Uma das espécies mais sensíveis
às perturbações provocadas por humanos, a águia-imperial-Ibérica (Aquila
adalberti) é um exemplo vivo de recuperação de uma espécie através da
cooperação entre governos e organizações não-governamentais. Espécie
endêmica da Península Ibérica
seus números atuais não a afastaram do perigo da extinção pois existem
somente cerca de 500 casais reprodutores (censo de 2016) o que equivale a
aproximadamente 1.000 indivíduos maduros, indicando uma população total
equivalente a 1.450 indivíduos quando incluídos as aves jovens. Além do mais
habita uma área geográfica muito limitada.
Águia-imperial-ibérica é uma
ave imponente e de grande porte
É uma ave de rapina de
grande porte, podendo atingir 2,10m de envergadura, 80cm de comprimento e entre
3.5 e 5kg de peso, sendo as fêmeas sempre um pouco maiores que os machos.
Possui um bico e garras extremamente fortes e aguçados, e plumagens bastante
distintas ao longo dos primeiros anos de vida. Os adultos são identificáveis
pela sua cor castanho-escuro quase negro com um bordo branco que delimita as
asas a partir dos ombros, pela coroa(nuca) branca e pela cauda cinzenta com uma
barra terminal larga de cor preta.
A sua dieta é constituída por
mamíferos e aves de médio porte, com destaque para o coelho que pode
representar até 60% do total de suas presas. A pomba-torcaz (Columba
palumbus) e, em menor escala, os répteis também servem de alimentação para
as águias.
A população das
águias-imperiais-ibérica tem aumentada constantemente
Comparando com dados do passado a
situação tem melhorado muito. Na década de 1960 existiam somente 30 casais da águia-imperial-ibérica
que subiu para 38 casais em 1970 e para cerca de 200 pares em 2004.
Posteriormente a população aumentou para 485 casais, em 2015, sendo que 469 dos
quais na Espanha. Em Portugal a águia voltou em 2003 depois de mais de 20 anos
de ausência, desde então o número tem aumentado, em 2016 foram localizadas 16
áreas de nidificação.
Antes com população concentrada
no centro e sudoeste da Península
Ibérica, as águias tem expandido sua área de distribuição para o noroeste,
mais exatamente para Castilla e León, na Espanha. A população reprodutora nessa
região aumentou de 29 casais em 2005 para 101 em 2020.
Como resultado do aumento da
população da águia na Península
Ibérica, um número crescente de aves tem sido observado no Marrocos,
onde a espécie foi extinta desde a primeira metade do século XX.
Mesmo com o aumento da
população a águia ainda corre risco de extinção
A espécie é qualificada com vulnerável
(VU) na Lista
Vermelha da IUCN porque possui uma população ainda pequena, que depende de
medidas contínuas para mitigar o impacto de ameaças como eletrocussão,
envenenamento e disponibilidade insuficiente de alimentos, especialmente
coelhos. A análise de 267 registros de mortalidade não natural dessa espécie em
um período de 16 anos mostrou uma taxa média de 15,1 indivíduos que morreram
anualmente, sendo que eletrocussão (47,7%) e envenenamento (30,7%) foram as
causas mais frequentes de mortalidade.
Governos tem importante papel
na conservação das águias-imperiais
As notícias de recuperação da águia-imperial-Ibérica
são muito positivas, pois a população está aumentando constantemente devido às ações
de conservação em andamento, os envenenamentos diminuíram sensivelmente e foram
adotadas medidas de mitigação, pelos governos de Portugal e Espanha, para
reduzir a mortalidade associada a linhas de transmissão de energia. A
maior população de águias-imperiais-Ibéricas está concentrada na Comunidade Autônoma de Andaluzia,
na Espanha, e lá em 2020 ocorreram 138 nascimentos de filhotes de águia, o
segundo maior número após os 130 registrados em 2019. Para chegar a esse número
o governo da comunidade autônoma adotou uma séria de ações como: o fornecimento
de alimentação complementar em cinco territórios, a reparação de plataformas de
nidificação, o resgate emergencial de cinco filhotes e sua posterior soltura, a
instalação de transmissores GPS em 13 filhotes e a soltura de 3.350 perdizes em
17 fazendas em Sierra
Morena e outra em Granada
para reforçar a população de presas.
Esses números promissores devem
ser festejados, mas se deve considerar que há diversos fatores que podem
influenciar o aumento da população das águias e correr o risco de diminuir no
futuro. Doenças que afetam os coelhos, por exemplo, são um grande risco pela
predominância que detém na alimentação dessa formidável ave de rapina.
Fonte: Extinción animal,
Life Imperial,
Museu
Virtual Biodiversidade, Almargem, Stringfixer, Magreb Ornitho, Miteco,
Efe:
verde, Ecoavant
Foto: Águia imperial Ibérica_buhitter