O desmatamento aproxima a Harpia da extinção

                                                                                                                                                               A população de uma das maiores espécies de águia do mundo está diminuindo rapidamente devido ao desmatamento da Amazônia. Essa é uma das conclusões do  estudo publicado na revista Scientific Reports no último dia 30 de junho, coordenado por Everton Miranda e que pesquisou a situação da Harpia (Harpia harpyia) na Amazônia brasileira. Participaram pesquisadores das Universidades: Federal de Mato Grosso, Federal de Santa Catarina e de Brasília (UNB).

Gustavo Di Melo - via wikimedia commons

 

Na pesquisa, os cientistas estimaram quanta devastação as harpias conseguiam tolerar e observaram que, nas áreas desmatadas, eram encontradas menos presas e de menor peso. Também descobriram que as harpias não buscaram presas alternativas. Em locais com 50 a 70% de desmatamento, três águias morreram de fome, e nenhum ninho foi encontrado em áreas mais de 70% devastadas. Concluíram que o nível de desmate máximo que as harpias suportam ao seu redor a ponto de gerar filhotes e alimentá-los é de até 50% de perda de vegetação nos arredores do ninho.

O grupo de pesquisa reconhece que a espécie está declinando, e o estudo mostra o mecanismo que causa essa redução. Há um processo de perda de habitat, na Amazônia, produzido sobretudo pela criação de gado. Com isso, diversos animais terminam com seus ninhos em locais que já não dispõem de bastante área florestal para providenciar alimento para eles.

Felizmente há projetos em andamento que procuram reproduzir as harpias para poder soltá-las no ambiente natural. É o caso da Itaipu Binacional que mantém um Programa de Reprodução da Harpia mantido pela usina. Em decorrência do trabalho desenvolvido, em abril de 2020 comemorou-se a chegada do 50º.filhote de águia nascido no cativeiro mantido pelo Programa.

O plantel do programa conta com 36 aves. A alta taxa de nascimentos permite que sejam fornecidos espécimes para várias instituições ambientais no Brasil e no exterior. O detalha é que para a exportação é permitido somente o envio de animais de 2ª. geração, ou seja, de filhotes de pais nascidos em cativeiro.

O objetivo é a devolução das aves nascidas em cativeiro à natureza. O que implica num trabalho minucioso que começa por criar um recinto no meio da floresta, longe do contato humano, colocar presas vivas para as aves caçarem expondo-as cada vez mais a situações naturais, como procura de comida ou a falta de proteção contra a chuva e do sol. O Programa está em contato com outras instituições para encontrar locais onde seriam feitas estas solturas.

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Foto: Gustavo Di Melo,via Wikimedia Commons