Registro feito na revista
científica Zootaxa
no número de 28 de abril deste ano (2022) relata a descoberta de um novo tipo
de lagarto-escrivão que recebeu o nome de Calyptommatus frontalis.
O animal foi descoberto em 2016 pelo herpetólogo Thiago Marcial de Castro, e
após rigorosa análise, somente após cinco anos se obteve a confirmação
definitiva de que se tratava de uma nova espécie e sua oficialização ocorreu
neste ano com a publicação.
Nova expedição foi necessária
para coleta de mais animais para análise
Foram necessárias avaliações
detalhadas do novo réptil, por já existirem outras espécies de lagarto-escrivão
conhecidas no Basil, que são separadas por barreiras geográficas, seja
por cadeias montanhosas ou pela presença de rios. Todas essas espécies são
extremamente restritas a uma pequena área, não ocorrendo em nenhum outros
lugar.
O primeiro exemplar foi
encontrado durante trabalho de campo, em novembro de 2016, no município de Buritirama,
interior da Bahia, perto do rio São Francisco. Essa é uma região
da Caatinga que é o bioma com maior diversidade de répteis endêmicos
do Brasil. Por ser separado por barreiras geográficas, esse réptil,
encontrado somente em dunas de areia, é extremamente restrito a uma
pequena área. Os pesquisadores confirmaram que a espécie é exclusiva de áreas
de dunas de areia da região média do rio São Francisco, no estado da Bahia
(BA), e leitos arenosos do alto rio Parnaíba, no Piauí (PI).
Foi feita uma avaliação
rigorosa para confirmar que se tratava de uma nova espécie
Após o achado nova expedição para
a região foi organizada em 2017, que durou 10 dias, para coletar mais
indivíduos para estudo e iniciar o processo de descrição da espécie. O primeiro
espécime encontrado e usado para estudos está depositado no Museu
de Biologia Professor Mello Leitão, em Santa Teresa, Estado do Espírito
Santo.
Esse lagarto-escrivão recém-descoberto
é uma espécie ápode (sem a pata anterior), possui patas vestigiais
traseiras (atrofiadas sem função evidente) e pode medir até 7 centímetros de
comprimento. Ele pode ser facilmente distinguido dos outros lagartos-escrivães
pela presença de uma escama frontal, além da genética.
Lagarto-escrivão deve
incentivar a criação de áreas protegidas regionais por munícipios
A característica dessa espécie de
lagarto-escrivão - e das outras espécies desse réptil - de ter um habitat
tão restrito geograficamente reforça o valor ecológico da área em
que vive e estimula a necessidade de sua conservação com a participação das
três esferas de governo (municipal, estadual e nacional). Essa espécie de
distribuição muito restrita, como as outras, mostra a necessidade de fortalecer
a conservação regional, com destaque para a participação dos municípios,
com a criação de áreas protegidas ou unidades de conservação,
única forma de garantir a sobrevivência desses répteis que habitam áreas
excessivamente restritas.
Fonte: Metrópoles, Jornal Info Cruzeiro, G1 Globo ,Tribuna online, Just Brasil, Diário do Nordeste, Piauí Hoje
Foto: Lagarto exrivão (Calyptommatus frontalis) - Thiago de Castro