Programa de recuperação da iguana jamaicana é modelo de sucesso


 A recuperação da iguana jamaicana (Cyclura collei) é considerada uma das maiores histórias de sucesso da ciência da conservação. Considerada extinta desde a década de 1940, uma pequena população foi descoberta em 1990 na remota floresta tropical seca de Hellshire Hills, no sul da Jamaica. Por mais de 20 anos, grupos conservacionistas locais e internacionais trabalharam arduamente para reconstruir a população dessa espécie endêmica.

Principal causa do declínio da iguana jamaicana foi a predação por espécies invasoras

Listada como criticamente ameaçada na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN, a população de iguanas jamaicanas foi dizimada por uma combinação de perda de habitat e predação por espécies exóticas invasoras. O desenvolvimento agrícola e urbano, juntamente com a extração de madeira para a produção de carvão, degradou e fragmentou o habitat da floresta tropical seca de Hellshire Hills onde vive a iguana jamaicana. Onde o habitat ainda está em ótimas condições, cães, gatos selvagens, porcos selvagens e o mangusto impedem a existência da iguana, impactando todo o ecossistema da floresta.

A única causa direta para o declínio da iguana jamaicana pode ser atribuída à introdução do pequeno mangusto asiático (Urva auropunctata ) como uma forma de controle de cobras. O mangusto passou a se alimentar de iguanas recém-nascidas como fonte primária de alimento. A maior ameaça atual à existência dos animais não vem mais da disseminação do mangusto, mas da indústria do carvão. Os queimadores de carvão dependem de árvores de madeira de lei das colinas de Hellshire para fazer o produto.

Programa de recuperação da iguana teve início logo após sua redescoberta

Após sua redescoberta em 1990, um estudo mostrou que havia apenas 50 sobreviventes do iguana. Em função da ameaça de extinção, desde que o primeiro espécime vivo chegou ao Hope Zoo Kingston, no mesmo ano, teve início o programa de recuperação da iguana jamaicana, no qual uma parte dos filhotes de ninhos selvagens foi coletada e criada em cativeiro até atingir tamanho corporal grande o suficiente para evitar a predação de mangustos. O trabalho resultou no lançamento de 175 iguanas de volta à natureza de 1996 a 2012.

Um passo importante no processo de recuperação foi a criação do  Jamaican Iguana Recovery Group [JIRG]) como um esforço colaborativo, entre muitas organizações locais e internacionais, para estabelecer uma população estável de iguanas em Hellshire Hills e investigar locais para reintrodução. O International Iguana Foundation e o Fort Worth Zoo são membros ativos do JIRG desde seu início. Este programa de conservação também é financiado pelo Programa de Pequenas Doações do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).  

O Hope Zoo Kingston teve e tem papel fundamental na recuperação da iguana

Por quase 30 anos, o JIRG trabalhou para construir uma população estável em Hellshire Hills por meio de pesquisas intensivas, controle de espécies invasoras e um programa de soltura controlada tendo como base a população do animal mantido no Hope Zoo. Essa perseverança resultou em um aumento significativo na população que em fevereiro de 2020 chegaram a cerca de 500 exemplares.

Desde o início de sua redescoberta, o Hope Zoo Kingston tem um papel fundamental abrigando centenas de filhotes de iguana da natureza por aproximadamente cinco anos, ou até que estejam em um tamanho para serem reintroduzidos. Este programa de recuperação do Hope Zoo é reconhecido mundialmente como uma história de sucesso da conservação moderna. O zoológico que é operado pela Hope Zoo Preservation Foundation, recebeu uma doação do Global Environment Facility Small Grants Programme, que foi implementada pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD)

Zoológicos do exterior tem contribuído para o sucesso da recuperação da iguana

Um consórcio de doze zoológicos dos EUA, doou e construiu instalações no Hope Zoo, usadas para a criação de ovos e filhotes trazidos da natureza. De dentro da segurança deste ambiente, eles são criados até que sejam grandes o suficiente para sobreviver na natureza. Em 1994, uma população cativa fora da Jamaica foi iniciada com a exportação de 12 iguanas para três instituições dos EUA (Zoológico de Indianápolis, Zoológico de Fort Worth e Zoológico Gladys Porter) que posteriormente incluiu outros zoos.

A Jamaica está conseguindo ter de volta seu maior vertebrado terrestre nativo. Antes da reintrodução de iguanas adultas e da implementação de um programa de captura de mangustos, jovens e filhotes nunca foram vistos. Ainda é uma espécie altamente dependente da conservação que se beneficia do compromisso do governo com a Convenção sobre Diversidade Biológica e os esforços de muitas organizações que se mobilizam para tornar realidade a volta definitiva da iguana jamaicana à natureza.

Fonte: Zeroextincion, IUCN-ISG, Jamaica-gleaner , Jamaica Observer , International Iguana Foundation

Foto: Iguana Jamaicana - Gleaner