O guigó-mascarado (Callicebus personatus) ou saruá-de-cara-preta também conhecido como guigó,japuçá, saá, uaiapuçá, uapuçá, iapuçá, boca-d'água, zogó, zogue-zogue e sauá é uma espécie de primata endêmico do Brasil, ocorre nos estados do Espírito Santo, na bacia do rio doce em Minas Gerais e no Vale do Aço onde foram identificadas novas populações, também é encontrado no extremo norte do Rio de Janeiro, onde é muito raro. A distribuição pode ser limitada pelo Rio Jequitinhonha ao Norte.
Face
preta caracteriza e dá nome à espécie
A
espécie é caracterizada por possuir toda a face de cor preta, com o resto do
corpo de cor amarronzada a alaranjada, as mãos e pés são de cor preta. Há pouca
diferença em tamanho e coloração entre machos e fêmeas. O comprimento da cabeça
ao corpo nos machos é entre 35 a 42 cm. O comprimento da cauda adiciona outros
47 a 55 cm. E pesam entre 1,1 a 1,7 kg. As fêmeas por outro lado, tem entre 31
a 40 cm de comprimento. O comprimento da cauda adiciona outros 42 a 56 cm. Seu
peso fica entre 1,0 a 1,6 kg.
Os
guigós-mascarados são macacos arborícolas que vivem em grupos de 2 a 7
indivíduos, formados por um par reprodutor monogâmico e a prole do casal.
Alimenta-se essencialmente de frutas, que complementa com folhas e flores.
População
do guigó-mascarado está restrita a áreas limitadas e marcadas por intensa
expansão urbana
Essa
espécie tem uma distribuição geográfica bastante limitada e ocorre em
uma das áreas densamente povoadas mais antigas do Brasil, restando menos de 10%
da cobertura florestal original. Como resultado, houve um intenso desmatamento
da região, principalmente para a conversão de áreas para agricultura e
pecuária, bem como a expansão urbana e a construção de infraestrutura,
como rodovias. Essa perda e fragmentação contínuas do habitat têm
reduzido e isolado as populações da espécie, aumentando seu risco genético
e demográfico. As principais ameaças identificadas para a espécie são
assentamentos rurais, agricultura, pecuária, desmatamento, desconexão de
habitat, redução de habitat, queimadas e incêndios florestais.
Populações
da espécie estão sofrendo declínio populacional que pode chegar a 30% em cerca
de 24 anos.
Nos
últimos anos, observações indicam que a espécie tem se tornado cada vez mais
rara e difícil de ser observada, o que sugere uma redução populacional
significativa de pelo menos 30% em três gerações ou 24 anos. Esse declínio
populacional pode ser atribuído principalmente à perda e fragmentação do
habitat e à baixa tolerância a perturbações ambientais. Dado que a população
total de guigó-mascarado não excede 10.000 indivíduos, com menos de
1.000 indivíduos maduros em cada subpopulação, e que se espera uma queda
contínua de pelo menos 10% nas próximas três gerações, a espécie foi
classificada como Vulnerável (VU) na Lista Vermelha da IUCN.
Aumento
de unidades de conservação são condição
importante para a sobrevivência do guigó-mascarado
Uma
das principais medidas que podem ser tomadas pelos órgãos governamentais para
proteger o guigó-mascarado é a criação de unidades de conservação,
especialmente em Minas Gerais, já que a maioria das áreas protegidas com
registro da espécie está no Espírito Santo. As maiores populações remanescentes
ocorrem na Reserva Biológica de Sooretama e na Reserva Natural de Linhares
nesse estado. Essas reservas tem sido importante refúgio para a espécie, mas
ainda enfrentam ameaças como a invasão humana, desmatamento e incêndios
florestais.
População
atual do guigó-mascarado vive predominantemente em unidades de conservação
A presença de guigó-mascarado
foi registrada em quase 50 unidades de conservação de diferentes níveis -
federal, estadual e municipal - ao longo de sua distribuição geográfica, com
muitas dessas unidades sendo Reservas Particulares do Patrimônio Natural
(RPPNs). No Espírito Santo, além das mencionadas Reserva Biológica de Sooretama
e Reserva Natural de Linhares, esses primatas são encontrados em outras áreas
protegidas nesse estado, entre as quais: a Reserva Biológica de Córrego Grande,
a Reserva Biológica Augusto Ruschi, a Reserva Biológica de Córrego do Veado, a
Floresta Nacional de Rio Preto, o Parque Estadual de Forno Grande, a Reserva
Biológica de Comboios, a Estação Biológica de São Lourenço e a Estação
Biológica de Santa Lúcia. Em Minas Gerais, sua presença foi registrada no
Parque Estadual de Rio Preto.
Em 2010, o Instituto Chico Mendes
de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) incluiu o guigó-mascarado no Plano
de Ação Nacional (PAN) para a Conservação dos Mamíferos da Mata Atlântica
Central - PAN MAMAC. Esse plano contém ações e programas específicos para a
espécie, juntamente com outras espécies ameaçadas de extinção.
Restauração de áreas
degradadas e aumento do estudo da espécie são medidas necessárias para
intensificar a proteção do guigó-mascarado
Outra medida importante para a
conservação do guigó-mascarado é a restauração de áreas degradadas.
Muitas áreas que antes eram habitat do guigó-mascarado foram destruídas
pela atividade humana, como o desmatamento e a mineração. A restauração dessas
áreas pode ajudar a recuperar o habitat natural da espécie e aumentar sua
sobrevivência.
Há o problema de que o guigó-mascarado
é pouco estudado, o que dificulta a identificação de novas localidades e a
compreensão de sua biologia e ecologia. A
conservação do guigó-mascarado é importante não apenas para a
preservação da biodiversidade da Mata Atlântica, mas também para a
manutenção de funções ecossistêmicas vitais, como a dispersão de sementes
e a polinização de plantas. Medidas de conservação devem incluir a proteção
de áreas remanescentes de habitat e a restauração de áreas degradadas,
bem como a promoção de práticas agrícolas e de uso do solo mais sustentáveis.
Fontes: Ambiente
Brasil, UFES, Treatment
Bank, ICMBio, New England Primate
Conservancy, BioExplorer
Foto: Guigó-mascarado_by Gustavo Lazarini Forreque e imagem: Guigó-mascarado_Distribuição Geográfica_ICMBio