O carismático leão de juba negra da Etiópia


O leão de juba negra da Etiópia (Panthera leo roosevelti) é parte fundamental da identidade dos etíopes, sendo reverenciados como símbolo nacional, aparecendo em moeda nacional e representados em estatuas por todo país. No entanto até bem pouco tempo somente eram conhecidos espécimes desses leões em cativeiro, no Zoológico de Addis Abeba, que pertenciam à coleção do falecido imperador da Etiópia, Haile Selassie. Ele criou o zoológico em 1948, com sete leões fundadores que foram capturados no interior do país.

Os leões de juba negra são geneticamente distinto de outros leões africanos e asiáticos

Esses leões se tornaram mais conhecidos devido a estudo realizado por uma  equipe internacional de pesquisadores que forneceu a primeira evidência abrangente de que esses leões são, de fato, geneticamente distintos de outros existentes no continente africano – e extremamente raros. Esse grupo de pesquisadores, liderado pela Universidade de York, no Reino Unido, e pelo Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva, na Alemanha, que envolveu também cientistas do Zoológico de Leipzig e das Universidades de Durham e Oxford, no Reino Unido publicaram o resultado da pesquisa no European Journal of Wildlife Research , em Abril de 2013, mostrando que os leões de juba negra do Zoológico de Addis Abeba são, de fato, geneticamente distintos de todas as outras populações de leões africanos e asiáticos.

Encontrada população selvagem do leão de juba negra em 2016

A preocupação dos cientistas passou a ser se havia ainda uma população selvagem com as mesmas características. Então em 2016 um fotógrafo da National Geographic se deparou, à noite, com um leão de juba negra na Floresta Harenna, no Parque Nacional das Montanhas Bale, na Etiópia. A descoberta foi considerada espetacular, pois se acreditava que o leão de juba negra estava extinto. Avaliações posteriores indicaram que provavelmente haviam pelo menos 50 exemplares no local.  

No mesmo ano um grupo de pesquisa internacional integrado pela Universidade de Oxford e participação da Born Free Foundation, confirmou a descoberta de uma população de leões anteriormente desconhecida ao longo da fronteira Etiópia-Sudão. Uma população foi encontrada no Parque Nacional Alatash, no noroeste da Etiópia, vizinho ao Parque Nacional Dinder, no Sudão. Pesquisadores julgam que todo o ecossistema (incluindo Alatash e Dinder) possa ter uma população de 100 a 200 leões, dos quais 27 a 54 estariam em Alatash, na Etiópia. As ameaças que pairam sobre esse grupo são o esgotamento das presas, a morte por pastores nômades e a invasão agrícola.

Diferentemente das espécies mais comuns de leões, os de juba negra habitam montanhas

O leão de juba negra possui uma crina grande e escura distinta, juba grossa e escura que se estende da cabeça e pescoço até a barriga, e tendem a ser menores e mais compactos que os demais leões africanos. O leão etíope de juba negra habita cadeias montanhosas em oposição às espécies mais comuns que habitam a savana subsaariana.


A maior preocupação agora é desenvolver ações imediatas de conservação

Pesquisadores consideram que os leões de juba negra devem ser tratados considerando-os como unidade de gestão de conservação distinta e sugerem que devam ocorrer ações de conservação imediatas, incluindo um programa de reprodução em cativeiro, tendo como base os leões do zoológico de Addis Abeba que apresentam diversidade genética suficiente.

Apesar da descoberta de novas populações do leão de juba negra da Etiópia seu futuro ainda é incerto, sendo necessárias mais pesquisas e melhor proteção. Uma das propostas mais promissoras é o desenvolvimento do turismo baseado na natureza, pois são leões bastante carismáticos e que recebem grande atenção das pessoas que querem admirar esses felinos no ambiente natural.

Fonte: National Geographic, University of York ,AAAS, Labmate, Ethiopian Embassy, DiscoveryUK, The Guardian, Selamta Magazine, Independent, BW Plus, DW, Phys.org, Scientific American

Foto: Leão de juba negra etíope nas Montanhas Bale_by Çağan Şekercioğlu e segunda foto: Leão de juba negra da Etiópia_bwplusaddisababa