Gavião-de-pescoço-branco corre risco de extinção devido desmatamento da mata atlântica


 O gavião-de-pescoço-branco (Leptodon forbesi) também conhecido como gavião-gato-do-nordeste é ave endêmica das áreas florestais preservadas da Mata Atlântica do nordeste brasileiro. É ave rara, que só recentemente foi reconhecida como espécie isolada e que está ameaçada de extinção(EN) incluída na Lista Vermelha da IUCN. É uma das aves de rapina mais ameaçadas no mundo, com um alcance muito limitado ocorrendo nos estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e norte da Bahia.

Essa espécie de gavião, tem um tamanho médio entre as aves de rapina, mede cerca de 50 cm de comprimento. O adulto tem uma cabeça cinzenta com um colarinho branco, dorso escuro e ventre claro. Seu rabo é cinza com penas pretas e pontas esbranquiçadas. Sua dieta é bastante variada incluindo larvas de insetos, vespas, formigas, besouros e gafanhotos, ovos de aves e pequenos invertebrados, como moluscos, também se alimenta de cobras e pequenos lagartos.

Florestas bem conservadas são fundamentais para a sobrevivência da espécie

A espécie habita florestas úmidas, tropicais e perenes de baixa altitude a uma altura máxima de 600m acima do nível do mar. Eles também são encontrados em manguezais costeiros adjacentes às florestas. Comumente é encontrado no alto das árvores, de onde observa seu território e localiza suas presas. Também gosta de planar sobre a mata nas horas mais quentes da manhã, solitário ou aos pares a procura de lagartos expostos ao sol.

Espécie está ameaçada de extinção devido ao desmatamento na região onde vive

Foi descrito pela primeira vez a partir de um único espécime obtido em 1880 no Estado de Pernambuco, não recebendo maior atenção ao longo dos anos por não ser considerado uma espécie distinta. No entanto, estudos recentes confirmaram seu status como uma espécie plena. Nessa condição sua população foi considerada pequena e ameaçada de extinção devido a área de limitada que habita e que está sofrendo forte degradação ambiental. O declínio da espécie está muito ligado ao desmatamento da região para exploração da madeira e para áreas de cultivo de cana-de-açúcar, principalmente. Atualmente somente um por cento da floresta original permanece e está muito fragmentada.


Há pouco tempo se iniciaram os estudos sobre o gavião-de-pescoço-branco

Até a primeira década deste século pouco se sabia sobre o gavião-de-pescoço-branco, devido à falta de exemplares e mesmo observações regulares. No entanto, nos últimos dez anos tem crescido a literatura sobre a espécie, fortalecendo seu status atual de espécie plena. Atualmente o gavião-do-pescoço-branco está incluído no Plano de Ação Nacional para Conservação das Aves da Caatinga 2018-2023 do ICMbio, que tem como objetivo geral reduzir a perda e a alteração dos ambientes naturais, da pressão de caça e do tráfico, visando a manutenção ou recuperação das populações e hábitats das espécies alvo do Plano, nesse cinco anos. No entanto, faltando apenas um ano para o término, os dados não são muito alentadores devido a constante predação da floresta Atlântica remanescente na região.

Continuidade do desmatamento condenará o gavião-de-pescoço-branco à extinção

O maior problema para a sobrevivência do gavião-do-pescoço-branco é a continuidade do desmatamento que tem se intensificado nos estados onde é encontrada a espécie. De acordo com o Atlas dos Remanescente Florestais da Mata Atlântica – período 2019-2020, estudo realizado pela Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) nesse período(2029-2020) o desmatamento da Mata Atlântica se intensificou em três dos estados onde é encontrada a ave: Alagoas, Rio Grande do Norte e Bahia. A manutenção desse alto patamar de perda da vegetação nativa, coloca o bioma em grande risco. Atualmente, a cobertura vegetal da floresta atlântica nordestina é formada de pequenos fragmentos florestais, circundados por plantações de cana-de-açúcar, pastagens e outras culturas, o que representa grande ameaça à sobrevivência do gavião-de-pescoço-branco entre outras espécies da biodiversidade local.

Fonte: Aves de rapina Brasil, O eco, Ebird, Greenday, BirdLife International, Edge of Existence, Wikiaves, BioDiversity4All, Avibase

Foto: Gavioão de pescoço branco_by Guto Balieiro e segunda foto: Silvia Faustino Linhares