O lobo-etíope (Canis
simensis) é nativo da Etiópia, endêmico desse país, tendo um
alcance muito restrito, encontrado apenas em seis ou sete cadeias montanhosas da
nação etíope, incluindo as montanhas Arssi e Bale no Sudeste, as montanhas
Simien, o nordeste de Shoa, Goijam e o Monte Guna.
População de lobos etíopes é
baixa e está em declínio
Sobrevivem atualmente menos de
500 lobos etíopes, sendo um dos canídeos mais raros do mundo e o carnívoro
africano mais ameaçado. A maior população de lobos, com 120 a 160
indivíduos, concentra-se nas montanhas Bale, no sul da Etiópia. Devido a essa
raridade a espécie é considerada ameaçada de extinção (EN) pela IUCN.
Os lobos etíopes são canídeos
delgados e de membros longos, possuem cauda negra e espessa que pode atingir
até 40 centímetros de comprimento, orelhas pontudas e focinho delgado. Eles são
vermelho-fulvos com barriga branca e brilhos no peito, e também têm pelo branco
na garganta, que se estende e cobre a parte de baixo do focinho.
Ao contrário de outras
espécies de lobos, o etíope é um caçador solitário
O lobo etíope é um caçador
solitário, caçando preferencialmente ratos-toupeira e ratos-do-mato. Raramente
caçam em grupo para derrubar jovens antílopes, cordeiros e lebres. No entanto,
os lobos etíopes são animais sociais e formam matilhas de três a 13
indivíduos - isso permite que defendam um território com roedores suficientes
para alimentar todo o grupo.
As doenças transmitidas por
cães domésticos é a maior ameaça á espécie
Os humanos atualmente representam
a maior ameaça para esta espécie. A agricultura de subsistência nas
terras altas da Etiópia está ocupando grandes áreas de seu território,
restringindo-os a altitudes cada vez mais altas. No entanto a perda de habitat
não é a principal ameaça: a chegada de gado e com eles os cães domésticos,
que transmitem vírus como a raiva e o vírus da cinomose, tiveram
um efeito devastador sobre a população do lobo etíope. Nas montanhas de
Bale, por exemplo desde 2008, a subpopulação de lobos diminuiu 30% devido a
raiva e cinomose canina.
A doença, em última análise, tem
determinado a dinâmica dos últimos refúgios de lobos restantes. Três em cada
quatro lobos normalmente morrem em populações atingidas por surtos e podem
resultar em extinções locais. Populações menores estão em risco ainda maior. No
final de 2016, a doença dizimou a menor população de lobos de Wollo, levando-a
à beira da extinção.
Foram empreendidos muitos
esforços para conter a transmissão de doenças, especialmente a raiva, para
lobos etíopes de cães domésticos e para prevenir a hibridização com cães
domésticos. Todo o trabalho exige um monitoramento contínuo das populações
de lobos etíopes.
Programa de Conservação do
lobo etíope concentra trabalhos de proteção da espécie
Em 1995 foi criado o Programa
de Conservação do Lobo Etíope (EWCP) estabelecido pela Born Free
Foundation como uma parceria de longo prazo com a Etiópia e o WildCRU da Universidade de Oxford. O programa
realiza uma variedade de trabalhos que incluem monitoramento da população,
controle de doenças, educação da comunidade, proteção do habitat,
capacitação e pesquisa. O programa procura trabalhar com as comunidades
locais para promover a coexistência e práticas agrícolas mais sustentáveis
juntamente com o desenvolvimento do ecoturismo.
Nas Montanhas Bale, o Programa
de Conservação do Lobo Etíope vacinou mais de 80.000 cães para evitar que a
raiva se espalhasse pelos lobos. E quando o vírus mortal ataca, ocorrem
intervenções rápidas para vacinar os lobos.
Existem várias áreas
protegidas onde vivem os lobos etíopes
Há várias áreas semi-protegidas
na Etiópia que devem contribuir para estabilizar a população de lobos, entre as
quais estão o Parque Nacional das
Montanhas Bale, o Parque Nacional das
Montanhas Simien, o Parque Nacional
Borena Saiynt (South Wollo), a Área de
Conservação da Comunidade Guassa (North Shoa) e o Parque
Nacional das Montanhas Arsi . Em todas essas áreas são realizadas campanhas
periódicas para vacinação de cães locais, e mesmo os lobos, esterilizando
os híbridos de lobos e cães e sendo realizadas ações educacionais para
melhorar a convivência entre os animais e os humanos, pois os contatos são
inevitáveis devido o aumento populacional de um país que tem já tem a segunda
maior população da África (cerca de 100 milhões de habitantes).
Há um número reduzidíssimo de
lobos etíopes em cativeiro, o zoo de San Francisco possui
alguns exemplares, então sua sobrevivência depende exclusivamente de que essas
poucas populações selvagens fragmentadas se tornem cada vez mais sustentáveis.
Fonte: Animal Diversity Web, African Wildlife Foundation, EWCP, Swarovski Optik, Born Free, The Conversation, AWF, SFzoo, Hasanah
Foto: Lobo etíope_by Will Burrard-Lucas e segunda foto: Born Free