Faltam estratégias de conservação consistentes para salvar a codorna-carapé da extinção


 Mais uma ave ameaçada devido a perda de habitat, a codorna-carapé (Taoniscus nanus) é o menor representante da família dos tinamídeos. É uma ave raramente avistada, estando catalogada como em risco de extinção (EN) na Lista Vermelha da IUCN. O termo carapé na língua Tupi, significa anão. Também é conhecida como: codorna-buraqueira, perdizinha, inhambuí, codorninha, carapé, inhambu-carapé e inhambu-nanico.

Codorna-carapé é ave difícil de ser avistada em campo, dificultado a pesquisa

A codorna-carapé apresenta diferentes tonalidades de coloração em sua plumagem, que vão do ocre-rosado ao ocre-acinzentado. De hábitos terrícolas, busca refúgios em buracos ou tocas de outros animais para se ocultar de predadores. Tem um tamanho variando de 14 a 16 cm e peso entre 43 e 46 g. Sua voz consiste em trinados agudos semelhantes a grilos. Vive solitário ou aos pares. É uma ave difícil de ser avistada em campo. Sua alimentação consiste principalmente de sementes de gramíneas, cupins, insetos e aranhas.

Trata-se de uma espécie provavelmente extinta no Paraguai e Argentina

Esta espécie está atualmente mais restrita ao cerrado do centro e sudeste do Brasil. Sua distribuição geográfica abrange, no Brasil, os estados de São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Goiás, Distrito Federal, Tocantins e Mato Grosso do Sul. Os principais registros da codorna-carapé são da região de cerrado de Goiás e Minas Gerais. Ocorria também na Argentina e no Paraguai onde provavelmente deve estar extinta, pois há muito tempo não há registros de sua presença.

Atualmente a expansão da agricultura mecanizada é sua principal ameaça

A codorna-carapé atualmente está bastante ameaçada pela contínua perda de habitat causada pela expansão da agricultura – principalmente na forma mecanizada, o aumento da pecuária intensiva com a formação de pastagens para o gado, desmatamento, queimadas frequentes, gramíneas invasoras e uso excessivo de pesticidas. É uma vítima frequente das queimadas, que se espalham rapidamente, devido à curta distância que pode voar dificultando sua fuga ao fogo.

Presença em unidades de conservação garante um mínimo de proteção à codorna-carapé

Encontrada em poucas localidades, a maioria em Unidades de Conservação, principalmente nas áreas protegidas do Parque Nacional da Serra da Canastra (MG), Parque Estadual de Itapetininga (SP), Parque Nacional das Emas e da Chapada dos Veadeiros (GO), Parque Estadual do Jalapão (TO),  Parque Nacional de Brasília e a Reserva Ecológica do IBGE-Recor (DF).

Ações concretas de proteção da codorna-carapé são insuficientes

Embora faça parte do Plano Nacional de Conservação das Aves do Cerrado e do Pantanal (PAN Aves do Cerrado e do Pantanal) do ICMBIO as ações concretas voltadas para a proteção da codorna-carapé são ainda insuficientes. Há dificuldade de visualização de exemplares, o que fica demonstrado pelas raras fotos da espécie existentes. Esta situação dificulta a pesquisa, aumentando os custos necessários à sua realização. 

É necessário estabelecer uma população de segurança com a criação em cativeiro

Entre as estratégias de conservação discutidas na comunidade científica, até agora, destacam-se a necessidade de trabalhos de campo visando a identificação da presença da espécie em outras localidades. Melhorar as práticas de manejo nas áreas protegidas e controlar a queima de habitats do cerrado. É considerado importante pelos pesquisadores a procura por novas populações da codorna-carapé. É considerado desejável que se estabeleça um núcleo de criação em cativeiro como forma de estabelecer uma população cativa que seja utilizada em futuros projetos de reintrodução. Devem ser realizadas novas pesquisas na Argentina e Paraguai nas áreas onde espécimes foram coletados no passado.

Fonte: Ambiente Brasil, Ebird, Wikiaves, Biodiversity4all, CEO, Edge of Existence,Flickr, Scientificlib, Porto Velho & Sustentabilidade, Dbpedia

Foto: Codorna-carapé_by Sylvére Corre