O leopardo de Amur (Panthera pardus orientalis), também conhecido como leopardo do Extremo Oriente, leopardo da Manchúria ou leopardo coreano, é um dos felinos mais raros e ameaçado de extinção do mundo. A boa notícia é que, tendo sido levados à beira da extinção, seus números estão aumentando graças ao trabalho de conservação. Seu nome vem do rio Amur, que é o décimo rio mais longo do mundo e divide a Rússia e a China.
Entre os grandes felinos é um
dos animais mais raros e que chegou á beira da extinção
Essa é uma das subespécies de
leopardo mais raras e é classificado como “criticamente ameaçado” (CR).
Vive na região do rio Amur, nas florestas do Extremo Oriente da Rússia, no
Nordeste da China e há relatos de sua presença na Coréia do Norte. Atualmente os
únicos dois lugares onde os leopardos de Amur podem ser encontrados são o Parque
Nacional Terra do Leopardo, na província de Primorye, no sudoeste da
Rússia, e o vizinho Parque
Nacional do Tigre e Leopardo do Nordeste da China , nas províncias de
Heilongjiang e Jilin, na China.
População dos leopardos de
Amur na China estão em crescimento depois de medidas de proteção adotadas pelo
governo chinês
No Parque Nacional do Tigre e Leopardo do
Nordeste da China criado em 2017, seu número está se
recuperando lentamente depois que medidas de preservação foram decretadas pelo
governo chinês. Em 2015, a extração de madeira em florestas naturais foi
proibida na China. Com estas medidas entre outras, a população de leopardos
de Amur na China hoje ultrapassa os 60 indivíduos, incluindo adultos e filhotes,
inclusive os nascidos neste ano (2022).
Os leopardos de Amur na Rússia
se aproximam de um número sustentável
Na Rússia foi criado em 2012 o Parque
Nacional Terra do Leopardo, compreendendo 60% do habitat restante do leopardo
de Amur. Desde sua criação, a população de leopardos dentro dos limites do
parque se multiplicou marcando um crescimento significativo. O monitoramento da
subespécie em 2020-2021 mostrou um crescimento estável da população de
leopardos, que aumentou para 110 adultos e 16 filhotes. Estes resultados
positivos foram fruto de melhorias de gestão que removeram as pressões
antropogênicas, como o estabelecimento de um túnel de 450 metros de
comprimento sob uma importante rodovia para ajudar na migração de leopardos, o
reflorestamento de terras anteriormente utilizadas para pastagem e agricultura,
e a implementação de patrulhas anti-caça furtiva em toda a extensão do parque. De
acordo com pesquisadores o parque necessita ter uma população em torno de 150
leopardos adultos para ter sua existência estável.
Em 1998, o governo russo aprovou
a Estratégia
para a Conservação do Leopardo do Extremo Oriente na Rússia com o animal
chegando a beira da extinção, atingindo no ano 2000 apenas 30 indivíduos
na Rússia e dois exemplares na China. Com o aumento da população de leopardos, em
2021, foi aprovada uma nova versão da Estratégia.
O documento declara oficialmente o objetivo de criar uma população estável de
pelo menos 150 indivíduos até 2030 e também menciona a criação de uma população
de reserva na Rússia no Extremo Oriente (sul de Sikhote-Alin) através da
reintrodução de uma população de pelo menos 50 indivíduos, essa ideia está
atualmente sob consideração do Ministério de Recursos Naturais da Rússia.
Essa subespécie de leopardo
tem características evolutivas de adaptação a um ambiente nevado
Esses leopardos são adaptados ao
clima frio por terem uma pelagem espessa que cresce até 7,5 cm de comprimento
no inverno. A cor da pelagem muda de amarelo claro no inverno para amarelo
avermelhado durante o verão. As manchas, ou rosetas, dos leopardos de Amur
são mais espaçadas e têm bordas pretas mais grossas. Uma característica
evolutiva que desenvolveram é que suas pernas são mais longas e seus pés
maiores do que a maioria dos outros leopardos. Isso os ajuda a caminhar pela
neve. Os machos geralmente pesam entre 32 e 48 kg, mas podem pesar até 75 kg, e
as fêmeas entre 25 e 43 kg. O comprimento do corpo se estende por cerca de 1,5
metros. Os leopardos de Amur são animais solitários. Além de
acasalamento e disputas territoriais, eles raramente interagem uns com os
outros.
