Estudo indica a possibilidade de existirem exemplares da pararu-espelho na natureza



 

Foto: 


A pararu-espelho (Claravis geoffroyi) é ave pequena e cinza-azulada que tem esse nome por apresentar manchas de brilho metálico em suas asas, lembrando espelhos. É muito semelhante à pararu-azul (Claravis pretiosa). A principal diferença entre elas é que a pararu-espelho possui três faixas grossas e escuras nas asas, enquanto a pararu-azul possui diversas manchinhas. Essa característica existe tanto no macho quanto na fêmea da pararu-espelho, embora a cor da plumagem seja diferente no casal, enquanto o macho tem tons cinza-azulados a fêmea apresenta a cor castanha.

A espécie é dependente dos bambuzais da Mata Atlântica

A dieta da ave está relacionada a sementes de taquara e gramíneas. Vice em ambientes de floresta densas nas encostas da serra e bambuzais. Apresentam também hábito de buscar alimento no chão. As floradas de bambu nativo da Mata Atlântica são o principal habitat da pararu-espelho, alimentando-se das sementes dessa taquara. A ave é especialmente sensível ao desmatamento e fragmentação de seu habitat, uma vez que depende de bambus nativos em floração.

A extrema raridade da pararu-espelho pode indicar sua provável extinção

A pequena pomba pararu-espelho era encontrada apenas em pequenos fragmentos de floresta na Mata Atlântica do Brasil, Argentina e Paraguai. São pouquíssimas as imagens existentes da ave, em sua maioria de exemplares em cativeiro. Um último avistamento ocorreu em 2017 no norte da Argentina embora sem evidências de foto, vídeo ou gravação sonora. Na Lista Vermelha da IUCN a espécie está listada como criticamente ameaçada (CR).

Estudo traz esperança de que a espécie ainda possa ser encontrada

Em abril de 2021, uma equipe formada por brasileiros, argentinos e ingleses, sob a coordenação da Universidade Metropolitana de Manchester, na Inglaterra, publicou um artigo no jornal científico Frontiers in Ecology and Evolution onde reuniram dados pouco explorados de avistamentos, com a intenção de determinar sua possível distribuição, na hipótese de que a pomba ainda exista. O artigo mostra que as chances de desaparecimento da pararu-espelho aumentaram porque a espécie ficou, ao longo de décadas, restrita em uma área cada vez menor de floresta no sudeste do Brasil e norte da Argentina. A conclusão do estudo foi de que é possível que ainda haja exemplares em áreas de floresta no norte da Argentina.

Órgão oficial de proteção da fauna contribuiu para uma possível extinção da pararu-espelho

Os pesquisadores também entraram em contato com antigos criadores da pomba que revelou que a espécie persistiu em cativeiro entre os anos de 1970 e 1990, provavelmente até 150 aves. No entanto leis aprovadas – nos anos 80 e 90 - impedindo a criação em cativeiro por particulares, barrou a melhor chance de salvar a espécie da extinção. A proibição da criação em cativeiro da pararu-espelho é considerada o mais importante caso de uma possível extinção de espécie propiciada por um órgão oficial de proteção á fauna. Essa medida eliminou a população das aves que estavam se reproduzindo nos criadouros e a perda dos conhecimentos adquiridos de manejo da espécie.

Existência de áreas de floresta com bambus nativos é essencial para proteção de fauna

A sobrevivência em liberdade da pararu-espelho, caso seja reencontrada, dependerá da existência de florestas ricas em bambu que estão desaparecendo na Mata Atlântica. Embora a importância ecológica dessas áreas de floresta com bambus nativos não seja muito considerada, trata-se de um habitat em que há diversas espécies a ele associadas e todas estão, consequentemente, sob ameaça.

Fonte: Neomundo, Bioorbis, G1Globo, Estadão, Galileu, Bioorbis, Wikiaves, Parque das aves, Taxeus, Portal da cidade-Foz do Iguaçú, Fronteira Livre

Foto: Pararu-espelho_ Luiz Claudio Marigo e segunda foto: a)Femea e b)Macho _ by Carlos Keller