A ariranha (Pteronura brasiliensis) ou lontra gigante como também é conhecida. É a maior lontra do mundo, podendo chegar a 180 cm de comprimento e 32 Kg de peso. O corpo da ariranha é alongado, possui membranas interdigitais nas patas, orelhas pequenas e arredondadas e focinho coberto por pelagem curta de cor marrom. Cada indivíduo da espécie apresenta uma mancha pardo-amarelada única na região da garganta e pescoço, cuja forma permite a identificação individual dos animais. A espécie apresenta hábitos semiaquáticos, habitando diversos tipos de rios, córregos, lagos e florestas inundadas.
Ariranha tem ampla distribuição
nos países a partir do centro-norte da América do Sul
A espécie é endêmica da América
do Sul, mesmo tendo perdido até 80% de sua distribuição original ainda está
presente em vários países do centro-norte sul americano, sua abrangência atual
inclui: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana Francesa, Guiana, Paraguai,
Peru, Suriname e Venezuela. As três Guianas constituem importante reduto
de ariranhas na América do Sul, com habitat intocado desses
animais em alguns rios e boa densidade geral da espécie. No Brasil conta com populações
viáveis restritas apenas à região Amazônica e ao Pantanal.
Acredita-se que a espécie esteja extinta em toda a Mata Atlântica.
Maior ameaça atual à ariranha
é a perda de habitat
Entre as principais ameaças à ariranha,
historicamente a caça para o comércio de peles foi o principal fator
para o declínio das populações desse animal, entre 1960 e 1969 o Brasil
exportou oficialmente 20.000 peles deste mamífero. O couro de ariranha -
animal amazônico que mais sofreu com a caça comercial - costumava ser exportado
para os Estados Unidos ou a Europa, onde viraria casacos, chapéus e echarpes.
Na década de 1980 estavam à beira da extinção, com uma estimativa de
apenas 300 indivíduos existentes na natureza.
Contaminação dos rios com
pesticidas e mercúrio constituem ameaças atuais à ariranha
A degradação e perda de
habitat é a maior ameaça atual, seja pelo crescimento da colonização e
população humana ou mesmo pela conversão do solo em áreas de cultivo e pastagens.
A contaminação dos rios devido ao
uso de pesticidas na agricultura e à prática da mineração com a utilização
do mercúrio, constituem outras importantes ameaças. Atualmente, pode-se
mencionar ainda a perda e degradação do habitat por conta da construção
de hidrelétricas, e conflitos com pescadores, que consideram a interferência
da ariranha negativa durante a atividade pesqueira.
Todos esses fatores estão
diretamente relacionados à ação humana e têm contribuído para a redução do
número e da distribuição da ariranha. Estima-se que a população selvagem total
da espécie esteja abaixo de 5.000 indivíduos e que deve ocorrer uma redução
futura no tamanho da população em torno de 30% nos próximos 20 anos. A ariranha
está na Lista Vermelha da IUCN como estando em perigo
de extinção (EN).
Ariranha tem se recuperado e
voltado a muitos rios da Amazônia onde estava extinta
Após as restrições de caça, seus
números se recuperaram, as ariranhas estão retornando a rios da Amazônia. Os
últimos indícios da recuperação da espécie foram divulgados em artigo publicado
pela revista científica Biological
Conservation, a pesquisa analisou sinais da presença de ariranhas na bacia
do rio Içana, no noroeste do Amazonas, onde ela havia sido considerada extinta.
O estudo foi feito após outras pesquisas apontarem uma tendência de recuperação
da espécie em diferentes partes da Amazônia, como a bacia do Solimões e a
região da hidrelétrica de Balbina. No entanto agora as ariranhas enfrentam um
fator limitante que é a falta de peixes. Em todos os lugares da Amazônia, os
estoques de peixes estão diminuindo devido à pesca comercial excessiva.
Argentinos tiveram a surpresa
de um retorno inesperado da ariranha no ano passado
Está em andamento na Argentina
projeto de iniciativa da Fundação
rewilding de reintroduzir ariranhas em Iberá, na Província de
Corrientes para isso estão sendo preparados dois casais do animal que serão
soltos. Os exemplares para a soltura foram obtidos graças a um trabalho
conjunto entre o Programa de Espécies Ameaçadas
da Associação de Zoológicos e Aquários da Europa (EAZA), o Bioparque Doue-La-Fontaine e a Fundação rewilding Argentina. O
objetivo é incrementar o turismo de natureza baseado na observação de
vida selvagem na província, pois a ariranha tem hábitos diurnos o que facilita
sua observação.
Em maio do ano passado
conservacionistas argentinos comemoraram o primeiro registro de uma ariranha
selvagem na Argentina após mais de 40 anos, o ultimo avistamento ocorreu em
1980. Uma lontra gigante foi filmada no rio Bermejo, Parque
Nacional Impenetrável, localizado na província do Chaco,
no nordeste do país. Nesse rio em particular ela foi avistada pela última vez
há mais de 100 anos.
Foto: Ariranha_Fishtv