Macacos roloway em perigo: esforços de conservação para salvar a espécie criticamente ameaçada de extinção


 Nas copas das florestas úmidas, antigas e pantanosas da África Ocidental, vive um primata fascinante e pouco conhecido: o macaco roloway (Cercopithecus roloway). Endêmico da Costa do Marfim e Gana, essa espécie se encontra em um estado crítico de conservação, sendo atualmente um dos 25 primatas mais ameaçados do mundo de acordo com a publicação Primates in Peril.

Longa barba branca é uma característica distintiva do macaco roloway

A imponente aparência do macaco roloway é marcada por uma pelagem cinza-escura com manchas carmesim e vermelhas, além de uma longa barba branca que flui do queixo. Os machos têm um comprimento médio de cabeça e corpo de 64 cm, enquanto as fêmeas medem cerca de 57 cm. Suas caudas são mais longas que seus corpos, dobrando seus comprimentos totais. Os machos pesam cerca de 5,2 kg, enquanto as fêmeas pesam aproximadamente 2,3 kg.

Esses primatas onívoros se alimentam principalmente de frutas, insetos, folhas e flores. O macaco roloway tem forte preferência por florestas primárias e é incapaz de sobreviver em ambientes degradados pelas atividades humanas. Atualmente, as poucas populações conhecidas vivem em bolsões de selva com florestas ainda relativamente intactas na Costa do Marfim e Gana.

São arborícolas que vivem preferencialmente na copa das árvores de florestas prmárias

O macaco roloway é ativo durante o dia, perambulando pela floresta em grupos de 6 a 22 indivíduos, em busca de insetos ou frutas para comer. Eles são primatas arborícolas que preferem viver nas copas das árvores, percorrendo as florestas de mangue, onde há um suprimento constante de comida, água e proteção. Eles usam vocalizações e posturas corporais para se comunicar.

Contudo, pouco se sabe sobre o comportamento e o estilo de vida desses primatas devido à sua natureza esquiva e evasiva. Eles evitam o contato com seres humanos e fogem sempre que possível. A predação não humana ocorre principalmente por leopardos e grandes aves de rapina. No entanto, a influência mais significativa no declínio da população desses primatas provém dos próprios humanos, que pressionam a espécie com a destruição de seu habitat e da caça.

Ameaças, como a caça, e número reduzido da população são os principais fatores de risco da espécie

O macaco roloway é classificado como Criticamente Ameaçado pela IUCN, com uma população estimada de apenas 300 indivíduos na natureza de acordo com pesquisa recente realizada pelo Centro Suíço de Pesquisa Científica da Costa do Marfim, na Floresta Tanoé-Ehy onde vive a maior população da espécie.  A caça para consumo de carne de caça tem sido uma das principais ameaças ao primata, contribuindo para um declínio de mais de 90% da população nas últimas décadas.

As únicas populações significativas de macacos Roloway vivem em duas florestas: a Floresta Tanoé-Ehy, na Costa do Marfim, e a Floresta Kwabre, em Gana que juntas formam um santuário transfronteiriço onde sobrevivem várias espécies ameaçadas de extinção. Alguns indivíduos de macacos roloway foram vistos na Reserva Florestal Dassioko Sud, na Costa do Marfim e no Parque Nacional Kakum, em Gana, sugerindo a possibilidade de que existam outros grupos, ignorados pelas pesquisas.

Além da caça, a fragmentação do habitat dificulta a sobrevivência dos macacos roloway

Além da caça, a perda de habitat causada pela extração de madeira, produção de carvão e conversão de florestas para agricultura também ameaça a sobrevivência do macaco roloway. Projetos de infraestrutura, como a construção de estradas e a expansão urbana, também são fatores de ameaça. Esses projetos fragmentam o habitat desses animais, levando ao isolamento de populações e reduzindo o acesso a recursos, o que dificulta sua sobrevivência.

Outro fator que contribui para o declínio do macaco roloway além da caça é o comércio ilegal de animais silvestres. A demanda por carne de animais silvestres, conhecida como "bushmeat", é uma prática comum na África Ocidental, incluindo a carne de primatas. Além disso, os roloways também são capturados e vendidos como animais de estimação exóticos, o que contribui para o declínio de sua população na natureza.

Organizações nacionais e internacionais juntamente com os governos locais estão tentando salvar a espécie da extinção

Organizações de conservação, entre as quais a Global Wildlife Conservation , o Centro Suíço de Pesquisa Científica na Costa do Marfim, Florida Atlantic University, a Ação de Conservação de Primatas da África Ocidental – WAPCA entre outras, juntamente com os governos locais, estão trabalhando em parceria para tentar reverter a situação crítica dos macacos roloway. Algumas das medidas tomadas incluem: Reforço das leis de proteção e aumento das patrulhas de fiscalização para combater a caça e o comércio ilegal de animais silvestres. Campanhas de conscientização e educação da população local sobre a importância dos macacos roloway para o equilíbrio do ecossistema e a necessidade de preservá-los. Implementação de projetos de reflorestamento e recuperação de habitats degradados, visando aumentar e conectar áreas de habitat para os macacos. E, monitoramento das populações de roloways, utilizando métodos como foto-armadilhas e censos, para acompanhar o sucesso das medidas de conservação e adaptar estratégias conforme necessário.

Criação em cativeiro é o último recurso para não ocorrer o completo desaparecimento do macaco roloway

Além disso há esforços para a criação em cativeiro do macaco roloway como uma medida importante para ajudar a garantir a sobrevivência da espécie. Diversos zoológicos e instituições de conservação trabalham juntos em programas coordenados de reprodução para aumentar a população e a diversidade genética desses animais. A Associação Europeia de Zoológicos e Aquários (EAZA) tem um papel fundamental nesses esforços, estabelecendo diretrizes e estratégias para a reprodução em cativeiro através do Programa Europeu de Espécies Ameaçadas de Extinção (EEP). O EEP do macaco roloway visa melhorar o manejo genético, o bem-estar animal e o intercâmbio de informações entre as instituições participantes. Além disso, a EAZA promove a conscientização do público sobre a importância da conservação dessa espécie e as ameaças que enfrenta em seu habitat natural. Através desses esforços, espera-se que a criação em cativeiro possa contribuir significativamente para a recuperação e a preservação do macaco roloway no futuro. Há 36 macacos da espécie em zoológicos que participam do programa europeu EEP.

Provavelmente a última esperança de sobrevivência do macaco roloway pode estar em programas de criação em cativeiro que podem manter a espécie existindo por tempo suficiente para se recompor florestas adequadas nas quais um dia possam ser soltos.

A preservação do macaco roloway é essencial para a manutenção da biodiversidade da região e para a saúde dos ecossistemas em que vivem. Ações de conservação bem-sucedidas podem ajudar a garantir a sobrevivência dessa espécie e de outras que compartilham seu habitat.

Fontes: New England Primate Conservation, Animal Diversity, WAPCA, Yorkshire Wildlife Park, Tier Park Berlin, Gbif, La Palmyre Zoo, Eol, Fota WildLife Park, Mongabay

Foto:Macaco roloway_by Damian Entwistle