Na Amazônia brasileira, bioma de uma biodiversidade incalculável, abriga uma espécie de primata conhecida como cuxiú-de-Uta-Hick (Chiropotes utahicki) também conhecido como cuxíú-barbudo-de-Uta-Hicki ou Saki-barbudo-de-Uta-Hicki. Já foi considerado subespécie do cuxiú-preto (Chiropotes satanas), mas a cor de seu dorso e antebraço difere desse último por ser de um marrom pálido, contrastando com as demais espécies de cuxiús-barbudos.
Distribuição da espécie é
extremamente restrita o que aumenta seu risco de extinção
Com uma distribuição geográfica
extremamente restrita, o cuxiú-de-Uta-Hick habita a região entre os rios
Tocantins-Araguaia e Xingu. Este ecossistema, conhecido como o Área
de Endemismo Xingu, apresenta 27% de sua área desmatada, sendo a segunda
região mais degradada da Amazônia. Apenas cerca de 20 a 30% de suas terras
estão protegidas por unidades de conservação de proteção integral, uso
sustentável e terras indígenas. A fauna desta região é notável pela diversidade
e endemismo, e o cuxiú-de-Uta-Hick é uma amostra singular dessa rica
biodiversidade.
Nestas paisagens fragmentadas e
ameaçadas, o cuxiú-de-Uta-Hick ocupa principalmente florestas de terra
firme. Com uma dieta composta principalmente de frutas, flores, castanhas e
sementes, estes animais desempenham um papel vital nos ecossistemas amazônicos
como dispersores de sementes.
Entre suas principais
características estão a enorme cauda e grande barba
Este primata é de tamanho
modesto, pesando até 3,1 kg e medindo de 30 a 60 cm de comprimento. Possui
grande barba, dois tufos na cabeça que formam um topete circular e sua cauda é
bem peluda parecendo um espanador. Sua cauda pode chegar até 50 cm de
comprimento. Formam grupos variando de 8-24 indivíduos, podendo em alguns casos
ultrapassar 30 indivíduos.
Felizmente essa espécie de
cuxiú pode ser encontrada em algumas unidades de conservação
O cuxiú-de-Uta-Hick pode
ser encontrado na Reserva Biológica de Tapindaré, na Área de Proteção Ambiental
Igarapé Gelado e na Floresta Nacional de Tapirapé-Aquirí, estas duas últimas
administradas pela Companhia Vale do Rio
Doce (CVRD). Também habita a Floresta Nacional do Itacaiúnas, criada em
1998 no município de Marabá, Pará. Esta floresta serve de refúgio para várias
espécies ameaçadas de extinção, incluindo o cuxiú-de-Uta-Hick.
A área de ocorrência da
espécie é altamente impactada pela presença humana
Infelizmente, a situação do cuxiú-de-Uta-Hick
é preocupante. A área onde ele ocorre está na região do Projeto Grande
Carajás, tornando suas populações potencialmente vulneráveis. A falta de
estimativas populacionais para a espécie, juntamente com o impacto humano
crescente nesta região da Amazônia, acentua o risco para o cuxiú-de-Uta-Hick
e destaca a necessidade urgente de pesquisa e medidas de conservação. Seu
status atual na Lista
Vermelha da IUCN é Vulnerável.
O cuxiú-de-Uta-Hick é
importante indicador da saúde ambiental dos ecossistemas onde vive
Preservar o cuxiú-de-Uta-Hick
é uma questão de extrema importância não só para a manutenção da
biodiversidade, mas também para a saúde geral dos ecossistemas da Amazônia.
Como dispersores de sementes, os cuxiús-de-Uta-Hick têm um importante papel
na manutenção da estrutura e da resiliência das florestas onde vivem.
Além disso, o cuxiú-de-Uta-Hick
é um indicador da saúde ambiental e da integridade dos habitats amazônicos. A
perda de populações de cuxiús pode sinalizar mudanças significativas nos
ecossistemas e, portanto, sua preservação é essencial para a proteção de todo o
bioma amazônico.
Pressão das atividades humanas
constitui a principal ameaça ao cuxiú-de-Uta-Hick
No entanto, os desafios são
significativos. A pressão constante de atividades humanas, como a extração de
recursos e a expansão da fronteira agrícola, tem tido um impacto dramático
sobre o habitat do cuxiú-de-Uta-Hick. Uma das formas de amenizar o
problema é que as políticas de proteção sejam reforçadas e que haja uma
expansão significativa das áreas protegidas.
Além disso, a realização de
pesquisas sobre a ecologia e o comportamento do cuxiú-de-Uta-Hick são
medidas necessárias para auxiliar as estratégias de conservação e gestão.
Isso inclui entender melhor sua distribuição, tamanho populacional e requisitos
de habitat. Até o momento não existem estimativas populacionais para a espécie,
informação fundamental para avaliar seu risco de extinção. As ações
necessárias para aumentar a proteção desse raro cuxiú devem ser feitas com
urgência, pois a região onde de ocorrência na Amazônia é uma das mais
impactadas pelas ações humanas.
Fontes: Ambiente
Brasil, Mindat, UNB,
Fandom,
New England Primate
Conservancy, Bio
Explorer, Instituto
Evandro Chagas (IEC)
Foto: Cuxiú-de-Uta-Hick_by Nina Wenóli e Imagem: Área de ocorrência do cuxiú-de-Uta-Hick__Wikimédia commons