A saiga (Saiga tatarica)
é uma pequena espécie de antílope, mais ou menos do tamanho de uma cabra,
com 80cm de altura do ombro e até 40kg de peso. Possui uma cabeça grande, um focinho
grande e flexível pendente, que lembra a tromba de elefante. Esse estranho
nariz serve a muitos propósitos, aquece o ar no inverno, filtra a poeira no
verão e também amplifica os chamados de acasalamento. A saiga tem uma
pelagem de cor vermelho-amarelada no verão e cinza no inverno. Os machos têm
chifres amarelados pálidos, ligeiramente curvados em forma de lira e de até 38
cm de comprimento. É uma relíquia da fauna da Idade do Gelo que convivia
com mamutes e tigres-dentes-de-sabre.
Existem duas subespécies de
saiga: Saiga tatarica tatarica e Saiga tatarica mongolica. A
subespécie dominante, Saiga tartarica tatarica, é encontrada em uma
faixa mais ampla na Rússia, no Cazaquistão e Uzbequistão. A Saiga
tatarica mongolica somente é encontrada na Mongólia ocidental. A saiga
está classificada como criticamente ameaçada pela Lista Vermelha da IUCN.
Existem poucas subpopulações
da saiga espalhadas por três países
Existem atualmente cinco
subpopulações de saiga. A maior população habita o centro do Cazaquistão,
o segundo maior grupo é encontrado nos Urais no Cazaquistão e na Rússia,
outros pertencem à República da Calmúquia que faz parte da Federação Russa
e na região do Planalto do sul do Cazaquistão e no noroeste do Uzbequistão.
A população de saiga mongol (Saiga tatarica mongolica) ocorre no
oeste do país. Os números da população atingem mais de um milhão de indivíduos
em todas as subpopulações combinadas. A caça furtiva persiste como uma
ameaça importante, pois a demanda por chifres de saiga continua alta e
são vendidos ilegalmente no mercado negro.
A população de Saiga no Cazaquistão
diminuiu rapidamente devido à caça intensiva e à caça furtiva. Em
apenas 10 anos, de 1992 a 2003, sua população caiu de um milhão para pouco mais
de 20.000. Os esforços de conservação se
mostraram eficazes no Cazaquistão, um censo de 2021 mostrou que a
população de saigas do país aumentou mais de meio milhão em dois anos,
para 842.000 indivíduos. Isso é um bom sinal, especialmente porque o Cazaquistão
abriga mais de 90% da população global de saigas (Rússia, Mongólia e
Uzbequistão respondem pelo resto).
Há um grande esforço combinado
de organizações para salvar a saiga
A Fauna & Flora
International (FFI) está trabalhando com a Associação
para a Conservação da Biodiversidade do Cazaquistão (ACBK) e o governo do Cazaquistão
para monitorar a distribuição e o movimento das populações de saigas, a
fim de protegê-las dos caçadores furtivos. A Saiga
Conservation Alliance (SCA) está sediada no Reino Unido e é uma organização
não governamental sem fins lucrativos para a conservação da saiga em toda a sua
extensão e que atua há 15 anos no Usbezquistão.
A Wildlife
Conservation Network está trabalhando para restaurar as populações de saigas
em áreas ao redor do Mar
de Aral entre o Cazaquistão e o Uzbequistão, um antigo lago salgado que
secou no século 20 devido ao uso excessivo da água. Em 2018, o World
Wildlife Fund (WWF) estabeleceu uma rede de bebedouros artificiais para saiga
na Rússia usando uma série de poços artesianos abandonados.
A subespécie saiga da Mongólia
está em situação mais crítica devido seu pequeno número
A população da saiga da
Mongólia (Saiga tatarica mongolica) ainda se encontra em situação
alarmante ocupando apenas 27% de seus habitats anteriormente conhecidos. Em
2002 seu número total caiu para 800 indivíduos e vem se recuperando nas últimas
décadas graças ao apoio da Rede WWF
e da Fundação MAVA. Em janeiro de
2020 a população estimada era de 5.070 indivíduos, um número ainda baixo e
exposto a eventos aleatórios, necessitando de boas medidas de conservação. As
principais ameaças à saiga da Mongólia incluem doenças infecciosas -
zoonoses, mudanças climáticas - desastres naturais, sobrepastoreio,
caça furtiva e mineração irresponsável.
As mudanças climáticas foram
responsáveis pela grande mortalidade de saigas em 2015
Em artigo publicado na revista Science
Advances, de janeiro de 2018, pesquisadores relacionam as mudanças
climáticas aos eventos
de mortalidade em massa (MME – Mass mortality events, em inglês) de
animais. No artigo é relatada a devastação ocorrida em 2015 na população do
antílope Saiga (Saiga tatarica) no Cazaquistão. Naquele
ano, cerca de 200 mil Saigas, já criticamente ameaçadas de extinção,
morreram em apenas três semanas e suas carcaças ficaram distribuídas
uniformemente em mais de 20 quilômetros quadrados. Esse número representava cerca de 60% da
população mundial desses animais.
Os antílopes Saigas foram
vítimas de um MME, um único incidente catastrófico que elimina um grande
número de indivíduos de uma única espécie em curto período de tempo. Os MMEs
estão entre os eventos mais extremos da natureza. E, de acordo com os
cientistas que assinaram o artigo, os MMEs estarão aumentando e provavelmente
se tornarão mais comuns devido às mudanças climáticas.
Os cientistas identificaram a
contaminação do sangue como a causa da mortalidade e concluíram que o agente
causador é uma bactéria que normalmente vive inofensivamente nas amígdalas da
maioria dos antílopes Saiga. O estudo concluiu que o aumento da
temperatura ambiente para 37° C, associado à elevação da umidade do ar superior
a 80%, estimulou o crescimento do número de bactérias que passaram para a
corrente sanguínea, causando septicemia hemorrágica.
Futuros das saigas ainda é
incerto mas esses animais tem alto potencial de recuperação
Esses raros antílopes
podem ter um futuro incerto, mas a esperança não está perdida. As fêmeas de Saiga
geralmente dão à luz gêmeos, então a espécie tem um alto potencial de
recuperação quando as populações ficam muito baixas.
Restaurar o habitat perdido
para as mudanças climáticas e o desenvolvimento, bem como os corredores
de migração entre eles, aumentando a cooperação internacional, é essencial
para manter uma população global sustentável de saigas.
Fonte: Nature ,WCS Mongolia , CMS , A-z-animals, WWF Mongolia , Astana times ,Treehugger , Traffic ,Wildlife Conservation Network , Fauna & Flora International (FFI) ,DW , Digital Journal , The Guardian
Foto: Saiga tatarica tatarica - Navinder Singh