O cão-selvagem-africano (Lycaon
pictus) é um carnívoro de tamanho moderado com aparência de cão e pelagem
preta, amarelo-marrom e branca irregularmente manchada. Tem um comprimento
cabeça-corpo de 76-112 cm, comprimento da cauda de 30-41 cm, altura do ombro de
61-78 cm e peso corporal de 17-36 kg. Se diferencia de outros canídeos por
apresentar quatro dedos em cada pé e as pernas são longas e esbeltas. A espécie
já foi difundida em toda a África Subsaariana e agora habita pastagens, savanas
montanhosas e florestas abertas. Sua característica mais distintiva é a
coloração única da pelagem de preto, amarelo-marrom e branco irregularmente
manchados que pode ser usada para identificar cada indivíduo.
Cão-selvagem-africano está
entre os canídeos mais ameaçados do mundo
O cão-selvagem-africano
está entre os carnívoros mais ameaçados da África e é reconhecido como
um dos canídeos mais ameaçados do mundo. Está se aproximando da extinção, com
apenas cerca de 6.600 indivíduos adultos livres (incluindo 1.400 indivíduos
maduros) permanecendo em 39 subpopulações isoladas, todas ameaçadas pela
fragmentação do habitat, perseguição humana e surtos de doenças. Com base na
perda contínua de habitat e no declínio dos números nos últimos 20 anos, a
espécie é reconhecida como "Criticamente Ameaçada" (CR) pela Lista Vermelha da IUCN.
Subespécie da África Ocidental
encontra-se no limiar da extinção com poucos indivíduos restantes
No oeste da África ocorre a
raríssima subespécie do cão-selvagem-da-África-Ocidental (Lycaon pictus manguensis) que sobrevive
apenas em duas subpopulações uma no Parque Nacional
Niokolo-Koba do Senegal e outra no Parque Nacional W uma área protegida
transfronteiriça localizada entre Benin , Burkina Faso e Níger que faz parte do
complexo Reserva
da Biosfera Transfronteiriça W-Arly-Pendjari, no total estima-se que seu número seja de 70
adultos, dentre estes 15 indivíduos maduros.
Parque Nacional onde vivem os
últimos exemplares dessa subespécie não oferece completa segurança a esses
animais
Como outras partes da África
Ocidental, o Parque Nacional Niokolo-Koba é atormentado por vários
problemas, como caça ilegal, extração ilegal de madeira, infestação de espécies
invasoras, desenvolvimento de infraestrutura linear, pastagem de gado e outros
distúrbios humanos. No que se refere às acusações de que os cães selvagens são significativos
na predação do rebanho doméstico dos moradores locais, um trabalho publicado
recentemente (2022) na revista European
Journal of Wildlife Research mostra que os cães selvagens não
constituem predadores relevantes no ataque ao gado da região. De acordo com o artigo,
a hiena-malhada é responsável pela maioria da predação de gado no parque (87%
de todos os ataques), seguida pelo cão selvagem africano (6%), leão (4%) e
leopardo (3%).
Há necessidade de aumentar a
proteção da população reduzida da subespécie
A possibilidade de conservação do
cão-selvagem-da-África-Ocidental está diretamente relacionada com o
aumento da proteção nos dois locais onde ainda é encontrado. A manutenção de guardas
florestais treinados para evitar invasões humanas que trazem gado e animais
domésticos que são potenciais portadores de doenças como a raiva canina, que
seria fatal para uma pequena população de canídeos selvagens como a
existente nos dois locais protegidos. Além disso é fundamental um trabalho de educação
ambiental junto às comunidades locais para que compreendam a
importância da conservação e a possibilidade de melhorar suas condições de vida
com novos tipos de trabalho (uma reserva necessita de vários tipos de
mão-de-obra para seu perfeito funcionamento) e recepção a praticantes do
ecoturismo.
Fontes: Reddit,
ZSL,
Animalia.Bio, World Atlas, University of Copenhagen, Canidae
Fotos: Cão-Selvagem-da-Africa-Ocidental_Parque Nacional Niokolo Koba, no Senegal_ by Malgorzata Kopczynska