Os macacos-aranha-marrons
(Ateles hybridus) também conhecidos como choibo ou marimonda
del Magdalena são primatas ameaçados de extinção que habitam exclusivamente
as florestas da Venezuela e Colômbia. Esta espécie é uma das sete espécies e
sete subespécies conhecidas de macacos-aranha encontradas nas Américas
Central e Sul.
Há duas subespécies
reconhecidas do macaco-aranha-marrom
Os macacos-aranha-marrons,
estão restritos a terras baixas úmidas tropicais e subtropicais na Venezuela e
na Colômbia. Existindo duas subespécies reconhecidas o Ateles hybridus
hybridus que ocorre tanto na Colômbia quanto na Venezuela, habitando
florestas desde a margem direita do Rio Magdalena até áreas que se estendem até
o oeste da Venezuela. E o Ateles hybridus brunneus que só pode ser
encontrado na Colômbia, variando entre os baixos Ríos Cauca e Magdalena nos
departamentos de Bolívar, Antioquia e Caldas.
Na Venezuela, os macacos-aranha-marrons
estão distribuídos nas florestas tropicais da Bacia do Lago Maracaibo, nos
estados de Tachira, Trujillo e Apure, na Serrania de Perija no estado de Zulia,
no Parque
Nacional Sierra Nevada no estado de Mérida, na Reserva Florestal Ticoporo e Reserva Florestal Caparo no estado de
Barinas, Reserva Florestal San Camilo
no estado Apure, no Parque
Nacional El Avila e Parque Nacional
Guatopo.
Espécie apresenta braços e
pernas longos o que lhes permite mover-se rapidamente na floresta
Os macacos-aranha marrons
têm uma cabeça pequena em relação ao corpo e uma cauda longa e preênsil que
lhes permite agarrar ramos e se mover facilmente pelas árvores. Além disso,
possuem braços e pernas longos, permitindo que se movam rapidamente pelas copas
das árvores.
O corpo do macaco-aranha-marrom
tem um comprimento de cerca de 50 cm, com uma cauda de cerca de 75 cm e o peso
corporal é de 9 kg. Eles possuem um
pelagem marrom-avermelhada que varia em tonalidade e padrão. Uma característica
distintiva desta espécie é a mancha triangular branca na testa e linhas brancas
fracas nas laterais do rosto. A cor da íris é geralmente marrom e alguns
indivíduos têm olhos cinza-azulados.
Macacos-aranha-marrons
preferem florestas com árvores altas e maduras que possuem arvores frutíferas
maiores e mais abundantes
Os macacos-aranha-marrons
são arborícolas e são encontrados principalmente em florestas tropicais perenes
primárias de terras altas e baixas onde se locomovem com facilidade devido aos
seus membros excepcionalmente longo. São especialistas em habitat preferindo florestas
antigas não perturbadas (florestas primárias) e raramente habitam florestas
perturbadas com dossel menos completo (florestas secundárias). As florestas
primárias têm árvores altas e maduras, um dossel contínuo, um sub-bosque
com pouca vegetação rasteira e árvores frutíferas significativamente maiores e
mais abundantes do que as florestas secundárias. Uma razão para a escolha do
habitat é que sua dieta consiste principalmente de frutas.
Os macacos-aranha-marrons
são animais sociais, vivendo em grupos de até 35 indivíduos liderados por uma
fêmea. Eles são principalmente frugívoros, se alimentando de frutas, sementes e
flores, mas também comem folhas, insetos e pequenos vertebrados durante as
estações secas. Os macacos-aranha-marrons são importantes dispersores de
sementes, ajudando a manter a diversidade da floresta.
As duas subespécies do
macaco-aranha-marrom estão criticamente ameaçadas de extinção
As duas subespécies do macaco-aranha-marrom
estão listadas como Criticamente Ameaçadas na Lista
Vermelha da IUCN e fazem parte da lista dos “25 primatas mais ameaçados
do mundo” da publicação Primates in Peril
(Primatas em Perigo) que é feita em conjunto com o Primate Specialist Group (PSG), da IUCN,
e a Sociedade
Internacional de Primatologia (IPS). Grandes proporções dos habitats do
macaco-aranha-marrom foram convertidas em terras para agricultura e muitos dos
habitats restantes estão cercados por populações humanas e estradas. A
fragmentação do habitat leva à separação das populações de macacos-aranha-marrons,
o que pode levar à endogamia, diminuição da variabilidade genética e aumento da
suscetibilidade a doenças. Apenas 0,67% de sua distribuição é protegida,
portanto há uma necessidade urgente de áreas de conservação.