Número de presas do leopardo
envolve grande número de herbívoros que vivem na região
O leopardo de Amur é
predador de diversos animais como as corças da Sibéria, cervos almiscarados da
Sibéria, cervos sika da Manchúria, wapiti da Manchúria, alces de Amur, texugos,
javalis e lebres. Sua atividade de predação é importante por regular a
população dos animais herbívoros evitando que estes destruam a vegetação quando
em grande número.
Ameaças para o leopardo
envolvem caça e perda do habitat e ainda baixa variação genética
As principais razões para o
declínio do animal são a caça e a perda de habitat para a extração de madeira e
a agricultura. Os seres humanos são seus principais predadores - é caçado por
caçadores furtivos que vendem sua pele no mercado negro, enquanto os caçadores
de subsistência consideram os felinos um incômodo que competem por cervos sika
e outras presas. Há ainda uma baixa variação genética - uma vez que
existem poucos leopardos de Amur, há muita consanguinidade, que
resulta em descendência mais fraca.
Criação em cativeiro do
leopardo de Amur envolve zoológicos de várias parte do globo
Em termos globais quatro
associações regionais de zoológicos gerenciam programas em cativeiro para leopardos
de Amur e participam do Plano Global de Manejo de Espécies da WAZA
(GSMP), estabelecido em abril de 2013. Essas associações são a Associação Europeia de Zoológicos e Aquários
(EAZA) e a Associação Regional
Eurasiana de Zoológicos e Aquariums (EARAZA) – que gerenciam conjuntamente
o Programa
Europeu de Espécies Ameaçadas (EEP) – a Associação
de Zoológicos e Aquários (AZA) e a Associação
Japonesa de Zoológicos e Aquários (JAZA). Em julho de 2018, a população do
GSMP consistia em 217 leopardos de Amur mantidos em 88 instituições. A
população é descendente de 14 fundadores e retém 91% da diversidade genética.
Plano de manejo global do
leopardo de Amur forma população de segurança para posterior reintrodução no
ambiente natural
Esse Plano Global de Manejo do
Leopardo de Amur forma uma população de segurança que oferece uma
oportunidade de ser utilizada para a criação de uma segunda população segura
que pode ser reintroduzida em sua antiga faixa no Extremo Oriente russo. Os
animais reintroduzidos viriam dos programas reprodução gerenciados. O objetivo
é de melhorar a diversidade genética dos leopardos de Amur selvagens
existentes e, assim, reduzir o risco de depressão endogâmica ou extinção
devido a eventos catastróficos. Os que defendem essa medida argumentam que
as populações em cativeiro devem ser consideradas benéficas para as populações
selvagens, pois aumentariam a diversidade genética de leopardos
selvagens, aumentando assim sua aptidão e capacidade de suportar mudanças nas
condições ambientais.
Devido à situação do leopardo
de Amur, tendo sido levado à beira da extinção no início do século
21, equipes de conservacionistas, governos e cientistas nacionais e
internacionais implementaram e mantiveram uma série de estratégias para a
proteção da subespécie que resultaram em aumentos populacionais promissores nos
últimos anos, tirando o animal da beira da extinção.
Fontes: Sci
News, ToSave Animals,
ZSL,
WCS
Russia , RGO
(1), RGO
(2), The Revelator,
China
Daily, Plos
One, Animalia, Experto
Animal, WWF,
WWF/UK, Wild Cats
Conservation Alliance, News
CGTN (1), News
CGTN(2), Earth.org
, Planet Zoo, A-Z – Animals, Animal Spot , WAZA,
WildLife Foundation,
Treehugger,
Fact Informer,
Reference,
Scientific
American, Critter
Science
Fotos: Leopardo de Amur_Ecotourism Expért