Recém descoberto na Amazônia colombiana, o zogue-zogue-de-Caquetá é um dos primatas mais ameaçados do mundo


 A Amazônia é um ecossistema que envolve nove países da América do Sul (Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa), embora a maior parte se encontre no Brasil (60%), a riqueza de sua biodiversidade se espalha por toda sua área de abrangência. Na Amazônia colombiana várias espécies foram descobertas neste século, algumas correndo sério risco de desaparecimento, como é o caso do zogue-zogue-de-Caquetá (Plecturocebus caquetensis, anteriormente Callicebus caquetensis) também conhecido como sauá e na Colômbia como titi-de-Caquetá, mono-titi-de-Caquetá ou titi-de-barba-ruiva e em inglês como titi monkey. Esta espécie está classificada na Lista Vermelha da IUCN como Criticamente em Perigo de extinção (CR).

Restam poucos exemplares do zogue-zogue-de-Caquetá numa área restrita e fragmentada

O titi-de-Caquetá é pequeno, do tamanho de um gato, um macaco que apresenta pelagem marrom-acinzentado, com uma característica barba castanho-avermelhada ao redor das bochechas, cauda mais clara e ventre, pescoço e bochechas castanho-avermelhadas. Seu corpo mede aproximadamente 35 cm de comprimento e sua cauda 61 cm, pesando entre 800 e 1400 g. Restam somente poucos exemplares, estimados em 250 indivíduos e com a população altamente fragmentada. Os adultos são territoriais, formam pares para toda a vida - são monogâmicos – se manifestam em duetos sincronizados e se alimentam de frutas, sementes e folhas.

Mono-titi-de-Caquetá é espécie endêmica dos Andes amazônicos

A espécie foi descoberta na região da Amazônia colombiana por pesquisadores ligados à Universidade Nacional da Colômbia e sua descrição foi publicada em 2010 no periódico científico Primate Conservation. Os primeiros exemplares foram encontrados em cativeiro, criados como animais de estimação por moradores da região de Caquetá, perto da fronteira com Peru e Equador. O mono-titi-de-Caquetá é uma espécie endêmica da base da Cordilheira Oriental dos Andes amazônicos que habita os departamentos de Cauca e Caquetá, no sudoeste da Colômbia. Esse primata vive em fragmentos de floresta tropical, encontrado tanto em terreno de solo firme, como em áreas alagadas. Possui uma área de distribuição muito restrita, incluindo apenas um município no departamento de Cauca (Piemonte) e 7 municípios no departamento de Caquetá.

Espécie é um dos primatas mais ameaçados do mundo

Entre as ameaças que pairam sobre a existência do primata estão: a alta perda de habitat e sua fragmentação; diversas pressões de origem antrópica como a pecuária extensiva e intensiva, agricultura, cultivos ilícitos, urbanização, poluição, concessões de energia, mineração e infraestrutura, uso de espécies selvagens como animais de estimação e caça. O zogue-zogue-de Caquetá sofreu um declínio populacional estimado em 80% nos últimos 24 anos, colocando-o como uma das 25 espécies de primatas mais ameaçadas do mundo na publicação Primates in Peril de 2016-2018 produzida pelo IUCN SSC Primate Specialist Group (PSG).

São bastante recentes as ações para a conservação da espécie

Desde 2010 não foram realizadas ações para a conservação da espécie. Somente em maio de 2021 teve início o projeto "Conservação de Plecturocebus caquetensis na Amazônia colombiana" , com duração de dois anos, e implementado por pesquisadores de instituições como Associação Primatologica Colômbia, Piamonte Diverso e Conservation International Colombia (CI) . É apoiado pela "The American Society of Primatology" e pela "The National Geographic Society". Entre suas prioridades está a criação de áreas protegidas, implementar iniciativas que forneçam incentivos econômicos para comunidades locais empobrecidas e criar programas locais de educação ambiental.

Ações de conservação tem privilegiado a participação da comunidade local

Com financiamento do Fundo de Conservação de Espécies do Mohamed Bin Zayed está em curso desde abril de 2022 projeto que visa criar estratégias de conservação do zogue-zogue-de-Caquetá com base na participação ativa das comunidades locais para encontrar ações de conservação viáveis de acordo com as necessidades locais e da espécie. Com base na educação em oficinas e reuniões diversas com a comunidade local e autoridades ambientais o projeto visa aumentar o reconhecimento e a conscientização sobre a espécie. Pretende treinar os membros da comunidade no reconhecimento e observação de primatas e biodiversidade para aumentar a capacidade local na implementação de estratégias de conservação, como o ecoturismo.

Estudo recente publicado na revista científica Biota Colombiana de janeiro de 2022 recomenda ações de conservação da espécie na área protegida Serranía de los Churumbelos Auka-Wasi e a definição de planos de conservação com as comunidades locais.

Fontes: O Eco, Veja, Fandom, Species Conservation, New Primate Conservancy , Asociación Primatológica Colombiana(APC), Salvando Primates

Foto: Zogue-zogue-de-Caquetá_ Fandom Colômbia