Um único exemplar do pica-pau-da-taboca
(Celeus obrieni) também conhecido como pica-pau-do-Parnaíba foi
coletado em 1926 no estado do Piauí, no rio Parnaíba, município de Uruçuí.
Passaram-se 80 anos sem que nenhum outro exemplar fosse coletado ou visto e
temia-se que a ave estivesse extinta. Em 2006 foi redescoberto no município de Goiatins,
estado do Tocantins.
Pica-pau-da-taboca é espécie ameaçada,
porém com ampla distribuição no Brasil
Os estudos posteriores mostraram
que a área de ocorrência do pica-pau é ampla, foi encontrado no Tocantins,
Maranhão, em Goiás e no Mato Grosso. Por isso está classificado com vulnerável(VU)
na Lista
Vermelha da IUCN da IUCN pois apesar de sua ampla distribuição, é uma
espécie ameaçada, principalmente, pela sua alta especialização e a fragmentação
do habitat.
O pica-pau-da-taboca tem
um comprimento total aproximado de 26 cm, a fêmea sendo um pouco menor. O peso
também varia entre os sexos, sendo de aproximadamente 109 g na fêmea e 96 g no
macho. Apresenta o bico claro, em tonalidades de branco, a cabeça é
marrom-avermelhada, com pescoço amarelo, garganta e peito negros. O ventre e
laterais do corpo são de cor amarelo ocre sem estrias, sendo que o dorso e a
parte superior das asas possuem estrias pretas, como a cauda.
Altamente especializado, o
pica-pau-do-Parnaíba depende do bambu taboca para sobreviver
A perda de áreas naturais
representa a maior ameaça ao pica-pau-da-taboca, porque é uma espécie
com alto nível de especialização, sobrevivendo somente em áreas de cerrado
florestal, localizadas nas margens dos cursos d’água, como mata de galeria
ou mata ciliar, onde há a presença do bambu conhecido como taboca (Guadua
paniculata). O pica-pau-da-taboca depende das áreas florestais para
fazer seu ninho nas árvores, mas necessita do bambu para alimentação porque se
alimenta somente de formigas, que fazem seus ninhos nas hastes da taboca.
Das 30 espécies de formiga que existem na taboca, ele se alimenta apenas
de cinco, mostrando seu alto grau de especialização.
Outra grave ameaça para a
espécie é que o cerrado está sendo destruído em ritmo acelerado
O agravante para a conservação
da espécie é que o cerrado está em ritmo acelerado de destruição.
Eles têm a característica de não cruzar áreas grandes que foram modificadas
pela agricultura e a pecuária e se deslocar apenas por áreas preservadas.
No caso do cerrado esse tipo de bioma preservado está ficando
cada vez mais raro e apresenta-se em áreas cada vez mais fragmentadas,
dificultando o deslocamento dos pica-paus-da-taboca.
Pesquisadores afirmam que ainda
não existem dados suficientes para determinar o tamanho real da população dessa
espécie, mas reconhecem que é pequena. Há uma estimativa de 2.500 indivíduos
maduros, sendo que as maiores populações se encontram no estado do Tocantins,
onde ainda há maiores extensões de cerrado preservado. No estado de Goiás a situação da
espécie é mais crítica, pois mais de 65% da cobertura vegetal de cerrado foi
destruída e as populações do pica-pau ficaram isoladas, sendo possível que
sejam extintas localmente, pois o cerrado florestal continua sendo
devastado. No Maranhão a demanda
por madeira para produção de carvão tem levado a ocorrência de desmatamento
de grandes áreas com registro para a espécie, agravando ainda mais o status
de conservação do Pica-pau-da-taboca.
Descoberta de nova
subpopulação da espécie no Pará aumenta chances de sua sobrevivência
Em dezembro de 2017 foi feito o
registro inédito do pica-pau-da-taboca no interior da Floresta
Nacional (FLONA) da Serra dos Carajás, em Parauapebas, no sudeste do Pará.
Esse registro trouxe nova perspectiva sobre a proteção legal da espécie, pois a
FLONA do Carajás possui zoneamento ambiental e alta integridade de sua
cobertura vegetal. Portanto nesse local, o pica-pau-da-taboca estará, razoavelmente,
protegido.
O desmatamento zero é a
principal alternativa para tornar realidade a conservação do pica-pau-da-taboca.
Além disso é importante aumentar os locais de unidades de conservação de
proteção integral tendo como meta preservar as atuais populações desta ave
do cerrado brasileiro.
Fonte: G1 Globo, OEco, Natureza e Conservação, Museu Emilio Goeldi, Mundo ecologia, Anda/JusBrasil, Fcnoticias, Ciência Hoje, Universo da natureza
Foto: Pica-pau-da-taboca_Aninha Delboni e segunda foto: GreenDay