan for the Conservation of the Nigeria-Cameroon Chimpanzee (Pan
troglodytes ellioti) , Karger,
Plos Genetics, BioOne,
University of
Canterbury, Ecology and
Evolution, BMC
Ecology, Tengwood
Organization, IUCN/Plano de ação para
conservação do chimpanzé de Nigéria-Camarões , Journal of
Research in Forestry, Wildlife and environment, San Diego Zoo,Journal
of Biodiversity Management & Forestry, Animalia.bio, Oryx, Mongabay, African
Conservation Foundation, New
England Primate Conservancy,
WWF
Foto: Chimpanzé-da-nigeria-camarões_New Primate Conservancy