Subespécie que vive uma
situação mais crítica é a Ateles hybridus brunneus
A subespécie Ateles hybridus
brunneus corre maior risco de extinção porque, além de outras ameaças comuns
às duas subespécies, a área de distribuição desta é menor e nenhuma área
protegida nacional contém uma população confirmada. Apenas o Parque
Natural Nacional Selva de Florencia no limite sul da distribuição histórica
desta subespécie, pode abrigar uma população, havendo uma população confirmada
a 61 km desta área. Este Parque é a única área protegida existente em
todo o espaço coberto por esta subespécie.
A caça também é uma ameaça
significativa aos macacos-aranha-marrons. Eles são caçados para alimentação,
comércio de animais de estimação e uso em medicina tradicional. Além disso, a
caça de outros animais na floresta pode causar perda de habitat e perturbação
do ecossistema em que os macacos vivem.
Várias entidades tem se
empenhado na conservação dos macacos-aranha-marrons
Algumas medidas de conservação
têm sido adotadas para proteger os macacos-aranha-marrons e seu habitat.
Na Colômbia, a espécie é protegida por leis nacionais de proteção da vida
selvagem, que proíbem a caça, a captura e a venda dessa espécie e de outras
espécies ameaçadas.
Além disso várias organizações
têm se envolvido na proteção aos macacos-aranhas-marrom, uma delas é a Fundacion Proyeto Primates que desenvolve
projeto que visa aumentar a resiliência a longo prazo das populações selvagens
da espécie através da reconexão dos principais fragmentos florestais em
Cimitarra, na Colômbia. Este projeto, é importante porque a fundação identificou
vários indivíduos da espécie com albinismo parcial (leucismo), o que
pode ser consequência da endogamia e perda da variabilidade genética
da espécie. O principal motivo para a
necessidade urgente deste projeto é que o choibo é uma espécie muito
sensível à perda de habitat e devido ao seu grande porte precisa de grandes
áreas de florestas para viver e nas áreas onde vive, mais de 85% da cobertura
florestal foi perdida e o que resta é altamente fragmentado.
Outra organização atuante na
proteção ao macaco-aranha-marrom é a Fundação Proaves, que
realiza trabalho na reserva El Paujil
localizada na Serranía de las Quinchas, entre Puerto Boyacá (Boyacá) e Bolívar
(Santander), onde foi feito o monitoramento de armadilhas fotográficas e
preservados 3.200 hectares onde o macaco conseguiu se abrigar.
Para essas organizações, bem como
para outras instituições como a Fundación Biodiversa,
a Wildlife Conservation Society (WCS) e a Conservation International (CI), que
também se interessaram por sua conservação, o processo teve que incluir o
trabalho com a comunidade para que os moradores conheçam a situação crítica
desses primatas, e se envolvam cada dia mais com seus cuidados e deixem a caça
de lado.
Destruição contínua do habitat
coloca em maior risco a espécie demandando maior esforço para garantir a
existência desse animal icônico
Embora haja esforços
significativos para proteger os macacos-aranha-marrons, ainda há muito a
ser feito para garantir a sobrevivência a longo prazo da espécie. A destruição
contínua do habitat é uma ameaça crítica para os macacos-aranha-marrons
e outras espécies ameaçadas que vivem nas florestas da Colômbia e Venezuela. É
importante que as autoridades governamentais e as organizações internacionais
trabalhem juntas para proteger esses ecossistemas vitais e promover
práticas de desenvolvimento sustentável.
Outra medida importante é aumentar
a conscientização pública sobre a importância da conservação dos macacos-aranha-marrons
e de outros primatas ameaçados. Os macacos-aranha-marrons são uma
espécie icônica da América do Sul, se encontram criticamente ameaçados e são um
importante indicador da saúde do ecossistema da floresta tropical. A educação
pública pode ajudar a reduzir a demanda por comércio de animais de
estimação e produtos de vida selvagem e aumentar o apoio às medidas de
conservação.
Fontes: Palm Oil Detectives, Spyder Monkey Project, Animal Diversity, GBIF, WCS , WCS Colômbia, Foundation Ensamble, Bioone, The Rufford Foundation, Asociación Primatológica Colombiana, El Tiempo
Foto: Macaco-aranha-marrom_by RatioTile