Zogue-zogue-rabo-de-fogo está ameaçado pelo desmatamento e grandes obras na Amazônia


 

Macaco recém-descoberto o zogue-zogue-rabo-de-fogo (Callicebus miltoni) está ameaçado de extinção pela perda de seu habitat. A espécie foi registrada pela primeira vez durante uma expedição organizada pelo WWF Brasil em 2010, e sua descrição científica foi publicada na revista Papéis Avulsos de Zoologia, do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (USP) em 31 de dezembro de 2014 formalizando o registro oficial da espécie.

Seu nome popular deve-se a sua cauda laranja-avermelhada

Esses macacos que vivem nas árvores são pequenos – cerca de 30 cm de altura, e se destacam pela sua coloração. São principalmente comedores de frutas, têm pêlo longo e macio e vivem em pequenos grupos familiares constituídos por um par monogâmico e seus descendentes. Esses macacos preferem florestas densas perto da água e saltam facilmente de galho em galho. Tem atividade diurna, dormindo à noite. O zogue-zogue-rabo-de-fogo tem uma faixa grisalha na testa, costeletas e garganta marrons e cauda laranja-avermelhada. Pertence ao gênero Callicebus, conhecido popularmente como zogue-zogue, dentro do qual existem 31 espécies reconhecidas.

O zogue-zogue-rabo-de-fogo vive numa área restrita com limites bem definidos

O zogue-zogue-de-rabo-de-fogo ocorre em uma área bem específica, com limites bem determinados a leste e a oeste, pelos rios Aripuanã e Roosevelt, respectivamente; ao norte, pelo encontro desses dois cursos d’água, nas proximidades da comunidade Matá-Matá, no município de Apuí , no Estado do Amazonas; e, ao Sul, por um conjunto de morros próximo às áreas indígenas do noroeste do Estado de Mato Grosso.  Essa área sofre grande pressão do desmatamento, principalmente pelo corte seletivo de árvores para fins comerciais, incêndios são frequentes, além da existência de obras para a construção de estradas e hidrelétricas.

Dado positivo é que mais de 50% do habitat da espécie está em áreas protegidas

Foi confirmado que aproximadamente 57% da área de distribuição natural do zogue-zogue-rabo-de-fogo está localizado em áreas protegidas como Unidades de Conservação ou terra indígena. Sua presença foi registrada nas Unidades de Conservação da Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Aripuanã, do Parque Estadual da Floresta do Aripuanã, da Reserva Extrativista Guariba-Roosevelt, do Parque Estadual da Floresta de Manicoré -, do Parque Nacional (Parna) dos Campos Amazônicos e da Estação Ecológica Rio Flor do Prado. Uma parcela significativa da sua distribuição está localizada dentro do território indígena Terra Indígena Arara do Rio Branco.


A espécie corre risco por se encontrar na região do arco do desmatamento

Embora seja positivo que boa parte da área de distribuição do zogue-zogue-rabo-de-fogo esteja em áreas protegidas, o grande problema é que a região fica no arco do desmatamento, onde há enorme pressão de grilagem de terras, avanço da agropecuária e atividade madeireira ilegal.  Além disso, foram localizadas famílias do primata dentro de pequenos fragmentos florestais, que colocam em risco a variedade genética dessas famílias isoladas. E com o avanço do desmatamento esses pequenos fragmentos tendem a ser suprimidos por completo para darem lugar a exploração agropecuária.

É necessário aumentar as pesquisas sobre a espécie para melhor protege-la

A realidade é que a área onde vive o rabo-de-fogo está sendo muito devastada, colocando em perigo a existência dessa espécie. Além disso deve-se considerar que estes animais não sabem nadar nem atravessar terrenos montanhosos, por isso estão confinados em seu território restrito, rodeado de rios e colinas. São necessários novos e urgentes estudos para avaliar o grau de risco da espécie e sua densidade populacional já que sua distribuição está bem documentada.

Fonte: Instituto Ciência Hoje, El País, UNBCiência,Pesquisa Fapesp,SciNews,WWF,G1Globo, Estadão,National Geographic ,WWF

Fotos: Zogue-zogue-rabo-de-fogo_ Ambas fotos de Adriano Gambarini