No início dos anos 70 havia
registros de cerca de 20 exemplares de mutum de Alagoas (Pauxi mitu)
também conhecido como mutum-do-nordeste, em quatro fragmentos de
floresta. Desde então e a mais de quatro décadas, em 1979, foram capturados cinco
indivíduos. Desses mutuns recuperados, um macho e duas fêmeas conseguiram se
reproduzir em cativeiro em um criadouro científico em Nilópolis (RJ). Esses
três exemplares deram origem à única linhagem responsável por levar adiante o
DNA do animal extinto na natureza.
Mutum-de-Alagoas foi extinto
na natureza
O Mutum-de-alagoas é atualmente
classificado como “Extinto na Natureza” a nível nacional, pelo Ministério
do Meio Ambiente, e internacional, pela União Internacional para a Conservação
da Natureza (IUCN).
O mutum-de-Alagoas é a ave
de maior porte encontrada em toda a Mata Atlântica da região Nordeste. Ele mede
entre 80 e 90 centímetros de comprimento e tem uma plumagem em tons de preto e
azul. Originalmente ele podia ser encontrado ao longo dos estados de Pernambuco
e Alagoas.
O desmatamento para o
plantio da cana-de-açúcar na região e a caça ilegal fizeram com que o mutum desaparecesse.
O último registro de indivíduos observados livres na natureza foi feito no ano
de 1987. Desde então, sobraram pouquíssimas aves no Brasil, e apenas, em cativeiros.
Reprodução e soltura do
mutum-de-Alagoas no ambiente natural
Ao longo das últimas décadas,
diversas organizações realizaram um trabalho de reprodução de sucesso e
aumentaram a população para cerca de uma centena de exemplares puros da espécie
mantidos pela Crax Brasil –
Sociedade de Pesquisa da Fauna Silvestre, um criadouro de Contagem, na Região
Metropolitana de Belo Horizonte. O número muito citado de 200 exemplares se
refere a híbridos e puros espalhados por diversos centros no Brasil e exterior.
A preocupação da comunidade científica é garantir que os exemplares
reintroduzidos sejam todos puros.
A soltura do mutum-de-Alagoas
em seu habitat original teve início em setembro de 2019 quando três casais
dessa espécie foram soltos na Reserva Particular do Patrimônio Natural
(RPPN) Mata do Cedro, no município de Rio Largo, próximo à cidade de
Maceió. Esses mutuns vieram do criadouro
Crax Brasil. Durante doze dias ficaram em viveiro construído na mata, em
uma fase de aclimatação, e depois, foram liberados na reserva. Depois de soltos
as aves estão sendo monitoradas com a utilização de rádio transmissor instalado
nelas, tendo como maior preocupação evitar a caça ou captura do
animal.
Ave é importante para
manutenção da floresta
O mutum-de-alagoas tem uma
função importante no equilíbrio de seu ecossistema. É um grande dispersor
de sementes na mata, ao se alimentar de frutos caídos no chão. Sua ausência
na natureza afeta toda a biodiversidade, uma vez que árvores como a mirindiba, que produz um dos frutos
mais apreciados pelo mutum, tem grande dependência dele para a sua
disseminação. Uma das consequências da ausência dos mutuns na floresta é a própria
diminuição destas árvores.
Em 2017 o governo estadual de Alagoas
oficializou o Pauxi mitu como ave-símbolo do Estado.
Fonte: MPAL, ICMbio, Agência Alagoas,Mongabay, Conexão planeta, Pesquisa Fapesp, Gazeta do Povo, CRBio 08, Marechal notícias, Painel notícias, ECOAUOL
Foto: Mutum-de-Alagoas-Gazeta do Povo